Mostrando postagens com marcador Conhecimento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Conhecimento. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de abril de 2011

Como se forma um profissional brasileiro?

Ao longo da nossa vida, são várias as perguntas que formulamos para as quais saímos em busca de repostas, as vêzes as encontramos, outras, a vida acaba para nós e deixamos o mundo sem saber seus porquês. Na área da educação me perguntava: "se é tão importante fazer um curso superior, se se considera a universidade, templo do saber, porque eu encontrava pessoas que lá estiveram, concluíram seus cursos superiores e na vida prática eram medíocres nas tomadas de decisões, no fazer acontecer, no construir, no colaborar? Eram tantos exemplos assim que eu mesmo não me motivava a ir para uma universidade, achava que bastava meus conhecimentos práticos, baseados no senso comum para vencer na vida. Mas como dizem, "o mundo dá muitas voltas", um dia fiz um vestibular, passei e a partir de então, fui vivenciar, ver de perto o que acontece no mundo acadêmico. Nos primeiros momentos fiquei admirado, entusiasmado e até deslumbrado com tantas possibilidades. Estava assistindo aulas de mestres, doutores em tantas áreas: sociologia, antropologia, ciência política, filosofia. Cada dia de aula eu saia da universidade com a sensação de que não poderia existir lugar melhor para estar. O tempo foi passando e eu fui conhecendo os bastidores da educação superior no Brasil, percebi que a ideia sempre foi muito boa, mas a prática, ihhh a prática! Assim, numa alusão ao que escreveu Max Weber, me desencantei, conheci um sistema que deixa muito a desejar em muitos aspectos, falta investimento em estrutura, cursos que são oferecidos sem condições adequadas de funcionamento, falta sala, falta livros, falta professores. Conheci um sistema que favorece a disputa de vaidades entre docentes, tapetes são puxados a todo instante, disse-me-disse, fofocas inescrupulosas, práticas descaborosas, exemplos detestáveis. Esse mesmo sistema favorece a falta de compromisso, são professores que não planejam aula, que muitas vezes é notório a falta de domínio do assunto da ementa, que descumprem a todo instante o regimento interno da instituição, mas se utilizam dessas mesmas leis para punir (levando sempre em consideração a premissa de que um erro não justifica outro), mas a lei deve ser para todos. Adotam práticas corporativistas na hora que os interesses dos estudantes confrontam com os seus, e se sentem os tais, acima do bem e do mal. As necessidades da razão maior da existência de uma universidade, que são os estudantes, formá-los para que desempenhem bem seu papel na sociedade e com isso a mesma seja beneficiada, são frequentemente ignoradas, esquecidas diante de uma burocracia que parece não ter fim. Ali há o cerceamento da fala do discente, do tipo: "faça seu curso quietinho e vá embora, do contrário, você sofrerá consequências inimagináveis. Diante de quadro tão sinistro, passei a compreender porque tantos pseudos profissionais são despejados na sociedade por um sistema de ensino superior às margens da falência moral e institucional. E a quem chega as consequências disso tudo? O cidadão comum que paga impostos, que trabalha, que sai de casa 4 horas da manhã para conseguir uma ficha para ser atendido num posto de saúde, quando muitas vezes não dorme ao relento para poder ser atendido por um desses profissionais medíocres, ou que precisa de um advogado e é culpado, mesmo sendo inocente, pois o "profissional do direito" não soube defendê-lo, ou compra um apartamento e perde a vida junto com a família porque o "engenheiro" calculou mal a estrutura do prédio ou sofre para matricular o filho no colégio que vai ter aula de um professor que não sendo formado na área específica não consegue esclarecer os porquês da disciplina ou disciplinas, já que são muitos os que assumem uma enormidade delas, tudo em nome da carga horária e do dinheirinho no final do mês, pois o salário de um professor não o dignifica, especialmente os da educação de base. Mas, apesar de tanta escuridão, pude ver algumas luzes, poucas mas existem, profissionais comprometidos, que amam o que fazem, que buscam conhecimento e querem muito transmití-los aos seus estudantes. Ainda não conclui meu curso superior, mas já vivi a esperiência de sair do trabalho, suado, cansado e percorrer de ônibus quase 20km (sei que alguns percorrem muito mais que isso) para chegar na universidade e o professor não aparecer, sequer dar uma satisfação, como também já vi professor trabalhar o dia inteiro, com viagem marcada para exames sérios de saúde, no entanto comparecer para dar aula. Já vi professor desprezar as reuniões do colegiado, talvez por achar que não vale a pena discutir as necessidades do curso, como também vi professor, coordenador de curso em universidade pública, fazer matrícula, providenciar sala e até cadeiras para que a aula aconteça, quando na verdade a instituição deveria dar ao menos material humano para auxiliá-lo, possibilitando ao mesmo melhor desempenho em sua função. Mas no Brasil, as coisas acontecem assim, soma-se a isso todo o problema do ensino tecnicista adotado pelas nossas universidades, no nosso país, não são os pensamentos críticos que são valorizados, mas aquele que sabe dizer de forma técnica quantas barras de ferro poderão ser utilizadas em uma obra de arquitetura, não que não devem ser valorizados, são importantes, mas faço minhas as palavras da historiadora americana Drew Gilpin Faust, primeira mulher a ocupar o posto de reitora da Universidade de Howard, instituição considerada a mais importante do mundo em vários campos de pesquisa, ela disse: "A sociedade nos pede soluções. Mas a universidade não deve se preocupar apenas com o bem estar imediato dos seres humanos, precisa fazer também com que eles sejam sábios". Com tudo que já foi citado acima surgem as indagações: é possível para as universidades brasileiras produzirem pessoas sábias? Será que essa preocupação existe no âmbito geral? Ou a preocupação está em apenas dar ao estudante o suficienete para enganá-lo, fazê-lo acreditar que sabe alguma coisa? Conclui então que a educação no Brasil é coisa muito subjetiva, não são nossas universidades que formam bons profissionais, mas a vontade individual de quem quer de fato adquirir conhecimento, é necessário que num sistema tão brutal, busquemos ainda mais o conhecimento, corramos atrás dele como o beija-flor busca o néctar das flores, precisamos ler, pesquisar, perguntar, cobrar dos professores que nos apontem o caminho mais adequado, é, uma espécie de cada um por si e a sorte de encontrar pelo caminho pessoas capacitadas que se predisponham a nos ajudar, ou seja, precisamos gritar a todo instante...Socorro! Socorro! Socorro! Na esperança de sermos ouvidos!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

PRECISO CONTAR ESSA HISTÓRIA


O que representou 2010 para você? Parece que foi ontem que estávamos pelas ruas da cidade na expectativa de chegar o dia 01 de janeiro e assim começarmos um novo ano. O dia chegou, o ano chegou e vupt!! Já se foi! E o que fizemos
nesses já quase findos 365 dias? Nessas já quase idas 8.760 horas?

Quando finda um ano, quase sempre somos tentados a olhar para trás e refletir um pouco, tentamos fazer um "encontro de contas" entre o que fizemos com o que deixamos de fazer ou entre o que aconteceu com o que deixou de acontecer.

É verdade que para algumas coisas somos saudosistas, lembramos com alegria e com saudade dos momentos que se foram, mas, para outras, queremos mesmo é esquecer que aquilo de fato aconteceu. Esses dissabores as vezes são tão constantes em um ano que ao término dele exclamamos aliviados: ufa!! que bom que esse ano acabou!

Mas convenhamos, é possível realizar muita coisa boa em um ano, como por exemplo: escrever um livro, compor uma canção, plantar uma árvore ou algumas árvores, retomar os estudos, rever conceitos, construir novas e boas amizades, abrir uma empresa ou mesmo fechar uma que não esteja sendo viável, começar um romance ou renovar e dar mais sentido àquele que já está em curso. São tantas coisas possíveis de serem realizadas em um ano que aqui não dá para relacioná-las todas. Mas qual seria a mola propulsora disso tudo?

O que faz com que todas essas coisas possam se tornar realizáveis é sem dúvida, a iniciativa.

Querer fazer, estar disposto a correr riscos calculados e acreditar nas possibilidades, ainda que pareçam utópicas. Somos todos capazes de realizar grandes coisas quando nos dispomos a fazer acontecer.

Um dia acordei, olhei no espelho e percebi que o tempo estava passando rapidamente para mim, observando ao derredor, não via nada significativo construído, nem para mim e nem para a minha posteridade, pensei: sou mesmo um fracasso, não fiz nada relevante, não tenho nada, não sou nada, estava passando pela vida como mero coadjuvante.

O que deveria fazer? Me contentar com o nada? Sentar à beira da estrada "com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar " como cantava Raul? Ou reunir forças e fazer acontecer? Se optar por essa última...o que fazer? Como começar, ou melhor, por onde começar?

Pensei que seria muito significativo se fizesse um curso superior, mas como? Eu tinha apenas a 6ª série do velho primeiro grau, desempregado, quase um ostracista convicto. Mas não dava para continuar daquele jeito, precisava fazer algo, ser alguém e honestamente, embora relutante, eu não via outro caminho senão...a educação.

A partir desta reflexão começa minha saga rumo à universidade, em um dia quente de verão, fugindo do calor escaldante, resolvi entrar numa agência bancária para desfrutar um pouco do friozinho do ar condicionado, ali encontrei um amigo que possuía um cursinho, este oferecia aulas para supletivo, então lancei um desafio para ele ali mesmo, disse: sei que você é bom nesse negócio, quero que você me coloque na universiade!

Bom, como era de esperar, ele olhou para mim surpreso e deu sua  gargalhada, mas me disse que seria possível sim, o caminho porém, ...ahhh o caminho seria árduo. Ele não sabia o que se passava em minha alma, o desejo ardente de virar a mesa da minha existência, de desconstruir tudo e reconstruir de outra maneira. Naquele tempo eu já acreditava:  não tinha mais tempo a perder.

Meu amigo sorridente pegou um pedaço de papel e traçou um plano para mim, ele me deu 2 anos para concluir os ensinos Fundamental e Médio e logo depois tentar meu primeiro vestibular. Ah meu Deus! seria possível? Matriculei-me no cursinho e comecei a me preparar para as provas de supletivo do Ensino Fundamental. Foi um tempo dificil demais, sem dinheiro, enfrentando um processo de divórcio doloroso, estudava à noite, fazia "bicos" durante o dia, me virava como podia para pagar o curso e assumir as responsabilidades numa situação bastante adversa, mas eu tinha um desejo e não podia desistir jamais.

Foram ao todo 730 dias de busca pelo conhecimento; História, Matemática, Língua Portuguesa, Física, Química, Biologia, conceitos e ideias que eu jamais tinha ouvido falar...

...numa certa altura, no meio desse caminho, não deu para continuar no cursinho, não tinha dinheiro para pagar as mensalidades, um amigo me arranjou uma enciclopédia e era com ele que me preparava para fazer as provas de supletivo do Ensino Médio, bem no estilo Einstein, que dizia: "eu não preciso de escola , tudo que quero saber encontro na enciclopédia". 

Estudava exaustivamente, até altas horas da noite, não podia perder nas provas, representaria atrasos significativos no plano que meu amigo traçou.

Ao cabo de 2 anos fui ao Colégio Estadual de minha cidade receber meu certificado de conclusão do Ensino Médio, não podia acreditar que estava com aquela preciosidade em minhas mãos, um papel amarelo que eu lia e relia o que nele estava escrito, um carimbo no rodapé informava que aquele documento tinha validade em todo o território nacional, eu ria à toa, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Não podia esperar para apresentá-lo a uma instituição de ensino superior.

No mês de dezembro daquele mesmo ano, me inscrevi no vestibular de uma faculdade particular. No dia e hora marcados lá estava eu, sentado numa cadeira para fazer a prova, olhava para os colegas e custava acreditar que estava ali, aquele era meu primeiro vestibular, passando ou não, já estava muito feliz com o que estava acontecendo naquele momento. Fiz a prova e sai dali com a sensação de que não fui tão ruim.

No dia do resultado, me dirigi à portaria da faculdade onde em um mural estavam os nomes dos aprovados e vi com espanto, mas não com surpresa, que meu nome estava lá e mais do que isso, em primeiríssimo lugar para o curso de Publicidade e Propaganda. Sai dali anunciando para todo mundo, coloquei uma mensagem no meu endereço eletrônico para quem quisesse e pudesse ler, orgulhoso daquele feito incrível, agora só faltava...faltava arranjar o dinheiro para a matrícula, mas tinha um problema, ganhava menos de R$600,00 por mês e a mensalidade era R$800,00 e o pior, como era iniciante, deveria de imediato pagar um semestre inteiro ou ao menos apresentar cheques referentes.

Bom...não precisa dizer que sonhei até o último minuto do tempo determinado para matrícula, que conseguiria me matricular, corri atrás de amigos, bancos, família, patrão, mas ninguém apareceu com ao menos os benditos cheques. Também, como eu ia pagar? Não sabia de fato, mas acreditem no que vou escrever agora; no último dia de matrícula, lá estava eu na faculdade, entrei na fila sem dinheiro e sem cheques, sei lá que loucura foi aquela, mas quem sabe, talvez apareceria alguém e faria a minha matrícula, se isso acontecesse eu deveria estar lá, guardando meu lugar, deveria estar no lugar certo, na hora certa. Fui o último a sair, faltei ao trabalho e o óbvio aconteceu, ninguém apareceu...voltei cabisbaixo, triste, frustrado. Acreditei tanto...mas minha crença não foi bastante, esse negócio de curso superior não fora criado para seres insignificantes como eu.

Mas espere...pensa que eu desisti? Não! Ali ficou claro pra mim que o único jeito de eu fazer um curso superior seria concorrendo a uma vaga para a universidade pública, mas as pessoas me diziam: você?! Nem tente, não está preparado, não estudou a escola normal, fez supletivo e ainda quer passar no vestibular de uma pública? Os religiosos diziam: você é pecador, Deus não vai te ajudar.

Mas aquele primeiro lugar na faculdade privada  foi como um aviso do tipo: acredite que você consegue. O tempo passou e chegou o dia de fazer a inscrição no vestibular da disputadíssima pública, escolhi um curso com o qual me identifiquei, Ciências Sociais, curso novo, concorrência média, pensei: é com esse que eu vou.

Fiz a inscrição e no dia de pagar, novamente último dia de prazo, tive que fazer uma escolha. Em meu bolso tinha R$80,00, que economizei deveras para conseguir pagar a inscrição, era seu exato valor, mas meu filhinho precisava de um sapato, a mãe dele, minha ex-mulher, esperava o sapato, comprei o sapato, meu sonho de ser um universitário mais uma vez estava indo para o brejo, mas, lembrei de um amigo, liguei para ele e contei minha história, ele me arranjou o dinheiro e corri para o banco no apagar das luzes, paguei o boleto.

Em Janeiro daquele ano, depois de um período de leituras e pesquisas, mais uma vez no mesmo colégio que fiz o supletivo, mas para fazer os exames de vestibular da Universidade Estadual de Santa Cruz.

Nos 3 dias de exames, recebi carona de um amigo e nos outros fui a pé, do bairro onde moro até o local das provas, cerca de 5km, tinha que guardar dinheiro para a água e para o lanche, afinal como sabem, provas desse tipo são exaustivas, cansativas, estressantes.

Fazia as provas, trazia o caderno de respostas e conferia imediatamente assim que o gabarito estivesse disponível no site da universidade, não zerei nenhuma, quase fechei uma, a de língua estrangeira, fui relativamente bem na redação, estava esperançoso, contava os dias, as horas, para saber o resultado.

Quando saiu, eu estava com um amigo em minha humilde residência, quando ele recebeu um telefonema de uma amiga em comum, pedindo para avisar que eu havia passado no vestibular, não contive a emoção, fiz um barulho imenso e agarrei o meu pai que vinha se aproximando para saber o que estava acontecendo, foi o último grande abraço que dei no meu pai, ele que não era muito afeito a esse tipo de demonstração afetiva, como um homem simples do campo e analfabeto, não compreendia bem o porque de tanta euforia mas me disse: parabéns meu filho, é isso ai! Meu pai não vai à minha formatura, nesse ano de 2010, veio a falecer com 81 anos de idade.

No dia 8 de março daquele mesmo ano , exatamente 3 anos após ter iniciado o projeto que meu amigo planejou pra mim, com um ano de atraso por conta da impossibilidade de me matricular na faculdade privada, eu estava entrando pelos portões da maior universidade pública do interior da Bahia, a 65ª do país, para iniciar minha carreira acadêmica.

Hoje estou indo para o 5º semestre, de fato feliz com meu refazer e ciente de que a iniciativa, o querer fazer, a vontade de ser e vencer, são armas poderosas e eficazes que dispomos para ir além do que imaginamos. Torço para que essa minha simples história inspire muitos a abandonarem o ostracismo e acreditarem na vida...é possivel sim! Acredite em você!

O mundo não é dos espertos, o mundo é de quem acredita na vida e asseguro, o mundo é de quem busca o conhecimento, porque conhecimento é poder!

2011 pode ser o seu ano, faça valer cada um desses 365 dias que logo serão dados a você. Aconteça, construa com dignidade sua própria história!

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...