O que aconteceu e como aconteceu.
Ontem à tarde fui à UESC para uma reunião com o Centro Acadêmico de Ciências Sociais, o CACiS, fiquei sabendo no caminho que iria acontecer uma assembléia de estudantes no final daquela mesma tarde, confesso que não estava interessado em participar, senão, cumprir meu dever com o Centro Acadêmico e ir embora pois tinha compromissos ainda. Por conta de algumas reuniões em Itabuna, acabei chegando ao final do encontro. Saindo dali vi uma movimentação diferente no Espaço Universitário e resolvi verificar, saber o que estava acontecendo, era um entra e sai do DCE (Diretório Central dos Estudantes) como poucas vezes eu vi, senti que a coisa estava meio atravessada, e quando a coisa está assim, é melhor ficar pra ver o que acontece e eu fiquei.
Coisa que universitário mais gosta é de uma “pelengazinha” pra ter um motivo de soltar seu grito de guerra, muitas vezes nem está certo se é aquilo mesmo que quer, mas é tentador estar na “muvuca”. De repente era notebook's pra todos os lados, cartazes com frases de efeito colados em todos os cantos, ali tinha também barracas armadas, data show, som, o "espetáculo" estava para começar e o custo que tive para estar ali foi de apenas 2 passes estudantis nada mais, sair dali? Eu? Jamais. Queria acompanhar tudo de perto.
Conversei com vários dos que estavam presentes sem saber se meus interlocutores estavam de um lado ou do outro, eu tava que nem garrafa pet no esgoto, as águas sujas estavam me levando e eu nem sabia pra onde, mas ia aos poucos juntando as peças do quebra-cabeça. Foi quando alguém pegou o microfone e começou a falar, este dizia que fazia parte da chapa minoritária, que esteve presente numa reunião e coisa e tal e que aquela assembléia era legítima e que por isso estava ali, outro no meio do povo bradou: "hoje eu tenho muita coisa pra falar sobre esse DCE", imediatamente percebi que se tratava de uma divisão, como o diretório é composto de 70% da chapa majoritária que detém a executiva, a mais votada nas eleições e 30% da minoritária, ficou claro para mim, o jogo do poder entre os membros do DCE.
A assembléia iniciou-se e começou as falas, fui prestando atenção em cada uma delas, ânimos exaltados, muita gente com o estatuto do DCE em mãos, muitos questionamentos, o principal assunto da pauta era a participação ou não dos estudantes na greve deflagrada por professores e funcionários contra o decreto 12.583/11 que o governo do estado assinou e as consequências todos já sabem: cortes de verba, inviabilização do aprimoramento do corpo docente, falta de investimentos em estrutura, ferimento da famigerada autonomia universitária e por ai vai.
Mas o início da assembléia não poderia ser mais animador pra quem gosta de barulho, todas as falas estavam direcionadas ao que chamavam de omissão do DCE, gritavam: "cadê o presidente? Onde está a representação estudantil? Eles são omissos! Não se posicionam! Daqui a pouco um tumulto, a mesa se desfez e saíram todos correndo em direção a sala do DCE, ameaças, gritaria, a atuação da turma do deixa disso, as coisas se acalmam e continuam as falas, gritos, palmas, incentivos, fala representantes de cursos, de funcionários, de professores e eu me perguntava a todo instante: qual é o momento que a executiva do DCE vai falar? Eles não apareciam, estavam escondidos, logo veio a noticia, estavam numa reunião chamada COEB, uma instância deliberativa do DCE, marcada em cima da hora para tentar desarticular o movimento dos estudantes, e esse movimento tem nome, chama-se "Mobiliza UESC", que não cansam de afirmar, como o próprio nome já diz, é uma mobilização, já que o diretório, que é o representante legal dos estudantes, não se mobiliza, dizem eles a todo instante. Eles não me representam, eu me represento" outro grita.
A assembléia acontecia, o tempo ia passando e ninguém arredava o pé, as propostas iam surgindo, assinaturas iam sendo colhidas, gente chegando, apoio ao que estava acontecendo vieram de Vitória da Conquista, Jequié, Adusc, Afusc e nada da executiva do DCE se manifestar e eu pasmo, observava de modo crítico tudo aquilo.
Eis que surge o vice-presidente do diretório, convidaram-no para falar e ele tinha que responder uma pergunta em especial: "porque o DCE não considerava aquela assembléia como legítima?" O pobre rapaz até tentou responder, mas claramente sem eloquência e sem argumentos, resolveu se retirar do local, não só ele, mas toda representação majoritária do DCE, o que me deixou ainda mais pasmo, eu me perguntava: ué! Não são estes os estudantes e aqueles os seus representantes?! Enquanto se retiravam alguém no meio da “muvuca” gritou: Olha lá o presidente, ele está fugindo, está indo embora! E uma sonora vaia foi ouvida, acompanhada com várias palavras (ões) que nessas horas acabam sendo inevitáveis. Logo abaixo, nos próximos dois posts, meu ponto de vista sobre o acontecimento, por favor não deixe de ler.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira
Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...

-
Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...
-
Em relação à Greve dos Caminhoneiros, vamos colocar assim, com letras maiúsculas, pois entendo que esse não é um evento comum. Nele há muit...
-
Em março de 2009 eu estava, junto com mais algumas dezenas de colegas, iniciando como membro da primeira turma do curso de Ciências Sociais ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não deixe de comentar, sua opinião é muito importante.