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sexta-feira, 25 de maio de 2018

CRISE DOS COMBUSTÍVEIS: SUA ORIGEM, SUA RAZÃO, SEUS PORQUÊS

Em relação à Greve dos Caminhoneiros, vamos colocar assim, com letras maiúsculas, pois entendo que esse não é um evento comum. Nele há muito o que ponderar.

A Petrobrás, estatal mais importante do Brasil, é aquela mesma empresa que foi tomada pela politicagem, sim, pois não é uma estatal qualquer, trata-se de uma que movimenta dezenas e mais dezenas de bilhões de dólares anualmente.

Para que tenhamos ideia mais precisa do que representa a Petrobrás economicamente, em 2010 a empresa efetuou  a maior capitalização em capital aberto da história no mundo, 72,8 bilhões de dólares, antes dela, a Nippon com 36, 8 bilhões era a detentora do recorde.

Pois bem, com tanto dinheiro circulando abertamente, sendo ela uma estatal em um país reconhecidamente corrupto em seus diversos setores, foi natural que os olhares dos gatunos vampirescos crescessem em sua direção, sem querer ofender os pequenos felinos domésticos.

A Petrobrás então foi cooptada para patrocinar e bancar grande parte do desvio de dinheiro público que não era pouco, a outra parte provinha de superfaturamentos, desvios de verbas já destinadas para obras estruturais, para a saúde, educação, segurança e por ai vai.

A ganância foi tão grande que segundo o Tribunal de Contas da União - TCU, o rombo chegou a 10% do faturamento anual da Petrobrás.

Bom você pode pensar, 10% é pouco, não quebra uma empresa que tem uma liquidez altíssima pois oferece um produto de extrema necessidade, o combustível, é, pode ser, mas, somando a esses desvios estão as más aplicações e, sendo ela uma empresa com papéis cotados nas bolsas de valores mundo à fora, viu ruir sua credibilidade e como consequência, seus títulos perderem valor de modo vertical.

Para se ter uma ideia, somente em 2014, com o impeachment, a Petrobrás no geral, chegou a contabilizar um prejuízo de 44, 3 bilhões de dólares. Para uma empresa com cotas em bolsas de valores isso é surreal.

Com tanto dinheiro saindo pelo ralo e com a credibilidade abalada, a maior empresa do Brasil se viu em situação de bancarrota, recuperar o dinheiro perdido e, principalmente, a confiança de seus investidores deveria encabeçar a sua pauta, era óbvio que o consumidor iria pagar o pato como sempre foi a dinâmica do país, mas como fazer isso sem causar revoltas na população, qual argumento usar para o aumento assombroso nos preços finais dos combustíveis?

A resposta não demorou, havia um caminho, indexar o valor dos combustíveis ao dólar, isso daria a Petrobrás, um argumento plausível à população, afinal, o preço do produto é reverberado mundialmente e, sendo assim, explica-se o aumento no país.

É óbvio que a previsão de aumento do dólar já estava sendo monitorada com as novas políticas previstas para o governo Trump, assim, cinco meses após Temer tomar o poder, em outubro de 2016, a Petrobrás anuncia sua nova composição de preços dos combustíveis tendo o dólar como um dos seus principais reguladores, adotando assim, a famosa política do livre mercado, dando vez ao que acontece com o mercado internacional, o tipo de política adorado e venerado pelos capitalistas, aqueles que nunca experimentaram e nem desejam conhecer o que é ser pobre, viver desprovido, em muitos casos, até do que é básico.

É bom lembrar que entre 2013 e 2014 o governo Dilma interveio no aumento dos combustíveis, na ocasião a então presidente da estatal, Graça Foster, foi duramente criticada pela grande mídia pois acreditavam-se que atender a um pedido presidencial poderia causar grandes prejuízos à empresa e aos seus acionistas, desses últimos, milhares são norte americanos preocupados em perder seus preciosos dólares com a desvalorização da estatal brasileira e já pressionavam a Petrobrás para mudar suas políticas de preços, no entanto, o governo do PT à época, bateu o pé em aceitar que o mercado internacional fosse parte regulatório dos seus preços de combustíveis.

Esse é um resumo da parte econômica do imbróglio, anexado a isso, está a questão política, essa talvez, a mais emblemática das questões, tendo em vista que escancara o "governo Temer" como aquele que articula suas investidas políticas, ensaia seus discursos e tem coragem para apresentar sem escrúpulos suas cartas no meio político, mas se mostra incapaz de lidar com qualquer crise, desde o desabamento de um prédio com a clara incompetência de sua assessoria por achar que seria aplaudido só por comparecer e fazer alguma promessa até a maior crise do governo, a "Crise dos combustíveis", onde se encontra perdido, lançando mão de discursos e ações estéreis e é simplesmente ignorado pela categoria que está em greve, os caminhoneiros.

Aqui mora o perigo, um governo que não se garante diante de uma greve que não vêm do povo comum, pois não é uma demanda política de ações generalizadas, ou seja, a Greve dos Caminhoneiros não é uma pauta que contempla o povo como um todo, muito embora afete a todos, a greve parte de quem não quer diretamente pagar a conta do rombo da Petrobrás, caminhoneiros independentes e empresas de transportes em geral, tanto que estão unidos, é uma greve articulada, pensada, e consciente do estrago que pode causar, politicamente e economicamente.

Nessa demanda se junta o povo comum, ou melhor, aqueles antes "classe C" e que depois dos governos populistas do PT, passaram a ser, em alguma medida, consumidores. Conseguiram financiar a casa própria com garagem ou estacionamento, tomar empréstimos bancários e com um esforço a mais, compram um carrinho 1.0 para por na garagem ou parar na porta de casa.

Esses adoram sua conquista, afinal, andar motorizado faz muita diferença, voltar a andar a pé é a última opção, mas com o litro de gasolina a R$5,00, quem aguenta? Um absurdo! Eis que ali na BR, os caminhoneiros estão parados, querem pagar menos pelo diesel, juntou-se então a fome com a vontade de comer, surge a #somostodoscaminhoneiros, mentira pura!

Querem mesmo é poder continuar a andar de carro, poder pagar menos por isso é o objetivo e se os caminhoneiros estão chamando a atenção do governo, vamos nos solidarizar, levar cafezinho, almoço, bolo de aipim, suco de acerola e maracujá, nesta época do ano, um licorzinho cai bem e apoio, muito apoio.

Tudo que as empresas queriam e o governo abominava, mas está acontecendo e se o problema saiu da esfera econômica para a esfera política, o poder então está em jogo, e quem não quer poder? A turma do "corre pro abafa" não deixaria passar a oportunidade, um governo fraco, um segmento da sociedade em revolta e o povo em perigo é a receita perfeita para que a turma do ufanismo "moral e bons costumes" diga que isso não está certo, é preciso que haja intervenção e apregoam por todo o canto que "o povo quer intervenção".

Os generais que de repente e gradativamente voltam a ser para alguns babacas, os titãs da política brasileira, ao ver uma parte desavisada da população clamarem seus nomes já colocam a barba de molho e entram com o discurso, ousam questionar uma ordem de um governo banana, afinal quem no governo ilegítimo vai bater de frente? Querem mesmo é o "deixa acontecer naturalmente".

Bom, pra terminar, por tudo isso descrito, é que essa não é uma luta daquele povo chato que veste vermelho e que são chamados de contra-hegemônicos, a diferença é que o povo chato que veste vermelho é em grande medida composto por socialistas e greve de combustíveis tendo como plano de fundo uma estatal é inconcebível no socialismo, é greve de hegemônicos, a pauta do engajamento político e social segue em outra direção, os acontecimentos de então é pra assistir de camarote!

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