terça-feira, 19 de abril de 2011

A questão do ateísmo

A não existência de um Ser Supremo é algo inconsistente.
Hoje, ao participar de uma reunião com monitores e coordenadores do programa do Governo Federal “Mais educação”, me deparei com uma cena clássica, o debate sobre a existência de Deus entre uma cristã e uma atéia. Quando uma colega declarou ser agnóstica percebeu-se um silêncio mórbido, clara demonstração de reprovação. Percebemos ali que os conceitos cristãos ainda são muito valorizados na sociedade, apesar de tantas intempéries, de tantos problemas sociais e do discurso racional da ciência que aponta para soluções no campo humano, bem à caráter do discurso nietzscheano que apregoava a capacidade do homem de resolver todos os seus males aqui e agora, Nietzcshe em sua época saiu com a ideia do super homem, suficiente em si, não necessitava da religião.


Hoje penso que a grande questão não é discutir a existência de Deus e sim o que representa a religião e como a mesma participou ao longo das eras na formação da sociedade, para o bem ou para o mal, mesmo porque ao ler os escritos de um dos mais célebres e influentes ateus que o mundo já conheceu Friedrich Wilhelm Nietzsche e sua biografia, só os tolos não percebem que o filósofo alemão não se tornou ateu por causa de Deus e sim, por causa da religião, a forma política de se apresentar Deus, especialmente em sua época, em que a religião ainda se auto proclamava detentora de todo o conhecimento, de toda a ciência, proprietária e inquiridora das escolhas e ações humanas.

Embora tenha dito que o ateísmo para ele não era uma consequência e nem um fato novo, existia com ele por instinto, foi grande contestador da moral difundida pela religião, especialmente quando voltava o olhar para as classes dominantes que se utilizavam dos conceitos morais religiosos para dominar as classes mais pobres que ele chamava de inferiores.

O homem que nasceu em uma família luterana, filho de pastor e que também foi estudante de teologia quase seguindo a carreira do pai, abandonou a fé ainda na juventude quando iniciou seus estudos de filosofia. Em sua formação, o centro de seus estudos era exatamente sobre os valores universalmente aceitos, que entendia serem dominados pela religião e pela política que os utilizavam para mascarar a realidade humana, cheia de percalços.

A despeito de todos esses pensamentos e longe de atuar como advogado do filósofo, podemos ver nas entrelinhas, um Nietzsche revoltado com seu momento, no contexto em que vivia. A sua clássica frase: “Deus está morto” é imediatamente acompanhada com outras que se referem ao ostracismo na sociedade imposto pela religião dominadora e coercitiva.

Assim, diz-se que a filosofia afasta os homens de Deus, é em minha opinião um dolo engano, muito pelo contrário, nas fendas dos pensamentos filosóficos Deus está ali, intrínseco, real e absoluto, mesmo quando nos referimos aos grandes filósofos gregos que viveram antes do surgimento do cristianismo.

Na metafísica aristotélica vemos o pensamento ocidental embrionário do monoteísmo, ainda que para a filosofia grega da época era impossivel tal concepção, mas fala de um ser que não é apenas um ser, mas do ser enquanto ser, que está além da física, além da matéria, daí a palavra "metafísica", e quando questionado sobre a origem do movimento, sobre quando tudo que é físico surge, eis que se apresenta o pensamento filosófico aristotélico do primeiro movimento, aquele que não depende de outro ser, mas apenas de si e de onde emana todo poder e toda força para dar movimento e existência a todas as coisas.

No livro II da Metafísica, vemos um Aristóteles se referindo a um ser que é nobilíssimo, um ser máximo, verdadeiro ao máximo e sendo assim é causa de tudo que é daquele gênero, como o fogo que é o máximo do quente e é a causa de todos os quentes. Mais tarde no século XIII, Thomás de Aquino arremata dizendo que existe algo que é a causa da existência de todos os seres, da bondade e de qualquer perfeição, e a este chamamos de Deus. Basta pensarmos que somos a sua imagem e semelhança, portanto tomando por base o pensamento de Aristóteles, somos do mesmo gênero de Deus, então ele é a nossa causa.

Diz-se que não se pode afirmar a existência de Deus, por ser a crença destituída de consistência, o mesmo podemos dizer da não existência de Deus, se nos aprofundarmos na filosofia, na história e em todas as ciências veremos que é inconsistente demais afirmar que Deus não existe, eu, particularmente prefiro acreditar neste ser máximo de onde emana toda a perfeição, posso questionar as organizações religiosas e suas ações alienantes como fazia Nietzsche, mas jamais me sentiria à vontade para questionar a existência desse ser supremo. Razão de todo o existir.


6 comentários:

  1. Permita-me fazer um breve comentário meu bem, sobre esse texto que achei super interessante. Como eu sei que Deus existe? Eu sei que Deus existe porque eu falo com Ele todos os dias. Eu não O ouço falar comigo “de uma forma audível”, mas sinto a Sua presença, sinto a Sua liderança, conheço o Seu amor, desejo a Sua graça. As coisas acontecem na minha vida de forma que não há outra explicação senão Deus. No fim das contas, a existência de Deus deve ser aceita pela fé. A fé em Deus não é um salto cego no escuro, mas um passo seguro em um lugar bem iluminado.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Li o seu texto e acho que há no mínimo três pontos incorretos: primeiro que vse utiliza de uma falácia, ataca o pensador Nietzsche enquanto pessoa, pra desvalorizar suas ideias; segundo, não é obrigação de nenhum ateu provar a inexistência de deus, é obrigação de teístas fazer isto, responda-me francamente como pode-se comprovar que alguma coisa não existe? ; terceiro: utilizar o nome de grandes filósofos para comprovar a existência de deus não o faz existir, pois nenhum deles tinha subsídios para provar tal afirmação...
    Você tem todo o direito de crer no que quiser, mas a crítica á sua construção textual pode ser feita não é mesmo?
    Abraço!

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  4. Caro, O Freak,
    em primeiro lugar isso não é uma falácia,é preciso ao escrever em um blog, respeitar o autor do texto, vc tem todo direito de comentar e contestar, desrespeitar não. Graças a DEUS falaciano eu não sou, depois eu não ataco Nietsche em hipótese alguma, apenas como estudioso de suas ideias e seu contexto faço uma análise com relação à prática religiosa de sua época, portanto não desvalorizo suas ideias, quem sou eu para fazer tal coisa? Vc fala que é papel do teísta provar a existência de Deus, em nenhum momento eu disse que ateus tem que provar sua existência, aliás o ateu tem mesmo é que provar a sua não ecxistência e por fim, não utilizo nomes de grandes filósofos, eu me valio de suas ideias não de seus nomes isso não é necessário, é preciso que vc enquanto estudante de ciências sociais busque o conhecimenro livre de pré-noções, percebe-se vc como alguém revoltado com as ideias cristãs, não discuto isso, meu pensamento é só e unicamente a respeito da existência de um ser supremo que se vc quiser, poderá ler os pressupostos de Platão, Aristóteles, Sócrates e mesmo Nietsche e verás que eles não descartavam totalmente esse conceito.

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  5. *Primeiro entendo que não compreendeu-me como um crítico de ideias... achou que o que disse foi pessoal...
    *Segundo ,uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Estou aqui falando de artifício argumentativo e não do seu caráter.
    *Terceiro, repito : como se pode provar a inexistência de algo? o coerente é que se prove a existência daquilo que se afirma.
    *Quarto, cometeu a mesma falácia que citei sobre nietzsche ao meu respeito dizendo: "percebe-se vc como alguém revoltado com as ideias cristãs", e isso não valida seus argumentos...
    *Quinto: conheço a teoria de todos os autores mencionados, mas é como disse , ele consideraram a hipótese mas nunca comprovaram ...
    *Não achei que encararia desta forma meu comentário, mas se achar mais conveniente, não me pronuncio mais no seu espaço, quis apenas contribuir...

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  6. Poxa Freak, que revolta hein? Parece realmente que os teístas te fez um grande mal, peço desculpas por eles.
    Primeiro é necessário que vc vá ao dicionário e entenda que falácia é engano e quando vc diz que meu argumento é falácia vc precisa provar que estou enganando alguém ou que essa é minha intenção, coisa que vc não faz e com isso vc ofende, é preciso ter cuidado com o que se fala, pode fechar portas, a liberdade tem seus limites sabia?
    Segundo não pretendi ao escrever meu texto persuadir ninguém apenas colocar uma opinião acerca do que penso sobre o assunto, a liberdade de expressão e de escolha nos permite isso, como te permite ser ateu.
    Terceiro, vc diz que meus argumentos são falsos, como vc prova que os seus são verdadeiros? Baseados em que e onde? Nesse caso não são seus argumentos de fato uma "falácia"?
    Quarto, eu disse que percebe-se que vc é um cara revoltado com as ideias cristãs, mantenho o que penso, isso é nítido, vc não provou o contrário, então não foi falácia o que eu disse.
    Quinto, para alguém que diz que conhece a teoria de todos os autores vc me parece bastante equivocado quando diz que os mesmos consideraram a hipótese mas nunca comprovaram, o que dizer então da teoria do primeiro movimento? Jamais foi derrubada só para citar uma, e se vc presta atenção no que estuda vai ver que uma teoria é verdadeira até surgir um argumento capaz de derrubá-lo, o que não aconteceu com Aristóteles. É preciso mais humildade caro estudante.
    Por fim eu pediria encarecidamente que poupe esse espaço de suas hipóteses, qualquer coisa mais aprofundada podemos debater numa boa e na paz esse assunto pessoalmente...mesmo porque vc não quis contribuir e sim tumultuar, foi horrendamente mal educado e fraco em argumentos...desde já agradeço!

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