Ao observar os acontecimentos dessa semana na Universidade Estadual de Santa Cruz, a UESC, pude perceber que nossos garotos e garotas estão com dificuldades no que diz respeito fazer política, principalmente quem detém o poder majoritário no Diretório Central dos Estudantes.
O orgulho, o egoísmo e a falta de sensibilidade política se mostraram pelo menos para mim, um simples observador, algo muito claro e evidente em toda a situação. Sentimentos assim causam divisão, racha, e quando isso acontece, o processo de construção fica emperrado, não há avanços e a tendência, se uma parte não ceder, possibilitando uma retomada nas negociações, é dar espaço para uma anarquia.
Para mim, o movimento “Mobiliza UESC, é aquilo que podemos chamar de franco atirador, nada tem a perder, não coloca nada no jogo e se nada conquistar, também nada perde e o mínimo que ganhar já é um grande lucro, e já está no lucro, pois caíu na mídia, agora todo mundo sabe que ele existe e está fazendo barulho, e mais, o objeto que utiliza é legítimo, porque é o anseio de pelo menos 8 em cada 10 estudantes da UESC, as melhorias nos serviços prestados aos estudantes, se utiliza isso para construir um argumento que o favoreça no futuro é outros quinhentos, mas que é legítimo, é inegável. Isso nos leva a pensar um pouco
Não vou colocar aqui em discussão a questão da ligação da majoritária com o PCdoB, que é uma coisa muito evidente, o meu medo do aparelhamento do diretório sempre existiu e por conta disso sempre critiquei esse fato. Mas quero limitar a discussão apenas no âmbito acadêmico, que acho, é onde devemos ficar para fazermos uma política livre e independente.
Ao que percebi, não houve diálogo entre as duas partes e se houve foi sempre muito limitado, já faz algum tempo que o “Mobiliza UESC” vem sendo gerado e isso aconteceu dentro do próprio DCE, basta olhar para quem são as cabeças do movimento, são membros da minoritária. Nenhuma providência foi tomada, nenhuma chamada para negociação, nenhum diálogo mais aberto e franco do tipo: o que vocês propõem? Como podemos trabalhar juntos nisso? Onde podemos dar as mãos e por ai vai.
Ontem, creio, foi o clímax desse imbróglio e foi deflagrada oficial ou não, não somente uma greve de estudantes mas também uma guerra política dentro do próprio movimento estudantil, tornou-se uma queda de braços, com desfechos inimagináveis, isso porque a força maior da majoritária está em representações políticas fora dos portões da universidade, enquanto o movimento “Mobiliza UESC, busca se fortalecer entre os estudantes e isso pode representar um grande problema para a atual gestão do DCE, explico:
Thiago Fernandes, presidente do DCE, é um cara sensacional, prestativo, aplicado, atencioso, me aproximei de Thiago, por conta da minha participação no CACiS, como coordenador de comunicação, já trocamos algumas ideias e gostei demais de sua simplicidade, porém politicamente, penso que ontem ele deu um tiro no pé, ao se negar dialogar com os estudantes que ali se encontravam e tentar inviabilizar de forma truculenta a mobilização, acabou legitimando o movimento e injetando gás nos seus representantes.
Hoje li em alguns blogs, uma carta de repúdio que Thiago enviou, nela ele diz claramente que não reconhece o movimento e que este não tem legitimidade, que a greve anunciada pelo movimento não deve ser respeitada porque ele enquanto presidente não convocou nenhuma assembléia. Em partes ele tem toda razão, afinal existe uma burocracia regimental a ser seguida para que algo desse porte se torne oficial, mas há algo que ser considerado nisso ai, trata-se mesmo da questão da legitimidade.
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