Em março de 2009 eu estava, junto com mais algumas dezenas de colegas, iniciando como membro da primeira turma do curso de Ciências Sociais na UESC. Tenho dito que, para mim, aquela não foi uma escolha pensando em ganhar a vida como Cientista Social, ou, como era a habilitação do curso, ministrar aulas de Sociologia no Ensino Médio brasileiro, sinceramente, isso não estava na minha mente, o que me motivava sobretudo era a busca por conhecimento, acreditava e não estava errado, que respostas à diversas perguntas que povoavam minha mente sobre a vida em sociedade seriam adquiridas ali, e foi, de fato, um divisor de águas na minha existência.
Pois bem, se não era a minha preocupação ganhar a vida com o que eu estava estudando, não demorou para que eu tivesse que responder as retumbantes perguntas, tão familiares aos estudantes universitários: e depois daqui, pra onde vou? O que e como vou fazer?
A disciplina Sociologia naqueles dias, não tão distantes, era obrigatória no Ensino Médio, deveria fazer parte da grade curricular, uma conquista, fruto de intensa luta do segmento junto ao MEC e que, no Governo Lula, tornou-se realidade. A mão de obra porém, era escassa, então, eu, como habilitado, estava mais do que garantido no mercado de trabalho, assim pensava, não somente eu, mas, provavelmente, muitos dos meus colegas, daquela turma inesquecível. Não demorou para alguns de nós receberem convites, especialmente da rede privada, ainda no 5°, 6° semestre, já estávamos em escolas, ministrando aulas com a cuca fresca das aulas acadêmicas.
E foi assim, era assim, até que veio o primeiro concurso público para preenchimento de vagas de professores no Estado e, ao olhar o número de ofertadas para a disciplina Sociologia, percebemos que não seria nada fácil um lugar ao sol na profissão, eram parcas as vagas, imagine que para cidades como Itabuna e Ilhéus, apenas duas vagas foram disponibilizadas, sim, uma certa desilusão tomou conta de todos nós, ou ao menos daqueles que ainda sonhavam com uma carreira na rede pública.
A rede privada acenava com possibilidades andrógenas, que somente em um país como o nosso é possível, horas aulas de R$9,00, 10,00, 11,00, duas por semana nos 2° e 3° anos e apenas uma no 1° ano, no final do mês, contabilizavam-se e te entregavam um contra cheque de R$300,00, então você percebia que se quisesse embolsar ao menos um mísero salário mínimo, ia ter que se virar para ministrar aulas em 3, 4 escolas, assumir as megas responsabilidades exigidas, além dos deslocamentos frenéticos para estar disponível, na hora certa, nos variados endereços profissionais.
Do ponto de vista vocacional, um privilégio, estar diante de alunos e alunas diversas, poder dialogar com eles e apontar caminhos, porém, do ponto de vista estrutural, do reconhecimento profissional, uma humilhação! Nenhuma novidade para um Cientista Social que sabe o que é o Estado neoliberal, o ensino privado assim o faz com a anuência do Estado e nós, profissionais, ficamos somente com a encruzilhadista frase: é pegar ou largar!
Então, depois de passar 4 ou 5 anos experienciando o que é a educação no país, especialmente como são tratados professoras e professores, nas redes pública e privada, esses guerreiros formadores de gente mas que se desgastam e se deformam ao ponto de, em muitos casos, terminarem a carreira ignorados e ou portadores de doenças irreversíveis, eu parei, parei não pela profissão que é nobre e essencial, parei pois não me apresentaram algo que me fizesse acreditar, um fazer educação que, de fato, seja capaz de formar cidadãos e cidadãs com a excelência do que isso representa.
Mas, a vida continua, os compromissos se estabelecem e se impõem, e você precisa dar conta deles, coloquei o meu diploma de Cientista Social e de Pós graduado em Sociologia em uma pasta, guardei no fundo do guarda roupas e fui cuidar da vida, atuando em frentes diversas, muito diferentes da minha formação acadêmica, raríssimas vezes, volto lá, olho, vejo como é linda aquela declaração do Estado de que sou Sociólogo, e me pergunto: para que? Me consola a convicção de que me ajudou muito a ser o que sou hoje, mudou meu modo de pensar a vida, de ver e interpretar o mundo, mas cada vez mais indago: é suficiente? Isso não é muito egoísta de minha parte? Cumpre em mim então o pressuposto baumaniano da modernidade líquida caracterizada por um olhar individualista do mundo? Confesso que isso passou a me incomodar grandemente.
Precisava resolver isso, pensar que não dá pra existir nesse mundo sem ao menos tentar fazer a diferença, de modo positivo, na vida das pessoas, do máximo de pessoas possível, e hoje, não é difícil, há muitos caminhos para serem trilhados quando o que se quer é contribuir com o bem estar de outrem. Então, me veio a ideia de Soltar as Asas do Conhecimento Adquirido, o que eu tenho chamado de SACA, como farei isso? Utilizando o meio contemporâneo mais comum de atingir as massas, a internet e suas redes sociais, então estou formatando um canal, o OBSERVATÓRIO SUL BAIANO, uma espécie de megafone do conhecimento, como assim?
Sabe aquele problema na rua? Sabe aquela violência no bairro, na cidade? Sabe aqueles problemas de relacionamento com o esposo, com a esposa, com o filho, com a filha? Sabe aquela dificuldade de aprendizagem? Sabe aquele problema de saneamento básico? E os termos acadêmicos tão distantes das pessoas comuns? Como explicar a desigualdade social? O racismo? A violência contra a mulher? O abandono de animais e suas consequências? E a política, qual a sua razão de ser? Ela é mesmo importante, necessária? E em relação a economia, como explicar a baixa remuneração de alguns e super remuneração de outros, isso pode ser resolvido? Viram quantas interrogações? Tudo isso e muito mais formam um bolsão de sofrimento que atinge multidões e eu, gostaria de ajudar a minimizar através do conhecimento, não sozinho claro, desejo de que o OBSERVATÓRIO se torne um canal multidisciplinar onde as pessoas, indistintamente, encontrem respostas, talvez nem tanto específicas, mas que apontassem caminhos para resolução de seus problemas pontuais.
Será isso utópico? Fruto de uma neurose quarenteniana em tempos de covid-19? Talvez, eu acredito que não, Sociólog@s, Antropólog@s, Cientistas políticos, Historiadores, Pedagog@s, Médic@s, Engenheir@s, Arquitet@s, Geólog@s, Veterinári@s, Ecomomistas, Estatístic@s, Biólog@s, Biomédic@s, Linguistas e demais áreas do conhecimento podem, se desejarem, colaborar nesse projeto, e é muito simples, como o próprio nome já diz, o OBSERVATÓRIO SUL BAIANO quer ser o espaço online onde será publicado seu artigo, sua crítica, sua ideia, sucinto, objetivo, com linguagem simples, não rebuscado, de um problema social detectado por você na região, escreva com o objetivo de alcançar o máximo de pessoas possível. O meu papel, além de participar também dessa observação será megafonar sua fala, sua observação e sua percepção fundamentada no seu conhecimento teórico através dos canais onlines disponíveis.
Se te interessa, mande seu nome, foto, sua formação para o e-mail: maik.35@hotmail.com e considere-se, desde já, Colunista Voluntário do canal OBSERVATORIOSULBAIANO.COM e divulgue para seus contatos, vamos levar conhecimento onde o conhecimento pode e deve fazer a diferença.
Trata-se de uma iniciativa vanguardista, do tipo, pulando o muro acadêmico, penso que vai valer muito à pena, conto com você nesse empreendimento!
Repetindo o e-mail de contato: maik.35@hotmail.com
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