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quarta-feira, 6 de abril de 2011

O salário do professor

A educação brasileira ainda há de ser um campo de grandes debates em âmbito nacional, trata-se de uma categoria que vem lutando ao longo de décadas, para ter seu papel não apenas reconhecido, mas valorizado no país. As vezes num bate papo com meus colegas na universidade, percebo que não há animosidade quando se pensa na questão, há sem dúvida o desejo de estar envolvido num processo importantíssimo de construção de uma sociedade qualificada, mas quando se pensa em estrutura, valorização e reconhecimento a coisa desanda. Ouço muito falar o seguinte: "se existem tantas profissões que dão melhores resultados pessoais, porque alguém quer ser professor? Ainda hoje, trabalhando com meus estudantes em um colégio público, questionando o barulho que eles estavam fazendo e a dificuldade que estava tendo para ministrar a aula, eu disse: "um dia, se algum de vocês seguir a carreira de professor, verá como é difícil trabalhar assim". Quando encerrei a frase, vi que quase todos os alunos disseram em uníssono: NÃO QUEREMOS SER PROFESSOR! A coisa é tão séria que no ano passado o governo se viu obrigado a produzir e veicular propaganda em rede nacional, convidando as pessoas para serem professores, tamanha a fuga, quase que em massa, dessa profissão. Meu colega André Andrade em um texto publicado no blog "sociologia hoje", escreveu que a docência beira a filantropia, atuando como estou hoje, isso é ainda mais claro para mim, a não ser pelo prazer e quase por uma ideologia, ser professor não apresenta grandes vantagens, em parte pelo pouco apoio do poder público e também pelo tipo de aluno que encontramos na atualidade. Hoje, no Supremo Tribunal Federal, o assunto professor, entrou em pauta, a questão era votar sobre a manutenção do piso salarial nacional para professores, que esse ano é de R$1.187,97, para uma jornada de 40 horas, comparado com outras categorias, um salário pífio que não condiz com a importância desse profissional, mas ainda assim 5 estados da federação questionaram na justiça o valor, disseram que é muito alto, que os estados não podem pagar, por conta dos encargos, da folha de pagamento que podem extrapolar e os tais estados feririam a lei de responsabiliadde fiscal, chegaram até a afirmar que o tal "gigantesco salário" é inconstitucional. E olha os estados que questionaram: Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pobrezinhos esses estados não são?! Coitadinhos, vão falir se pagarem essa "dinheirama", afinal para que professor quer "tanto dinheiro?" Mas o ministro do Supremo, Joaquim Barbosa disse: “Não me comove, não me sensibiliza nem um pouco argumentos de ordens orçamentárias. O que me sensibiliza é a questão da desigualdade intrínseca que está envolvida. Duvido que não haja um grande número de categorias de servidores, que não esta, que tenha rendimentos de pelo menos 10, 12, até 15 vezes mais que esse piso”. Outro Ministro do Supremo, Celso de Mello continuou: “Sou filho de professores. Vivi sempre nesse ambiente. E tenho acompanhado, desde então, essa jornada terrível que os professores da rede escolar enfrentam, sempre sendo marginalizados no processo de conquistas sociais”. Quase todos os ministros votaram a favor da manutenção do piso nacional para o professor, inclusive Luiz Fux que critiquei em um post anterior, por causa do seu voto minerva contra a Lei da Ficha Limpa, dessa vez quem destoou foram os ministros Marco Aurélio de Mello e Gilmar Mendes, os únicos que votaram contra, o primeiro alegou que se a lei fosse aprovada os estados correriam o risco de perderem a autonomia governamental e normativa, o ministro Luiz Fux rebateu: "ah tá! Como a lei é boa, não vamos aplicar", recebendo aplausos dos professores que acompanhavam a sessão, Marco Aurélio de Melo não gostou da colocação do colega e treplicou: “Eu não estou aqui a ocupar cadeira para relações públicas, para receber aplausos ou vaias” e pediu a suspensão da sessão. Foi voto vencido, a sessão continuou e agora é lei, nenhum professor que atue 40 horas pode ganhar menos de R$1.187,97 e ponto final. Podemos enxergar nisso uma conquista, sim, há ainda coisa por fazer, um longo caminho a percorrer, mas este é um passo importante, um piso salarial nacional para o professor, mais do que a questão financeira, está aí intrínseca por parte de setores da justiça brasileira, uma proteção a esse profissional que sem dúvida alguma é marginalizado, desrespeitado e preterido em muitos recantos desse imenso país.

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