domingo, 9 de setembro de 2012

EIS QUE SE CONSOLIDA O NEOADVENTISMO! A "NOVA SEMENTE"

Fachada da nova Igreja Adventista do Sétimo Dia
 "Nova Semente", acima, o símbolo da igreja tradicional.
Recentemente, quando voltava da universidade, um amigo de longas datas me ofereceu carona, que claro, aceitei. Afinal, economizar é uma missão de cada universitário que depende, por exemplo, do transporte público.

No trajeto, falamos dos velhos tempos, perguntei-lhe sobre seus familiares e finalmente, sobre a igreja da qual faz parte e da qual também, um dia fui membro atuante.

Foi quando ele me fez uma pergunta que me deixou curioso: você já ouviu falar da Nova Semente? Eu respondi que não, estava tão desatualizado desse mundo sacro, que emendei umas perguntas: é o que? Mais uma denominação protestante chegando à cidade? Você está deixando sua igreja antiga?

A resposta dele foi intrigante: “não, é o nome da nova congregação Adventista do Sétimo Dia que está sendo construída em uma área nobre da cidade!” Fiquei em silêncio por alguns instantes, sem entender direito o que estava ouvindo, depois pedi que me falasse mais sobre aquilo tudo. Ele foi me explicando que a tradicional Igreja Adventista do Sétimo Dia estava com uma nova proposta de evangelização, decidiram que, se quisessem ganhar a chamada classe “A” da sociedade brasileira, deveriam dar uma nova roupagem no seu modelo de culto, suas músicas, suas pregações, a estrutura física do templo e por aí vai.

Para mim foi um desses momentos em que pude perceber como o estudo das ciências sociais é importante, especialmente, neste caso, a sociologia. Esta ciência consegue quase que instantaneamente nos situar diante de uma notícia destas, especialmente quando você conhece toda a proposta de um grupo social, que é o meu caso, pois durante muito tempo conheci de perto a organização Adventista do Sétimo Dia.

Para entender essa “nova roupagem” da fé Adventista, é necessário mergulhar um pouco no mundo pentecostal e entender como surgiu o neopetencostalismo, especialmente no Brasil.

O sociólogo Ricardo Mariano, pesquisou durante muito tempo esses movimentos religiosos no Brasil, e, em seu livro “Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil”, Edições Loyola, 1999, ele analisa que no Brasil da década de 1930 em diante, os pentecostais enfatizavam que sua proposta era ajustar e integrar uma classe social que estava, muitas vezes à margem do desenvolvimento do país, vivendo com baixos salários, em péssimas moradias e condições de saúde para lá de temerosas.

Neste tempo, no Brasil, acontecia um grande fluxo migratório de famílias que saiam da zona rural para os centros urbanos, muitas vezes iletrados, sem profissão que fosse útil na cidade, ou que ao menos garantisse um salário mais digno, somando ao rápido processo de urbanização destas cidades, para os pesquisadores, isto muito favoreceu o êxito pentecostal no que pode ser chamado de contexto urbano-industrial.

E quais eram as suas poderosas armas? Solidariedade entre os irmãos de fé, auxílio mútuo, ressocialização, reorientação de conduta concomitante com a revisão de seus valores e sua interpretação de mundo que agora, deveriam estar de acordo com preceitos bíblicos impostos pela comunidade sectária. Uma situação que implicava em o individuo levar uma vida fortemente contracultural, sectária e ascética, algo como rejeição e desvalorização do mundo, o que fez com que, como nos indica Weber, quando se refere ao mundo como habitat de todos os homens e que, portanto, estão sujeitos a todas as suas tentações, os indivíduos pentecostais para se ver “protegidos” deste  mundo, criaram para si, verdadeiros mosteiros (igreja e casa) e neles se fechando, saindo apenas para trabalhar, para ganhar o pão.

Isto, que durante os primeiros 40 anos do pentecostalismo não representava problema algum, uma vez que seus membros eram na grande maioria, oriundos das camadas mais pobres da sociedade e, por isso mesmo, acostumados com uma vida simples.

A partir de meados dos anos 1970 esse modus vivendi passou a ser um entrave no crescimento e desenvolvimento do pentecostalismo no Brasil. Membros destas igrejas ascéticas perceberam que, em um mundo capitalista, em uma sociedade de consumo, continuar exigindo que os fiéis se distanciassem das boas coisas que o mundo oferece, como conforto, riqueza, lazer, moda, ritmos e cores, achando que isto tudo é tentação e pecado, não era saudável para o seu propósito de crescimento no país, a partir deste momento e a partir da releitura estadunidense da religião pentecostal, surge e desenvolve-se de modo explosivo o neopentecostalismo no Brasil, que como escreveu Mariano (1999: 221) “transformou as tradicionais concepções pentecostais acerca da conduta e do modo de ser do cristão no mundo”.

Para o neopentecostalismo, ser cristão tornou-se o meio primordial para permanecer liberto do Diabo e obter prosperidade financeira, saúde e triunfo nos empreendimentos terrenos, ou seja, manter uma boa relação com Deus passou a significar o mesmo que se dar bem na vida.

A diferença então do crente pentecostal para o crente neopentecostal para encurtar nosso papo, é que, o primeiro grupo continua com uma postura tradicional sectária e ascética, embora já com certas permissividades, enquanto o segundo grupo passou a estabelecer sólidos compromissos com o mundo, com seus valores hedonistas, com seus interesses materialistas e com seus prazeres.

Veja, no entanto que, o neopentecostalismo não abriu mão totalmente das vertentes pentecostais, continua com suas funções nomizadoras e mantém ferrenha luta contra o Diabo, contra a carne e o mundo. Mas é inegável que o fervor apocalíptico desses religiosos esfriou, embora continuem acreditando no segundo advento do Cristo, quando acreditam que serão arrebatados aos céus para viver eternamente com Deus.

Voltando então à “nova roupagem adventista” com sua Nova Semente”, o que vemos, ao observar o que acontece no seio da igreja, é que, com o rápido desenvolvimento da tecnologia, permitindo que o conhecimento se alastre de forma veloz e fácil, com o despertar das pessoas, especialmente membros de uma igreja que tem características ascéticas e fundamentalistas, e que se tornaram críticos e exigentes, a própria sociedade brasileira com sua nova classe média tendo acesso mais fácil a processos de conhecimento coloca na berlinda determinadas formas de pensar e liderar.

A igreja então se viu num momento semelhante ao pentecostalismo dos anos 1970, estagnou-se apesar dos esforços evangelísticos empreendidos, basta analisar o resultado do último senso do IBGE, como o crescimento do adventismo no Brasil chegou às raias da insignificância, em algumas regiões chegou mesmo a regredir.

Ficou claro para a liderança desta igreja, que se manter distante da nova realidade social é o mesmo que assinar um atestado de óbito. No entanto, como mudar organicamente uma igreja secularmente tradicional e fundamentalista? Ou seja, era de fato, um beco que aparentava sem saída.

Se causaria escândalo implantar dentro de uma instituição com estas características um novo modelo e uma nova concepção de adoração a Deus, fazer isto de modo paralelo, poderia ser menos danoso e com isso surge, com status de salvadora da pátria, com um nome bastante sugestivo a “Nova Semente”, que na compreensão sociológica nada mais é do que o neoadventismo.

Mas notem, no caso do neopentecostalismo ele não surgiu coexistente com o pentecostalismo. Não no sentido tempo e espaço, ele surgiu de dissidentes que perceberam: o modelo pentecostal de praticar religião não conseguiria manter na nova realidade social, seu crescimento avassalador como foi nos anos 1930-70. Mas no adventismo, o neoadventismo surge de modo orgânico, e por isso é estranho e causa confusão em boa parte de seus membros, muitos deles nascidos e crescidos no sistema tradicional, ou seja, não é simples para estes membros aceitar que nesta nova Igreja Adventista, haverá um nível de liberalidade nunca antes visto na história da igreja, pelo menos no Brasil, e principalmente, a proposta de ser uma congregação destinada para a classe “A” da sociedade, isto é demais para membros que cresceram acreditando em um Deus que não faz acepção de pessoas e que não está interessado em suas riquezas mas sim, em seu coração. Ainda que a liderança diga que esta é uma experiência evangelística inovadora e importante para a própria manutenção da igreja no sentido de existência.

Trocando em miúdos, se analisarmos de modo biológico, como fez Durkheim ao buscar entender o funcionamento da sociedade, a igreja “Nova Semente” é andrógena, uma vez que faz parte da igreja tradicional, mas ao mesmo tempo nega, ou ao menos, esconde sua origem, fazendo muitas coisas contrárias ao tradicionalismo. Diremos então que há aí uma esquisitice.

Se trocarmos mais em miúdos ainda, esta nova identidade adventista se vale do engodo, a primeira, e é triste só em pensar, a de deixar evidenciado para seus quase 30 milhões de membros ao redor do mundo, membros estes tradicionais, que tudo que viram e ouviram ao longo de suas vidas foi um equívoco, na verdade a verdadeira forma de se adorar a Deus é esta que agora é apresentada, ou seja, foram enganados.

A segunda, não menos negativa é que os novos membros ricos que farão parte da “Nova Semente” serão posteriormente encaminhados para o formato de culto tradicional, modelo que a igreja acredita, é a verdadeira forma de adorar a Deus, ou seja, também serão enganados...bom, é melhor dizer: catequizados!

Do ponto de vista da sociologia, os líderes da Igreja Adventista precisam tomar muito cuidado, pois a depender de como a ideia chega aos seus membros, pode surgir na sociedade, pelos menos entre os fiéis adventistas, um caso de apartheid religioso protestante escancarado numa sociedade de desigualdade social. Quando é possível pensar no quadro que se pinta: “igreja para rico” X “igreja para pobre”.

Bom, para mim, fica aquela certeza impávida, nosso bom e velho Max Weber tinha razão quando escreveu: “Do ut dês é o dogma fundamental, por toda parte. Esse caráter inere à religiosidade cotidiana e das massas de todos os tempos e povos e também de todas as religiões. O afastamento do mal externo e a obtenção de vantagens externas, ‘neste mundo’, constituem o conteúdo de todas as ‘orações’ normais, mesmo nas religiões extremamente dirigidas ao além’ (Weber, 1991:293).

E para fechar, um texto publicado pelo jornalista José Simão, na Folha de São Paulo em 1/10/1991. “E a melhor piada do fim de semana foi a do Chico Anysio na ‘Escolinha do Professor Raimundo’. Um cara tava na frente de uma dessas igrejas de crente e a mulher falou: entre, meu irmão. E o cara responde: ‘não posso, tô duro’”.

Definitivamente, no olhar dos teólogos modernos, mais do que nunca, Deus é cada vez mais capitalista! E ele tem preferência pelos endinheirados, tanto que os trata bem melhor que os pobres coitados. É como dizia Salomão: “Tudo é vaidade”.

QUEREMOS UM ESTADO A SERVIÇO DO POVO

Reprodução da carta do movimento “Grito dos/as excluídos/as” do último 7 de setembro em Itabuna-Bahia.

 
Em primeiro lugar, este não é mais um panfleto de candidato à próxima eleição por isso, pedimos. Leia até o final.

Este ano aproveitamos o momento do Grito dos Excluídos - 07 de setembro, para denunciar e exigir que providências sejam tomadas no sentido de conter o aumento assustador da violência e da corrupção na cidade de Itabuna. É uma tristeza imensa para todos os cidadãos itabunenses, figurarmos sempre na mídia nacional como uma das cidades mais violentas do Brasil. Aqui, faltam políticas sociais efetivas por parte do poder público e ações concretas de combate à violência por parte do governo baiano.
Nossa cidade tem registrado mais de 200 homicídios por ano, o que, para alguns especialistas no assunto, é índice de cenário de guerra, superiores inclusive aos registrados atualmente na Síria, país envolvido em uma guerra civil.

As causas da violência em Itabuna são inúmeras. Mas podemos apontar como principais as seguintes: falta de emprego e oportunidade para os mais jovens, consumo e tráfico de drogas, sobretudo o “crack”, desagregação familiar, falta de políticas públicas com foco na socialização dos jovens por meio da cultura, do esporte, e do lazer. Diante desse cenário somos desafiados a refletir e agir frente à violência que tem afetado de maneira devastadora grande parte da sociedade brasileira, sobretudo a juventude, que se vê vulnerável em uma estrutura social de desigualdades.

A situação caótica da saúde no município também nos assombra, esta convive sem investimentos que venham garantir a dignidade no atendimento à população, o constante jogo de acusação (Governo municipal x Governo estadual) sobre os recursos, sobre a gestão plena, piora mais ainda o atual quadro de descaso contra a população que necessita por exemplo, recorrer ao Hospital de Base em busca de atendimento. Reivindicamos o direito a saúde para todos os itabunenses, com qualidade no atendimento, respeito aos profissionais e investimentos de 10% do orçamento da união para a saúde pública. Gritamos não ao sucateamento e a privatização dos serviços públicos. Queremos um Estado a serviço do povo e não do mercado que visa unicamente o lucro.

As recentes greves dos servidores públicos, em especial dos professores que durou 115 dias, deixaram muito claro como o executivo baiano trata os direitos dos cidadãos (ãs). A falta de docentes e as péssimas condições de trabalho, salários defasados, autoritarismo e a falta de sensibilidade nas negociações, toda essa situação nos mostra a inexistência de uma política pública estadual para um setor que, sem a devida atenção, contribui com o alto índice de analfabetos – 1,7 milhão – e a grande evasão escolar no Estado. E mais uma vez o grande prejudicado é a juventude do nosso município e do Estado.

Não é possível também permitir a continuidade do quadro de corrupção que se instalou no município capitaneado em especial pela Câmara de Vereadores constantemente denunciada por esta prática maléfica e incentivada pela sensação de impunidade que hoje vem acontecendo: o envolvimento de vereadores em uma rede de fraudes em processos licitatórios que tinham como objeto a contratação de serviços para o legislativo, a adulteração de contracheques de servidores que pretendiam obter empréstimos junto aos bancos. Essa corrupção se alastra e atinge outros setores da sociedade itabunense por conta da impunidade, uma vez que um conceito está amarrado ao outro.

Os blogs, os sites, os informativos e a imprensa em geral, têm denunciado constantemente as mazelas da Câmara de Vereadores e o descaso do poder público com a segurança pública, já que Itabuna bate recordes de assaltos e assassinatos a cada dia. Mas, providências concretas, não são tomadas. É sempre aquele jogo de empurra-empurra (Município – Estado- União) e o povo continua sendo prejudicado.
Estamos aqui para gritar: “queremos um Estado a serviço do povo – chega de violência e corrupção em Itabuna”. Junte-se a nós e grite também pelos seus direitos.

Itabuna (BA), Avenida Cinquentenário – 07 de setembro de 2012.

Assinam este Manifesto: Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Santa Cruz, Comunidades Eclesiais de Base, Comissão Pastoral da Terra, Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas,  Conselho de Cidadania Permanente, Conselho Indigenista Missionário, Encantarte, Grupo de Mulheres do Parque Boa vista, Levante Popular da Juventude, Movimentos Cursilhos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A justiça é verdadeiramente cega? Eliana Calmon é substituída no Conselho Nacional de Justiça

No melhor estilo "faça o que eu mando mas não faça o que eu faço", o Conselho Nacional de Justiça, o CNJ, substituirá a corregedora Eliana Calmon, a única que nas últimas décadas teve a coragem de contestar o modelo de "justiça" praticado no país e escancarou para todo o país e o mundo, suspeitas falcatruas que acontecem nas entranhas do Poder Judiciário. Esse episódio deixa claro, mais do que nunca, como a justiça brasileira está a serviço de uma minoria. Mais uma vergonha para o Brasil. E ainda dizem que a justiça é cega.

Corregedora deixa CNJ sem conseguir processar juízes

Em sua despedida do cargo de corregedora nacional de Justiça, a ministra Eliana Calmon fracassou ontem na tentativa...

Do Estadão

Em sua despedida do cargo de corregedora nacional de Justiça, a ministra Eliana Calmon fracassou ontem na tentativa de abrir processos contra juízes e desembargadores suspeitos de envolvimento com omissões, irregularidades e atos de corrupção. Tida como rigorosa, Eliana será substituída amanhã, na Corregedoria, pelo ministro Francisco Falcão - também lotado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Dez pedidos de vista feitos por integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) interromperam o andamento de processos que já estavam prontos para serem julgados. Eles se referiam a suspeitas, por exemplo, de incompatibilidade de rendimentos com o patrimônio de magistrados. Os novos casos serão assumidos pelo futuro corregedor-geral, Francisco Falcão, empossado ontem.
Em um desses casos, Eliana disse que um desembargador de Mato Grosso do Sul não conseguiu dar explicações plausíveis para sua movimentação patrimonial, entre 2003 e 2008, com créditos de R$ 33 milhões.
Em outra investigação, Calmon defendeu a abertura de processo contra um desembargador de Roraima suspeito de várias irregularidades, como aquisição de bens incompatíveis com a renda e nomeação de filhas para cargos em comissão no Executivo.
Também foi adiada uma decisão sobre pedido de apuração de suposta omissão do ex-presidente do TJ do Rio, Luiz Zveiter, em conceder escolta à juíza Patrícia Acioli. A magistrada foi assassinada há um ano em Niterói. O adiamento foi pedido pelo advogado do desembargador, Márcio Thomaz Bastos.
Em seus dois anos como corregedora, Eliana Calmon desentendeu-se com vários integrantes dos tribunais. Um desses casos ocorreu no ano passado e envolveu o então presidente do STF, Cezar Peluso. Dias antes, Eliana tinha dito que havia "bandidos de toga" no Judiciário.
Ao despedir-se, ela afirmou que teve a oportunidade de "conhecer as entranhas do Judiciário". Destacou o fato de ter conseguido fazer uma inspeção no TJ de São Paulo.
"Decidi calçar as botas do soldado alemão e ir a São Paulo fazer a inspeção. Daquele dia em diante, coisas destravaram lá dentro", declarou. "Na parte disciplinar fui duríssima", disse ao fazer um resumo de sua gestão.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Formação superior: aprendendo a fazer ou reproduzindo o que já foi feito?

Oi gente!
Não é fácil chegar a uma reta final. Depois de um longo período nas cadeiras de uma universidade, ouvindo discursos e mais discursos, nós mesmos empreendendo alguns, chegar ao último semestre, vésperas de despedida da vida acadêmica, pelo menos nessa primeira fase dela, é algo que muito nos alegra, mas, também, nos faz refletir. E quando assim fazemos, alguns questionamentos surgem imediatamente: aprendemos o que nos foi dito e repetido inúmeras vezes, através de aulas expositivas, seminários e cansativas leituras? Seremos protagonistas a partir de agora ou repetidores de teorias antigas  e extremamente vasculhadas por tantos e tantos que estiveram ali antes de nós? O que este grande número de páginas lidas, estudadas, resenhadas, criticadas poderá colaborar para nos fazer pessoas diferenciadas em uma sociedade já brutalmente heterogênea em amplos sentidos? São perguntas que imediatamente nos fazem olhar para trás e pensar: como conduzi ou foi conduzida a minha formação nesse espaço acadêmico? Como foi minha relação com a instituição, com os professores, com os colegas, com as disciplinas? Passiva diante do que foi colocado para mim, ou ativa diante das dúvidas que surgiam no cotidiano? Como me portei diante da possibilidade de adquirir e produzir conhecimento? Conservador-regressivo no sentido de não correr riscos e dar-se por satisfeito em repetir o que já foi posto? Ou reformista -progressista no sentido de buscar algo novo, o inédito, com o objetivo claro como vimos em Movimentos Sociais de contribuir para melhorar a estrutura acadêmica com a qual convivemos? Ou será que nos contentaremos com aquela máxima onde não importa o que penso, mais vale o que o teórico “fulano de tal” de um século remoto afirmou?

Recebi um texto enviado pelo professor Nelson Tomazi e que também está no Facebook que remete a estas questões. Intitulado "Coronelismo Intelectual" autoria da filósofa Marcia Tiburi e que foi publicado inicialmente na Revista Cult, no portal UOL, que vale muito a pena lermos. Tantos os colegas que iniciam sua reta final neste semestre como para os colegas que seguem seu caminho rumo à conclusão de um curso que aprendemos a gostar e que sem dúvida alguma, pode muito contribuir para que sejamos pessoas ainda melhores, pois penso, é isto que buscamos. Como também, aos docentes, responsáveis para nos indicar o caminho do conhecimento e que também, algumas vezes, eles mesmos caem na tentação de continuar reproduzindo uma educação retrógrada, bancária, onde o estudante não consegue ser protagonista, é apenas um aluno, no sentido etimológico da palavra, “sem luz”. Boa leitura e boa reflexão para tod@s!

Eis o texto:

Podemos chamar de “coronelismo intelectual” a prática autoritária no campo do conhecimento. Este campo é extenso, começa na pesquisa científica universitária e se estende pela sociedade como um todo, dos meios de comunicação ao básico botequim onde ideias entram em jogo.
Coronelismo intelectual é a postura da repetição à exaustão de ideias alheias. A reflexão só atrapalharia, por isso é evitada.
Encarnação de prepotente eloquência, o paradoxo do coronelismo é alimentar uma ordem coletiva de silêncio em que o debate inexiste, o culto da verdade pronta ou da ignorância é a regra, bem como a apologia ao gesto de falar sem ter nada a dizer, que culmina no discurso tão vazio quando maldoso da fofoca, versão popular do eruditismo.
Não há muita diferença entre a mesa de bar e a mesa-redonda dos acadêmicos parafraseando qualquer filósofo clássico apenas pelo amor ao fundamentalismo exegético.
Enquanto todos falam sem nada dizer, ajudados pelo jornalista que repete o que se entende pela sacrossantificada “informação”, mercadoria da contra-reflexão atual, os coronéis podem comentar que os outros é que não sabem nada e praticar o “discurso verdadeiro” em seus artigos estilo “mais do mesmo”, moedinha cadavérica com que se enche o cofrinho das plataformas de medição de produtividade acadêmica em nossos dias.
O coronelismo intelectual infelizmente segue forte na filosofia e nas ciências humanas, na verdade dos especialistas, tanto quanto na dos ignorantes que se separam apenas por titulação ou falta dela. Professores e estudantes, sábios e leigos, todos se servem metodologicamente dos frutos dessa árvore apodrecida. A prática do pensamento livre que se autocritica e busca, consciente de sua inconsciência, seu próprio processo de autocriação talvez seja a contraverdade capaz de cortá-la pela raiz.
Intelectual serviçal
Eis a cultura do lacaio intelectual, do bom serviçal sempre pronto à reprodução do mesmo. Nela, a boa ovelha especialista em assinar embaixo as verdades do senhor feudal que um dia as emitiu num ritual de sacralização já não é fácil de distinguir do lobo. A semelhança entre o puxa-saco, o crente e o líder paranóico que o conduz revela a verdade do mimetismo. Os seguidores dos líderes, de rabinho entre as pernas, latem para mostrar que aprenderam bem o refrão.  Abanam as asas ao redor da lâmpada esperando que ela também fique onde está, do contrário não saberiam o que fazer.
As consequências do coronelismo em um país de antipolítica e anti-educação generalizadas como este é algo ainda mais grave do que o medo de pensar. É o fato de que já não se pensa mais. A ausência de debate não é medo de expor ideias, mas a falta delas. Inação é o corolário da impossibilidade de mudar, porque o campo das ideias onde surge a vida já foi minado. O coronel ri sozinho da impossibilidade de mudanças, pois ele ama a monocultura enquanto odeia o cultivo de ideias diferentes ou de ideias alheias. O autoritarismo intelectual não é feito apenas de ódio ao outro, mas da inveja de que haja exuberância criativa em outro território, em outra experiência de linguagem. Conservadorismo é seu nome do meio.
Coronelismo não é simplesmente a zona cinzenta onde não podemos mais distinguir o ignorante do culto, mas a política generalizada introjetada por todos – salvo exceções – pela letal dessubjetivação acadêmica da qual somos vítimas enquanto algozes e que, no campo do senso comum, surge como robotização e plastificação das pessoas entregues como zumbis aos mecanismos do nonsense geral, que, é preciso cuidar, deve ser aparentemente desejável pela liberdade de cada um.
Contra a escravidão intelectual somente um contradesejo pode gerar emancipação. A prática da invenção teórica, a liberdade da interpretação e de expressão nos obrigam a ir contra os ordenamentos da ditadura micrológica do cotidiano, em que a lei magna reza o “proibido pensar”. A direção, como se pode ver, parece que só se encontra, atualmente, no desvio dos caminhos dados.

terça-feira, 31 de julho de 2012

AS VÁRIAS FACES PROFISSIONAIS DO CIENTISTA SOCIAL

Em janeiro de 2011, publiquei no blog "Sociologia Hoje" do curso de Ciências Sociais da UESC, um post intitulado, "O que faz um Cientista Social?". Na época senti a necessidade de difundir e mostrar para a sociedade de modo geral qual a importância deste profissional. Não há, nas relações de profissões reconhecidas pelo Ministério do Trabalho no Brasil, a profissão Cientista Social, no entanto, o profissional carrega esse título porque reúne em si, a responsabilidade de responder por três importantes áreas do conhecimento, a saber: Antropologia, Ciência Política e Sociologia. A depender do modo como esse profissional é instruído na fase de formação na universidade ele é direcionado para uma dessas áreas. Na Universidade Estadual de Santa Cruz, o curso é uma licenciatura, tem ênfase em pesquisa, uma vez que contempla disciplinas voltados para o trabalho empírico, mas a habilitação do curso é mesmo o ensino de Sociologia, sem dúvida.
No entanto, pelo modo como é organizada a grade curricular, o curso nos habilita a adentrar nas três áreas anteriormente citadas, com o desafio de, se querermos algo aprofundado, teremos que partir para o conhecimento ampliado em um mestrado ou doutorado. No entanto, trata-se de um dos mais importantes cursos que a UESC oferece, importante pois possibilita ao estudante um olhar privilegiado da realidade e ainda mais, poderá colaborar grandemente no desafio de formar cidadãos críticos que mais do que nunca, a sociedade precisa. A partir desta reflexão, e para os leitores deste blog que não tiveram contato com o texto publicado no "Sociologia Hoje", republico aqui, para que se tenha ideia mais ampliada sobre o papel do Cientista Social e o quanto ele pode ser útil à varios setores da sociedade. Boa leitura a todos!

O que  faz um Cientista Social?

Durante esse tempo na faculdade, tenho encontrado amigos que me fazem continuamente esta pergunta, algumas vezes confesso, achava complexo respondê-la, pois a atuação do Cientista Social é tão ampla que me limitava a responder apenas baseado na razão de eu ter escolhido o curso, entendia ser suficiente, mas fui percebendo que como estudante também sou um divulgador do curso, assim fui pesquisando sobre o papel desse profissional na sociedade.
Nesse mês, pensei que seria ótimo publicar um texto que respondesse essa pergunta de modo mais completo, mais esclarecedor, por conta dos calouros que estão iniciando sua caminhada acadêmica e também que pudesse ser útil ao graduando que esteja em dúvida do que fazer ao término do curso.
Então, ser profissional das Ciências Sociais, é estudar as origens, o desenvolvimento, a organização, o funcionamento das sociedades e culturas humanas. Ele estuda os fenômenos, as estruturas e as relações que caracterizam as organizações sociais e culturais.
Analisa os movimentos, os conflitos populacionais, a construção de identidades, a formação das opiniões. Pesquisa costumes e hábitos, investiga as relações entre indivíduos, famílias, grupos e instituições. Desenvolve e utiliza um conjunto variado de técnicas e métodos de pesquisa para o estudo das coletividades humanas, interpreta os problemas da sociedade, da política e da cultura.
A escancarada formação tecnicista que caracteriza o ensino nos nossos centros de conhecimento, talvez motivada pelo próprio anseio do aluno, em escolher uma profissão ‘rentável’, faz com que surja a pergunta: será que o Cientista Social tem mercado de trabalho?
Há nos setores público e privado a proliferação de fundações, soma-se ainda a diversificação da economia, a modernização da sociedade e a urbanização, essa realidade gera oportunidades de emprego em todo o país. O formado pode atuar em projetos de educação, saúde, transporte, meio ambiente, principalmente em iniciativas do desenvolvimento sustentável que junto com a engenharia é a grande vedete do emprego no Brasil.
Para os que se especializam na Sociologia, a área de ensino é a que oferece mais oportunidades, especialmente por causa da obrigatoriedade dessa disciplina no Ensino Médio. Em segundo lugar fica o setor de pesquisa social, realizada por agências como o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) e, em terceiro, a de pesquisa de opinião, que abriga institutos como por exemplo: Ibope e Datafolha.
Ainda há o seguimento de assessoria sindical para prestar assessoria política e pesquisar perfis profissionais. Cresce ainda a demanda pelo Cientista Social na área de planejamento e desenvolvimento urbano, na qual ele elabora diagnósticos socioeconômicos. No Sul da Bahia há imensa necessidade desse serviço, já que quase não há profissionais da área disponíveis.
Há ainda as áreas de pesquisas sobre lazer, turismo e atividades com os usuários. Tem crescido o mercado para os antropólogos que é outro grande eixo das Ciências Sociais. Hoje eles também atuam nas cidades e não apenas nas áreas rurais, com comunidades indígenas, por exemplo. Nas capitais, trabalham como consultores sobre comunidades rurais e no estudo de grupos e tribos urbanas.
Já o Cientista Político consegue colocação em centros de pesquisa e em assessorias governamentais e de relações internacionais, podem morar em Brasília por exemplo, lá pertinho de Dilma, que tal?
Para os interessados na área acadêmica, há oportunidades nas universidades, mas para lecionar no Ensino Superior é necessário mestrado, doutorado. Esses então tem emprego garantido nas universidades públicas e particulares, epecialmente nas particulares onde não há a necessidade de concursos.
Àqueles que leram esse texto até aqui e se interessaram em ingressar no curso, gostaria de informar, estejam preparados para ler, e ler muito, exige grande carga de leitura e acompanhamento constante das questões sociais, culturais e políticas.
A matriz curricular é estruturada tendo como eixo principal três grandes áreas: Sociologia, Antropologia e Ciência Política. O grupo de disciplinas obrigatórias é composto por História, Geografia, Economia, Psicologia, Filosofia e Metodologia Científica, além das chamadas disciplinas pedagógicas para os cursos de licenciatura, é mole ou quer mais? Há ainda, aulas práticas, que incluem pesquisa de campo e coleta, análise e interpretação de dados empíricos.
E se você não quer a mediocridade, aquela coisa básica de uma formação estática, precisa se envolver com os programas de iniciação científica.
Na minha humilde opinião, o que difere esse curso de muitos outros é que, tendo ele três grandes eixos de conhecimento: Antropologia, Ciência Política e Sociologia, o estudante pode ao longo do curso ir direcionando sua escolha profissional, ou até mesmo se especializar nas três áreas, porque não?
Na Antropologia pode-se estudar a origem e a evolução do homem e das culturas. Na Ciência política - Analisa-se os sistemas, as instituições e os partidos políticos de um país e as relações entre as nações. Na Sociologia, minha predileta, investiga-se as relações, as estruturas e a dinâmica das sociedades modernas, analisando os processos históricos de transformação das organizações sociais.
Mas você pensa que acabou? Ainda tem outra atividade muito legal que o Cientista Social pode desenvolver com maestria,a pesquisa de opinião, coletando e analisando dados sobre diferentes acontecimentos ou ocasiões para identificar o comportamento e a reação de grupos sociais em relação a eles.
Ahhh! e tem mais uma notícia, meio que de última hora, como não há a obrigatoriedade de diploma especifico para exercer a função de jornalista, quer profissional melhor para exercer essa função do que o Cientista Social, pense num trabalho muito mais qualificado, onde se poderá produzir matérias com muito mais densidade? é isso aí!
Por tudo isso, acredito que nossa região ganha muito com o curso de Licenciatura com ênfase em pesquisas que a UESC oferece, um presente que esta universidade dá a toda sociedade.

Escrito por Maik Oliveira
Estudante de Ciências Sociais - UESC - 8º período

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Comunidade Quilombola Rio dos Macacos Precisa de Ajuda URGENTE!

Caros amigos da Bahia, do Brasil!



A comunidade quilombola do Rio dos Macacos está lutando contra o tempo. Em apenas algumas dias, uma ordem da justiça pode tirar a comunidade das terras em que vive há mais de 200 anos. Somente uma grande mobilização popular pode impedir que a pressão da Marinha prevaleça. Junte-se a essa luta agora, e a Avaaz e o defensor público que defende os quilombolas entregarão a petição diretamente para o juiz quando alcançarmos 50.000 assinaturas:

Sign the petition
Em poucos dias, 200 anos de cultura tradicional podem ser extintos. A comunidade quilombola de Rio dos Macacos na Bahia pode ser expulsa de suas terras para a construção de uma base da Marinha. Mas a solução para o problema está a nosso alcance!

A Marinha do Brasil quer expandir a Base Naval de Aratu a todo custo, mesmo que tenha que devastar uma tradição centenária e expulsar os quilombolas da região. Os pareceres técnicos do governo já afirmaram que os quilombolas têm direito àquela terra, mas eles só têm validade se publicados -- e a lentidão da burocracia pode fazer com que o juiz do caso determine a remoção da comunidade antes que seu direito seja reconhecido. Eles estão com a faca no pescoço e nós podemos ajudar a vencer essa batalha se nos unirmos a essa causa!

Não temos tempo a perder! O juiz decidirá na segunda-feira se retira os quilombolas ou espera a publicação do parecer do governo. A defensoria pública nos disse que somente uma grande mobilização popular pode impedir que a pressão da Marinha prevaleça. Junte-se a essa luta agora, e a Avaaz e o defensor público que defende os quilombolas entregarão a petição diretamente para o juiz quando alcançarmos 50.000 assinaturas:

http://www.avaaz.org/po/urgente_quilombolas_em_risco_c/?bKklPab&v=16624

De acordo com estudos, das três mil comunidades quilombolas que se estima haver no país, apenas 6% tiveram suas terras regularizadas. É um direito das comunidades remanescentes de escravos garantido pela Constituição, e responsabilidade do Poder Executivo emitir-lhes os títulos das terras. A cultura quilombola depende da terra para manter seu modo de vida tradicional e expulsar quilombolas dessas terras pode significar o fim de uma comunidade de 200 anos.

A comunidade do Rio dos Macacos tem até o dia 1º de agosto para sair do local e, após isso, sofrerá a remoção forçada. Entretanto, temos informações seguras que técnicos já elaboraram um parecer que reconhece o direito dos quilombolas, mas ele só tem validade quando for formalmente publicado e a comunidade corre o risco de ser expulsa nesse intervalo de tempo.

No caso do Rio dos Macacos, a pressão popular já funcionou uma vez, adiando a ação de despejo em 5 meses. Vamos nos juntar aos quilombolas e apelar para que o juiz da causa garanta a posse de terra dessa comunidade, e carimbe seu direito de viver em harmonia com suas terras. Assine a petição abaixo para impedir que a lentidão da burocracia acabe com uma comunidade tradicional:

http://www.avaaz.org/po/urgente_quilombolas_em_risco_c/?bKklPab&v=16624

Cada vez mais temos visto que, quando nos unimos, movemos montanhas e derrotamos gigantes. Vamos nos unir mais uma vez para garantir o direito de terra da comunidade quilombola Rio dos Macacos e dar paz as famílias que moram no local. Juntos podemos alcançar justiça!

Com esperança e determinação,

Maik, Pedro, Luis, Diego, Carol, Alice, Ricken e toda a equipe da Avaaz


Mais informações:

Balanço 2011 das Terras Quilombolas da Comissão Pró-Índio de São Paulo
http://www.cpisp.org.br/email/balanco11/img/Balan%C3%A7oTerrasQuilombolas2011.pdf

'Os militares infernizam a nossa vida', diz quilombola sobre disputa por terra (Último Segundo)
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/ba/2012-07-22/os-militares-infernizam-a-nossa-vida-diz-quilombola-sobre-disputa-por-terra.html

Rio dos Macacos é quilombo, diz Incra (Tribuna da Bahia)
http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=122017

Rio dos Macacos: Defensoria pede suspensão da retirada de moradores (Correio)
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/rio-dos-macacos-defensoria-pede-suspensao-da-retirada-de-moradores/

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Governo faz proposta definitiva de até 45% para professores universitários

Ministra Miriam Belchior: "essa é uma proposta do governo
 para valorizar a educação".
Do Blog do Camarotti
Por Gerson Camarotti

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, apresenta neste momento uma proposta definitiva de aumento para professores universitários e de escolas técnicas de aumento dos salários de até 45% em três anos. O reajuste terá um impacto no orçamento da União de R$ 3,9 bilhões.
Participam da reunião com os representantes dos sindicatos a ministra Miriam Belchior e o ministro da Educação, Aloísio Mercadante. O movimento grevista nas federais, em alguns estados, dura cerca de dois meses.
A proposta do governo tem como critério o estímulo à dedicação exclusiva e a produção acadêmica nas universidades e escolas técnicas. Por essa proposta, o salário de um professor universitário com doutorado e dedicação exclusiva vai passar dos atuais R$ 11.700 para R$ 17 mil até 2015. Será um reajuste de 45% em três anos.
Para professores com doutorado e pouco tempo de vida acadêmica, o reajuste será de 33%, passando dos atuais R$ 7.300 para R$ 10 mil. Pela proposta, haverá um estratégia de alongar a carreira do professor universitário com novas faixas salariais. Os professores com mestrados terão reajustes de entre 25% e 27%. Também será estimulada a titulação dos professores de escolas técnicas.
“Essa não é uma proposta para negociação. Essa é a proposta do governo para valorizar a educação”, disse Miriam Belchior ao Blog. Ela lembra, que os professores universitários já tiveram reajuste de 4% esse ano. “Os professores estão no topo da lista de prioridades. Mas houve precipitação dessa greve. Com essa proposta, o governo confia que atende as reivindicações da categoria”.
A ministra do Planejamento ressaltou ainda que é preciso fazer uma proposta realista para as contas públicas num momento de crise financeira internacional. Sobre as reivindicações das demais categorias, ela é cautelosa. “Nós não temos carreiras com perda salarial. Agora, estamos fazendo as contas para fazer uma proposta responsável. É preciso ver o que é possível para 2013”, ressalta Miriam Belchior.
Bom, tudo muito bom, mas é bom ficar claro que esta medida atinge apenas os professores da rede federal, os profissionais de educação da rede estadual fica a mercê do Governo do Estado, leia-se (Governo Wagner) que não consegue sequer dar ouvidos aos reclames dos professores da educação básica. Algo agora preocupa, professores competentes já estavam caindo fora das IES estaduais, agora, com esta notícia, a fuga vai ser em massa, salvo alguns poucos que vão preferir continuar na sua região de origem por uma questão de vida estabelecida, no mais, os estudantes terão cada vez mais que se contentar com a mediocridade. Que lástima!!!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A PULVERIZAÇÃO EVANGÉLICA NO BRASIL E OS NOVOS PARADIGMAS SOCIAIS


A cidade de São Paulo viveu uma pulverização evangélica sem precedentes na última década. Segundo novos dados do Censo 2010.

Fonte: O Estadão

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A cidade de São Paulo viveu uma pulverização evangélica sem precedentes na última década. Segundo novos dados do Censo, o número de evangélicos sem laços com uma igreja determinada aumentou mais de quatro vezes entre 2000 e 2010, enquanto a quantidade de fiéis que frequentam templos menores cresceu 62% nesse período. Juntos, esses dois grupos foram responsáveis por 96% do crescimento do rebanho evangélico da capital em uma década, de 825 mil fiéis.

Os evangélicos não determinados englobam tipos diferentes. Entram na conta os que se dizem apenas evangélicos, sem especificar a igreja ou a corrente, os que frequentam cultos diferentes e os que fazem parte de pequenas igrejas não pentecostais. Em São Paulo, o crescimento dos evangélicos não determinados foi tão grande que eles hoje representam a terceira maior corrente religiosa da cidade - perdem para os católicos e os sem religião, mas ultrapassaram a Assembleia de Deus, denominação evangélica que tem o terceiro maior rebanho do País.

Já a corrente dispersa formada por pessoas que frequentam templos pentecostais ou neopentecostais menores deixou para trás, em uma década, dois gigantes do pentecostalismo evangélico - a Igreja Universal do Reino de Deus e a Congregação Cristã do Brasil, que perderam fiéis.

Segundo o antropólogo Ronaldo de Almeida, da Unicamp e do Cebrap, o novo mapa da configuração evangélica da capital paulista é fruto da especialização. "Há uma diversificação e uma maior infidelidade a uma instituição específica. O sujeito ainda se identifica principalmente como evangélico, mas hoje ele molda sua experiência religiosa. Quando quer ouvir um louvor com mais música, vai a uma igreja, quando quer cura, vai a outra, quando busca mensagem espiritual mais forte, busca outras."

A antropóloga Diana Nogueira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, faz um paralelo com pessoas que querem perder peso e vão migrando de médico em médico. "A religião fortalece e ajuda as pessoas, mas não resolve muitos dos desafios que uma vida de periferia urbana lhes impõe. Com isso, algumas dessas pessoas vão de igreja em igreja, buscando soluções", diz Diana.

Além da busca diversificada, há o surgimento de igrejas voltadas a nichos específicos, como a Crash Church Underground Ministry - que atrai roqueiros adeptos do thrash metal em seu templo no Ipiranga -, ou a Igreja da Comunidade Metropolitana, em Santa Cecília, voltada para o público homossexual.

"O crescimento das igrejas evangélicas menores é muito visível. São as chamadas comunidades. Seus fundadores são pastores que já pertenceram a igrejas evangélicas maiores", diz o vereador evangélico Carlos Apolinário (DEM).

Levantamento feito em 2008 pela equipe de Apolinário enumerou mais de 18 mil templos evangélicos em São Paulo, a maioria na zonas leste e sul. Ele estima que outras 2 mil tenham sido criadas desde então. Para se ter uma ideia, o total de paróquias católicas não chega a 500 na capital paulista.

Outros dados do Censo chamaram a atenção. A Assembleia de Deus teve um aumento de fiéis de 36% - menor que o da média nacional (46%). Já os evangélicos de missão - grupo que inclui batistas, luteranos, presbiterianos, metodistas e adventistas - tiveram uma queda de 13% em São Paulo e aumento de 11% no País.

Entre as pentecostais, o destaque vai para a perda acentuada de fiéis em São Paulo da Congregação Cristã (27%) e da Igreja Universal (37%), enquanto no País o rebanho de cada uma encolheu 10%. / COLABOROU BRUNO PAES MANSO


terça-feira, 26 de junho de 2012

Comissão do Plano Nacional aprova 10% do PIB para a educação

Texto precisa ser aprovado no Senado; atualmente país aplica 5% do PIB.
MEC diz que novo índice vai exigir uma 'tarefa política difícil'.

Do G1, em São Paulo

A comissão especial do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovou na noite desta terça-feira (26), na Câmara dos Deputados, a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em políticas de educação ao longo de dez anos, ou seja, até 2020 quando termina a vigência do plano.
A proposta aprovada diz ainda que até chegar aos 10%, a aplicação deve ser no mínimo de 7% do PIB. Hoje o país aplica 5,1% do PIB no setor, incluindo recursos da União, dos estados e municípios. Para vigorar, o texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado.
Em nota, o Ministério da Educação afirma que para se chegar aos 10% do PIB será necessário uma  "tarefa política difícil". Segundo a nota, a proposta aprovada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o PNE equivale, na prática, ao longo da década, a dobrar em termos reais os recursos para a educação nos orçamentos das prefeituras, dos governos estaduais e do governo federal.
“Em termos de governo federal equivale a colocar um MEC dentro do MEC, ou seja, tirar R$ 85 bilhões de outros ministérios para a Educação. É uma tarefa política difícil de ser executada”, explicou o ministro Aloizio Mercadante.
O Ministério da Educação vai estudar as repercussões e as implicações da decisão e vai aguardar ainda a tramitação no Senado Federal.

Salários dos professores
Ainda nesta terça foi aprovada a meta de equiparação do salário dos professores ao rendimento dos profissionais de escolaridade equivalente. O relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT) previa a equiparação até o final da vigência do plano, que é de dez anos. A proposta, no entanto, estabelece a equiparação até o final do sexto ano do PNE.
O Plano Nacional de Educação está em análise na Câmara desde o final de 2010 e define diretrizes para a educação brasileira na próxima década, por meio de 20 metas. Elaborado a partir de 2.906 emendas apresentadas por parlamentares e entidades da sociedade civil, o relatório foi feito a partir do projeto de lei feito pelo Ministério da Educação e enviado ao Congresso pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2010.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Acabem com os subsídios aos combustíveis fósseis - assine a petição

Caros amigos,




Mais de um milhão de pessoas pediram aos líderes mundiais que acabassem com os subsídios aos combustíveis fósseis na Rio+20, mas, até agora, nossos líderes fracassaram em ouvir nosso apelo. Agora, a única chance que temos de salvar as negociações de um desastre está nas mãos da presidenta Dilma -- assine essa petição urgente pedindo que ela seja uma heroína do clima e acabe com os pagamentos poluidores!


Sign the petition
Mais de um milhão de pessoas pediram aos líderes mundiais que acabassem com os subsídios aos combustíveis fósseis na Rio+20 – uma medida óbvia que poderia reinvestir um trilhão de dólares em impostos, que atualmente são repassados para grandes empresas petrolíferas, em energia verde. Mas eles se recusaram a atender esse pedido, mesmo com o apoio da UE, os EUA e da maioria dos países do G20! As negociações terminam em 48 horas. Agora é a nossa chance de salvar a Conferência e o futuro do planeta.

A presidenta Dilma é a anfitriã do encontro e tem o poder de reabrir a discussão e exigir um cronograma para acabar com esses subsídios poluidores, mas ela está pensando em se esquivar com um texto vago apresentado por uma equipe de burocratas. Nós podemos impedir o Brasil de seguir por este triste caminho.

Dilma tem 2 dias para emergir como uma líder global nas discussões sobre mudanças climáticas. Assine esta petição urgente agora e encaminhe para todos – quando tivermos 500.000 assinaturas, a Avaaz irá entregá-la diretamente às mãos de Dilma e publicar um anúncio publicitário impactante no Financial Times:

http://www.avaaz.org/po/save_rio_save_the_planet/?bKklPab&v=15390

Nas últimas 2 semanas já fizemos grandes avanços para o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. Juntos:
  • Abrimos uma nota gigante de um trilhão de dólares com os nossos amigos da 350 nas praias do Rio de Janeiro e em Los Cabos (México), que atraíram a atenção da grande mídia em todo o mundo e construímos uma mensagem poderosa de 1 milhão de vozes para acabar com os subsídios poluidores. Trillion dollar bill image
  • Entregamos uma petição com mais de 750.000 assinaturas diretamente ao primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e ao chefe das negociações mexicano do encontro do G20.
  • Fizemos a diferença na votação aberta da pesquisa de opinião da ONU, e tornamos o tema dos subsídios aos combustíveis fósseis a prioridade número um para a Rio+20. Vencemos a votação com 66% dos votos!
  • Lotamos as caixas de mensagens dos ministros do meio ambiente do México e Nova Zelândia com e-mails, pedindo que eles façam pressão para o fim dos pagamentos feitos aos poluidores.
  • E nossa equipe no Rio e em Los Cabos trabalhou incansavelmente fazendo lobby com políticos participando em dezenas de encontros com oficiais de países-chave.
O palco está montado e a presidenta Dilma tem consigo a solução perfeita para mudar o rumo das conversas: um fim claro e oportuno dos subsídios aos combustíveis fósseis. Temos apenas 48 horas para dar o empurrão final e cobrar uma atitude concreta -- clique abaixo e assine:

http://www.avaaz.org/po/save_rio_save_the_planet/?bKklPab&v=15390

O movimento pelo fim dos subsídios aos combustíveis fósseis está em um momento decisivo. Mais de 1 milhão de nós assinamos petições clamando por ação. Pessoas de todos os cantos, do Rio à Deli, de Londres à Sydney. Ao chegarmos nas vésperas do final da Rio+20, vamos continuar a pressão até que alcancemos a vitória!

Com esperança,

Maik, Iain, Antonia, Jamie, Emma, Ricken, Diego, Pedro e toda a equipe da Avaaz

sexta-feira, 8 de junho de 2012

9ª ROMARIA DA TERRA E DAS ÁGUAS DA DIOCESE DE ILHÉUS - HÁ QUE SE CUIDAR DA VIDA.

No próximo domingo, dia 10 de junho, acontecerá em Itacaré-BA, a 9ª Romaria da Terra e das Águas, promovida pela reunião de CEBs da Diocese de Ilhéus. Abaixo, leia a carta aberta destinada a toda população, um conclame para que todos participem desse evento, na busca pelo fortalecimento do grito de preservação não apenas da natureza, mas de toda a vida no planeta terra.

Romeiros e Romeiras das terras e das águas venham celebrar conosco!

Romaria é um movimento de forte expressão popular que tem como objetivo denunciar as situações de degradação do meio ambiente, da terra e da água. A Romaria é uma manifestação, uma luta em defesa da natureza e serve para mostrar a verdadeira realidade do homem do campo e das terras do nosso planeta.
A 9ª Romaria da Terra e da Água será uma grande expressão de nossa fé no Deus da vida e uma grande revelação da preocupação dos homens e mulheres da Diocese de Ilhéus com a vida do Planeta Terra, nossa casa comum.
Em sua 9ª edição, o evento representa um momento de oração e reflexão acerca dos problemas sociais enfrentados atualmente, pois denuncia, reflete e vem nos levar para um novo caminho de desenvolvimento onde a pessoa humana, nossas florestas e nossos mananciais são colocados como objetivos centrais do desenvolvimento.
A Romaria da Terra e da Água é momento de celebração, fé, clamor, anuncio, denúncia e posicionamento sobre os conflitos que envolvem os irmãos e irmãs do campo e da cidade.
Fiéis ao Deus dos pobres, escutando o clamor da mãe terra, dos seus filhos e filhas, queremos celebrar a resistência e o protagonismo dos povos e das comunidades atingidas pelos sistemas de morte, no campo e na cidade.
A Romaria da Terra e da Água é uma realização da articulação de CEBs da Diocese de Ilhéus, com foco na ação evangelizadora da Igreja. Ela representa a animação da fé e vai na trilha da questão social, na luta pela terra e água, com uma grande mística do povo de Deus.
A Romaria da Terra e da Água além da celebração e partilha é um espaço de encontro das pessoas, espaço de fortalecimento da fé, na fé do Deus da vida.
A 9ª Romaria da Terra e da Água é uma das vozes da profecia, denunciando todas as formas de destruição do planeta e anunciando a possibilidade de desenvolver a ética do cuidado e salvar as vidas ameaçadas.
Esta romaria, com o tema: “Há que se cuidar da vida" quer, como todas as outras, nos chamar a atenção para a arte do cuidado. O planeta, nossa casa comum, é o único lugar que temos para morar. Cuidar desta casa é reconhecer a importância de toda criação. "Todo ser que vive merece viver" (L. Boff). Por isso, cuidemos do planeta, não porque o ser humano precisa dele para viver, mas porque toda criação, todas as formas de vida, têm direito a viver dignamente.
Das entranhas da humanidade saem gritos de dor. Saem também gritos de esperança. Dores de parto anunciam sinais de vida. Escutar os gritos da terra e das filhas e filhos da terra nos faz dizer como o poeta: "Há que se cuidar da vida!"
Vamos nos encontrar e celebrar! Vamos confirmar nosso compromisso de lutar para que a vida do planeta não seja destruída.
Que esta romaria fortaleça a nossa profecia, na denúncia de tudo o que fere a vida da terra e das filhas e filhos da terra; fortaleça o anúncio de uma terra sem males, onde a vida tem sempre a última palavra.
Que sejamos artistas da recriação da vida, desenhando com práticas concretas, outro mundo possível.
Rumo a 9ª Romaria da Terra e das Águas da Diocese de Ilhéus! Uma caminhada de libertação dos sistemas que destroem a terra.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Maik & Erick / Pai & Filho

O meu filho tem aquele olhar envolvente, ávido, curioso, cheio de esperança. Olhar nos olhos dele é como imediatamente apertar o botão que sobe de um elevador que nunca desce, é rever desejos, vontade, é desistir de querer desistir ou estagnar. É querer ir mais longe, sempre mais longe, por ele, por mim.
O meu filho tem aquele sorriso de luz, sincero, cheio de significados, onde é perceptível a alegria de um encontro, de uma companhia, da relação pai/filho. Um sorriso que  faz esquecer os compromissos, por maiores que sejam, que faz abrir mão de ir, de vir, de ficar, de querer, de planejar, economizar. É como uma chave mestra, que abre todos os caminhos, ainda que relutantemente não queira caminhar por alguns deles.
O meu filho tem aquela voz pueril, infantil, mas convincente como o voo de um águia, altaneiro, robusto, imperativo. O meu filho pensa e fala de modo surpreendente, inteligente, crítico, isso mesmo, crítico como tantos deveriam ser. O meu filho não desiste fácil, deseja sempre ir além, além do óbvio, além da própria condição de vida, além de tudo que represente um mínimo obstáculo. O meu filho não poderia ter outro nome, senão Erick, um nome representativo, um nome significativo, pela própria desenvoltura que o portador do nome possui. Nasceu para voar alto, seguir em frente, ir além. Nasceu para me refazer enquanto homem, enquanto indivíduo real, limitado, que precisava e precisa romper as muralhas que foram erguidas na vida, por tudo que é circunstancial, institucional, pensado e vivido.
O meu filho é Erick, razão maior da minha condição de viver, essência da minha reconstrução. O significado de mundo e existência humana que eu precisava para entender a vida como nunca pude imaginar.

Erick Silva, eu amo você!

Seu pai,

Maik Oliveira

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O sonho dos países dominantes é o Brasil mal educado

A educação no Brasil sempre foi o "calcanhar de Aquilis" do desenvolvimento do país. O que nos deixa aborrecidos é que, embora toda a sociedade saiba que esse é o grande problema que trava o crescimento brasileiro, há, por parte dos variados setores que cuidam da administração do país, um comportamento passivo diante da situação que a educação se encontra. O país vive um momento interessante quando o que se observa é o desenvolvimento econômico, por outro lado, não se sabe (ou se sabe) é como o Brasil continuará nesta crescente e consolidará sua posição de país desenvolvido se ao observar a maneira como é conduzida a educação, não temos condições alguma de alimentar qualquer esperança. Sabemos, temos certeza que organismos internacionais pressionam o governo brasileiro para que este maqueie os números da educação, para isto, a administração pública corre contra o tempo para que todas as crianças, adolescentes e jovens estejam na escola, porém, sem se preocupar com a qualidade da educação ofertada, com a capacitação e valorização dos profissionais da educação, tudo isto para satisfazer as exigências de setores econômicos mundiais, que para mim e vários outros que estão atentos, tem um objetivo muito claro: não permitir que a sociedade brasileira cresça em cultura, promovendo o conhecimento e desenvolvimento de novas tecnologias e por conseguinte promova mais uma revolução na economia mundial como é o caso da China. Falando nisso observem: o país ocidental tem problemas que o Brasil não tem, se não vejam: apesar de seu vasto território, boa parte é infértil, e, portanto, inprodutivo, é um país que depende das importações de matérias prima, pois produz quase nada nesse setor da economia, portanto esta dependência, permite-nos pensar em uma condição de insegurança frente às frequentes oscilações do mercado internacional. Possui uma população gigantesca, mais de 1 bilhão de habitantes, se de um lado propicia a grande oferta de mão de obra, a custo da saúde e bem-estar do seu povo, por outro lado, exige grande número de importações para alimentar e atender as diversas demandas dos seus cidadãos, o que força os setores da economia chinesa enfrentarem o desafio de estar em constante busca de equilibrar sua balança (gangorra) comercial, pois todos sabem, exportar mais do que importar é pré-requisito para quem quer se manter no topo. O Brasil, portanto, vive condição diversas vezes melhor que a China quando observamos as condições estruturais, observem: enquanto o mundo vive em pé de guerra por causa do petróleo, nosso país já se encontra em condição de auto suficiência. Na produção de alimentos atingiu o pantamar de ser o maior produtor e exportador de grãos do mundo, o maior exportador de carne, está entre os dez maiores produtores de frutas do mundo. As terras brasileiras, apesar de a sua maior parte se encontrar nas mãos de latifundiários, o que sempre foi  um descalabro inaceitável tanto na velha como na atual conjuntura, esperamos que a reforma agrária conserte isso, coisa demorada, apesar da legítima luta do MST, são terras com condições naturais de produzir em quase toda a sua extensão. Ainda possui a maior reserva florestal do planeta, a Floresta Amazônica. Possui uma costa marítima rica em peixes e diversos frutos do mar, por último, como diz o meu amigo Humberto, "mas não menos importante" e também para não alongar mais o texto, pois são inúmeras vantagens em relação aos chineses, possui um solo riquíssimo em minérios importantes, condições extremamente favoráveis para a produção de produtos e portanto, alta possibilidade de agregar valor ao que produz. Mas porque isto não acontece? A nossa desvantagem é o Brasil não investir devidamente em educação, nosso povo ainda aparece nas estatísticas mundiais como principais consumidores de produtos fabricados em diversos países do mundo, inclusive China e os Estados Unidos e pasmem, produzidos na maioria das vezes com nossa matéria prima, sim, exportamos tonelas de minério de ferro para a China, Europa e os Estados Unidos a preço de banana e recebemos deles porcarias que valem o olho da cara, um absurdo!
O Senador Cristovam Buarque disse nesta sexta feira (01/06) que se o país pensa em consolidar sua posição de pais desenvolvido precisa investir na educação de base e diz mais: "diante da grande necessidade de priorizar nosso sistema educacional, o que estamos fazendo? Nada"  e conclui: "estamos apenas enganando com medidazinhas que não levam a nada". É exatamente assim que os países dominantes querem, eles sabem o que temos, sabem que somos um povo capaz, sabem, que podemos, com as condições naturais que nosso país possui, se bem preparados diante de um mundo falido em recursos naturais, sermos o país mais poderoso do mundo ou próximo disso, e é claro, eles não querem perder o posto, a condição de dar as cartas! Por isso contam com a inércia, a passividade e a omissão dos nossos governantes para continuarmos à margem no mundo globalizado e capitalista e qual é o caminho para isso! Comprometem a formação educacional do povo brasileiro, geração após geração. Assim, se acordarmos o mais rápido possível deste desgraçado sono, demoraremos ainda algumas gerações para recuperar o tempo perdido! Mas é chegada a hora de mudar este quadro, urge mudarmos o curso da nossa história. Urge combatermos a corrupção, as injustiças, a desigualdade social que se materializa e se reproduz toda vez que o estudante chega no colégio e não tem professor, quando o professor de uma disciplina ensina outra da qual não tem formação, quando o colégio mais parece uma prisão do que um lugar de aprender e ser feliz, quando os recursos que deveriam ser destinados para a merenda e o transporte escolar vai parar no bolso dos contraventores e sua quadrilha da qual participam senadores, governadores, juízes. Precisamos acabar com essa farra e não pensemos que é impossível, claro que é possível, e o povo brasileiro precisa tomar consciência disto e agir, em cada Estado, em cada cidade, em cada bairro, em cada rua, em cada lar...em cada escola! O Brasil é nosso e o povo brasileiro merece viver melhor. Educação de qualidade, formação crítica e desenvolvimento com responsabilidade e sustentabilidade já!!!

O ensino de sociologia reservado para licenciados em ciências sociais, sociologia e política

Enviado por:
Ricardo Antunes de Abreu - Presidente da FNS
Colaboração:
Professor Elias Lins Guimarães - PROGRAD/UESC

Algo que sempre povoou a mente do estudante de Ciências Sociais, especialmente aos que optaram pela licenciatura, foi o problema concernente ao emprego de professor de sociologia, uma vez que, a maioria das vagas de professor dessa área, é ocupado por professores de outras áreas, que obviamente não tem a especifidade da disciplina e que, portanto, acaba ocupando a vaga do profissional da área. No entanto há outro problema. Quando foi votado a obrigatoriedade da disciplina no ensino médio, não se observou a escassez desse profissional no mercado, isto levou a situação citada acima. Há nas escolas públicas de todo o país, profissionais como pedagogos, historiadores, geógrafos, gente de toda a área de humanas dando aula de sociologia, o que não se vê, é sociólogo atuando. A Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por exemplo, no último concurso para professores, abriu apenas 2 vagas para Itabuna, sendo que ninguém foi aprovado. Nas cidades de Itabuna e Ilhéus, há apenas, pelo que se sabe, 2 professores com formação específica atuando na área, e isso é um problema para a disciplina, nova no pedaço, pelo menos para a nova geração de alunos. Mas há uma luz no fim do túnel, o professor Elias me repassou um e-mail enviado pelo pessoal da FNS de um Projeto de Lei, autoria do deputado Chico Alencar do PSOL,  que agora tramita no Congresso Nacional que poderá rever esta situação, leia abaixo:

PL 1446/2011 – Que transforma o licenciado em ciências sociais em sociólogo e reserva o ensino de sociologia para os licenciados em ciências sociais, sociologia e política

 
PROJETO DE LEI No 1.446, DE 2011 Altera a Lei nº 6.888, de 10 de dezembro de 1980.  Autor: Deputado CHICO ALENCAR  Relatora: Deputada ROSANE FERREIRA  I - RELATÓRIO O projeto de lei em exame, de autoria do Deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), pretende alterar a lei que dispõe sobre o exercício da profissão de sociólogo (Lei nº 6.888/80), para garantir que o ensino de Sociologia seja apenas ministrado por profissionais habilitados, nos termos da legislação em vigor. Para tanto, prevê que somente poderão ministrar aulas de Sociologia os licenciados em Sociologia, Sociologia e Política ou Ciências Sociais, com licenciatura plena obtida em estabelecimento de ensino superior, oficial e reconhecido. Assim, fica garantida a competência para o exercício do magistério - ensino de Sociologia - aos profissionais acima referidos.
O autor da proposição faz a seguinte consideração preliminar em sua justificativa: “Este projeto foi originalmente apresentado pelo Deputado Mario Heringer (PDT/MG), em março de 2009 (PL 4781/2009), e foi arquivado no início de 2011 em razão da mudança de legislatura, sem sua apreciação pelas comissões respectivas. Dados os nobres propósitos do projeto, estou reapresentando-o, de modo a permitir a sua discussão pelo Parlamento”. E acrescenta: “O exercício da profissão de Sociólogo foi regulamentado no Brasil no ano de 1980, por meio da Lei nº 6.888. De acordo com esse diploma legal, uma das competências do sociólogo é o ensino de Sociologia geral ou especial nos estabelecimentos de ensino. Como a lei não previu ao sociólogo exclusividade na competência do magistério das disciplinas de Sociologia ocorre que, tanto no ensino médio como no ensino superior, os sociólogos vêm gradativamente perdendo a cátedra de Sociologia para profissionais de outras áreas sem a devida formação na matéria”.

Conforme dispõe o art. 24 do Regimento Interno desta Casa Legislativa, a matéria foi distribuída para as Comissões de Educação e Cultura (CEC) e de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC). Na Comissão de Educação e Cultura não foram oferecidas emendas no prazo regimental. Cabe à Comissão de Educação e Cultura examinar o mérito educacional da matéria, para o qual fui designada relatora. É o relatório. II - VOTO DA RELATORA Após os anos de exceção vividos durante o regime militar (1964-1985), em que a juventude brasileira se viu privada, nos bancos escolares, do ensino de duas das mais importantes disciplinas para sua formação cidadã, eis que foi promulgada a Lei nº 11.684, de 2008, que promoveu o retorno da Filosofia e da Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.
A alteração proposta pela presente proposição visa atribuir competência exclusiva ao sociólogo na atividade de docência da Sociologia, de modo a evitar que profissionais de outras áreas assumam cátedras que devem ser ocupadas pelo sociólogo. Assim, assegura-se o direito de quem é portador de licenciatura plena em Sociologia para o exercício do magistério em nível médio e nas instituições de ensino superior, além de promover a tão desejada qualidade do ensino em nossas escolas. Concordamos plenamente com o autor da matéria ao mencionar que, por possuir uma formação mínima de quatro anos especificamente dedicados às Ciências Sociais, o professor mais adequado para o ensino da Sociologia não pode ser outro senão o próprio sociólogo, com licenciatura plena. Vale ressaltar que essa posição está de acordo com os preceitos legais vigentes, estabelecidos pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), que determina: “Art.  61 Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: I - a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação,..”.
No entanto, considero, após ouvir as ponderações de meus Pares nesta Comissão, que é preciso dar um prazo mínimo para que os respectivos sistemas de ensino dos estados e municípios possam se adequar às mudanças introduzidas pela Lei, sobretudo porque muitas escolas de ensino médio ainda não dispõem de professores qualificados e habilitados ao exercício do magistério em Sociologia. Neste sentido, apresentamos o substitutivo anexo, em que propomos o prazo de 5 (cinco) anos para que os sistemas de ensino implantem as mudanças decorrentes desta Lei, incluída a necessária e adequada formação dos respectivos professores para atuarem, em número suficiente, no ensino de Sociologia.

Face ao exposto, manifesto-me pela aprovação da matéria, nos termos do substitutivo anexo.
Sala da Comissão, em 7 de novembro de 2011.

Deputada
ROSANE FERREIRA - Relatora

terça-feira, 22 de maio de 2012

Um recado aos diletos colegas do curso de Farmácia da UNIME/FACSUL Itabuna

Protesto promovido por alunos do curso de Farmácia
da Unime/Facsul - Itabuna
Foto extraída do blog Pimenta na Muqueca.
Li a matéria e os comentários sobre o protesto dos colegas do curso de Farmácia da UNIME/FACSUL de Itabuna, no blog Pimenta na Muqueca e não podia deixar de comentar, por favor, permitam-me. A faculdade é acusada de administrar irresponsavelmente um curso tão importante para a sociedade como é o de Farmácia, o professor é acusado de reprovar e aprovar indevidamente, de ensinar o que não sabe; que é pseudo educador, que não cumpre ou cumpre superficialmente o seu papel. Li sobre colegas que se digladiam, sem entender a lógica, é a união deles que poderá fazer a diferença no curso, até mesmo diante de uma sociedade que precisa acreditar no profissional que a atende. Fico a perguntar, como distribuir a culpa? Seria, caso seja verdade, da faculdade que não é fiscalizada e vai "empurrando com a barriga" uma situação que é preocupante? Seria do professor, que talvez ávido por um ganho a mais se submete a uma situação de risco para ele mesmo e para o curso sem se importar com as consequências da ausência de especificidade disciplinar? Seria do aluno que talvez por falta de  comprometimento e inabilidade demonstrada até ao escrever um comentário em blog popular? Afinal de quem é a maior e de quem é a menor parcela da culpa? Se pudermos resolver a questão assim! Li todos os comentários ali inseridos, primeiro pelo interesse que tenho no assunto - educação, e depois, ávido para ver se alguém tocaria no ponto chave, entristecido, não li nenhum que realmente abordasse o tema de forma a tocar nas principais causas. Meus amigos! Desde que o governo brasileiro, antes mesmo da Constituição de 1988, deu abertura para que o ensino deixasse de ser administrado unicamente pelo setor público, possibilitou que instituições privadas, inclusive algumas patrocinadas com dinheiro público, assumissem uma responsabilidade que deveria ser do governo, como acontece nos países "desenvolvidos". A partir daí, e com a crescente necessidade do poder público de apresentar a órgãos internacionais como o FMI, números favoráveis ao nível de escolaridade do povo brasileiro, para conseguir mais dinheiro estrangeiro, pois esta é uma das condições impostas pelos referidos órgãos para emprestar dinheiro aos países subdesenvolvidos, foi que tudo começou. As faculdades particulares (algumas de boa qualidade) tomaram conta do país e tornaram-se parceiras do governo na "profissionalização" dos "brazucas", sim, pois o que conhecemos no país, não é uma educação para a vida, como demonstra os comentários daquela reportagem, mas uma educação apenas tecnicista, onde se prepara mão de obra, às vezes de péssima qualidade para atuar nas frentes de trabalho, atendendo as demandas imediatas da sociedade, numa sociedade que sofre com médicos, enfermeiros e farmacêuticos que ao invés de tratar, matam. Engenheiros que ao invés de construir, derrubam. Advogados que ao invés de defender, condenam. Policiais que ao invés de proteger e promover a segurança causam pavor e medo. Professores que ao invés de ensinar e mediar o saber, transformam informação em desinformação, e por aí vai. Uma nação de guerreiros inglórios, desavisados, não críticos, que não conseguem ver, estão cegos! Pois é assim que o poder quer, é para isso que são ensinados! É a glória do Estado neoliberal! Eles estão conseguindo! E nós, estamos achando tudo bom, até elogiamos as suas invenções, como o sistema particular de ensino, as EaD's, as privatizações, os cursos de habilitação em várias áreas em apenas 20h., vejam só! Os malabarismos criminosos do governo para zerar a repetência de nossos juvenis e adolescentes, passam-se de qualquer jeito, tem a prova, a recuperação paralela, a ressignificação (esse nome por sinal, um neologismo), o conselho de classe e ai do colégio que reprovar! E a sociedade morre, a esperança morre, o futuro padece e o "mundo desenvolvido" nos escraviza! Afinal eles têm a tecnologia, têm o conhecimento, e isso é poder! Estamos vivendo um novo processo de colonização. Não criamos nada, não produzimos conhecimento, compramos tudo: a roupa, o celular, o carro, a Tv, o tênis, o computador, tudo deles! Trocamos por nada, entregamos a vida, o futuro, o desenvolvimento, a consciência. Como faziam os índios, trocando ouro por um pedaço de espelho. Continuamos depois de 512 anos, sendo os "bobos da corte" preferidos! Vejam só! Que pena! Reféns em nosso próprio domínio!Mas há esperança em nós, a máxima "cada um por si" acaba sendo válida nesse contexto, façamos nossa educação! Lancemos mão do que está ao nosso dispor e façamos isso com qualidade, para suprir a ausência de compromisso de quem deveria cuidar bem da nação!

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...