A questão da legitimidade está intrínseca na vontade geral. Rousseau em seu emblemático livro, “Do contrato social”, diz que a vontade geral é indestrutível, ele afirma que “enquanto muitos homens reunidos se consideram como um só corpo, sua vontade é uma, a conservação comum e o bem de todos”. Nesse caso, DCE x Mobiliza UESC, onde está a vontade geral? Alguém poderá dizer e de forma correta que está na legitimidade e sendo assim está no DCE que representa oficialmente e legalmente os estudantes diante de organismos superiores, é o DCE que é reconhecido e não o Mobiliza UESC, isto é fato. No entanto Rousseau diz que nesse quadro de vontade geral indestrutível não há interesses intrincados e contraditórios, quando isso acontece a força da vontade geral fica em jogo, é como o pára-brisa de um veículo que sofre um estalo, e com o passar do tempo, ele vai se espalhando até tornar a peça inútil, alquebrada e fragilizada, há a necessidade de substituição, é exatamente isso que está acontecendo no movimento estudantil da nossa universidade, está dividido, medindo forças, não há consenso, nem união, muito menos coesão, que é a união para a ação.
O Mobiliza UESC sabe que a legalidade do movimento é alcançada quando 20% dos estudantes aceitarem e assinarem uma petição pública que convenhamos, não é difícil para quem se coloca na oposição e está motivado, são apenas 1800 assinaturas, perfeitamente viável, duvido que o movimento já não esteja perto disso, isso feito, o discurso midiático de Thiago cai por terra, a legitimidade troca de mãos e é questão de tempo para uma destituição, isso é bom para os discentes? Não sei, realmente não sei.
O que sei é que ninguém deve se colocar na posição de superior inalcançável, basta observar o que aconteceu lá na Inglaterra com a rainha Elizabeth II, que durante toda sua vida política se orgulhou de sempre ser vista com bons olhos, admirada e respeitada pelos seus súditos, até que surge em sua família certa mulher chamada Diana, que se tornou princesa ao casar com o filho da rainha e passou a competir com ela a admiração e o carisma, a coisa ficou ainda pior quando depois do divórcio com o príncipe Charles a princesa revelou intimidades da realeza. O clímax desse desconforto real se deu em 1997 com a morte da princesa, a rainha, reservada como sempre foi, resolveu não se pronunciar sobre a morte daquela que no momento era adorada e admirada por quase todo o mundo, os súditos não aceitaram isso e a rainha foi duramente criticada, perdeu sua tão aclamada popularidade. Exemplos continuam acontecendo, no Egito com a queda de Hosni Mubarak, um mês antes na Tunísia, já havia sido deposto
Zine el-Abidine Ben Ali, tem também os casos da Argélia, da Líbia. Poderes aparentemente indestrutíveis alguns legitimados, caíram diante da vontade popular. Claro que nosso querido Thiago não é nenhum ditador, longe disso, mas é bom lembrar que o DCE, está num alçapão, rodeado de estudantes por todos os lados, vigiado, cobrado, criticado. Diante de uma mobilização, se ele tivesse barba eu diria que seria bom colocá-la de molho. O que proponho é o entendimento, é possível negociar sim, as partes precisam ceder em suas vontades, um pouco aqui, um pouco ali e unirem forças, a UESC precisa disso, os estudantes também, mas particularmente vejo com bons olhos essa oposição, mas uma oposição focada nas necessidades reais dos estudantes e sempre com possibilidades de unir forças, de negociarem para construírem juntos uma nova e mais eficiente universidade.