domingo, 9 de setembro de 2012

EIS QUE SE CONSOLIDA O NEOADVENTISMO! A "NOVA SEMENTE"

Fachada da nova Igreja Adventista do Sétimo Dia
 "Nova Semente", acima, o símbolo da igreja tradicional.
Recentemente, quando voltava da universidade, um amigo de longas datas me ofereceu carona, que claro, aceitei. Afinal, economizar é uma missão de cada universitário que depende, por exemplo, do transporte público.

No trajeto, falamos dos velhos tempos, perguntei-lhe sobre seus familiares e finalmente, sobre a igreja da qual faz parte e da qual também, um dia fui membro atuante.

Foi quando ele me fez uma pergunta que me deixou curioso: você já ouviu falar da Nova Semente? Eu respondi que não, estava tão desatualizado desse mundo sacro, que emendei umas perguntas: é o que? Mais uma denominação protestante chegando à cidade? Você está deixando sua igreja antiga?

A resposta dele foi intrigante: “não, é o nome da nova congregação Adventista do Sétimo Dia que está sendo construída em uma área nobre da cidade!” Fiquei em silêncio por alguns instantes, sem entender direito o que estava ouvindo, depois pedi que me falasse mais sobre aquilo tudo. Ele foi me explicando que a tradicional Igreja Adventista do Sétimo Dia estava com uma nova proposta de evangelização, decidiram que, se quisessem ganhar a chamada classe “A” da sociedade brasileira, deveriam dar uma nova roupagem no seu modelo de culto, suas músicas, suas pregações, a estrutura física do templo e por aí vai.

Para mim foi um desses momentos em que pude perceber como o estudo das ciências sociais é importante, especialmente, neste caso, a sociologia. Esta ciência consegue quase que instantaneamente nos situar diante de uma notícia destas, especialmente quando você conhece toda a proposta de um grupo social, que é o meu caso, pois durante muito tempo conheci de perto a organização Adventista do Sétimo Dia.

Para entender essa “nova roupagem” da fé Adventista, é necessário mergulhar um pouco no mundo pentecostal e entender como surgiu o neopetencostalismo, especialmente no Brasil.

O sociólogo Ricardo Mariano, pesquisou durante muito tempo esses movimentos religiosos no Brasil, e, em seu livro “Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil”, Edições Loyola, 1999, ele analisa que no Brasil da década de 1930 em diante, os pentecostais enfatizavam que sua proposta era ajustar e integrar uma classe social que estava, muitas vezes à margem do desenvolvimento do país, vivendo com baixos salários, em péssimas moradias e condições de saúde para lá de temerosas.

Neste tempo, no Brasil, acontecia um grande fluxo migratório de famílias que saiam da zona rural para os centros urbanos, muitas vezes iletrados, sem profissão que fosse útil na cidade, ou que ao menos garantisse um salário mais digno, somando ao rápido processo de urbanização destas cidades, para os pesquisadores, isto muito favoreceu o êxito pentecostal no que pode ser chamado de contexto urbano-industrial.

E quais eram as suas poderosas armas? Solidariedade entre os irmãos de fé, auxílio mútuo, ressocialização, reorientação de conduta concomitante com a revisão de seus valores e sua interpretação de mundo que agora, deveriam estar de acordo com preceitos bíblicos impostos pela comunidade sectária. Uma situação que implicava em o individuo levar uma vida fortemente contracultural, sectária e ascética, algo como rejeição e desvalorização do mundo, o que fez com que, como nos indica Weber, quando se refere ao mundo como habitat de todos os homens e que, portanto, estão sujeitos a todas as suas tentações, os indivíduos pentecostais para se ver “protegidos” deste  mundo, criaram para si, verdadeiros mosteiros (igreja e casa) e neles se fechando, saindo apenas para trabalhar, para ganhar o pão.

Isto, que durante os primeiros 40 anos do pentecostalismo não representava problema algum, uma vez que seus membros eram na grande maioria, oriundos das camadas mais pobres da sociedade e, por isso mesmo, acostumados com uma vida simples.

A partir de meados dos anos 1970 esse modus vivendi passou a ser um entrave no crescimento e desenvolvimento do pentecostalismo no Brasil. Membros destas igrejas ascéticas perceberam que, em um mundo capitalista, em uma sociedade de consumo, continuar exigindo que os fiéis se distanciassem das boas coisas que o mundo oferece, como conforto, riqueza, lazer, moda, ritmos e cores, achando que isto tudo é tentação e pecado, não era saudável para o seu propósito de crescimento no país, a partir deste momento e a partir da releitura estadunidense da religião pentecostal, surge e desenvolve-se de modo explosivo o neopentecostalismo no Brasil, que como escreveu Mariano (1999: 221) “transformou as tradicionais concepções pentecostais acerca da conduta e do modo de ser do cristão no mundo”.

Para o neopentecostalismo, ser cristão tornou-se o meio primordial para permanecer liberto do Diabo e obter prosperidade financeira, saúde e triunfo nos empreendimentos terrenos, ou seja, manter uma boa relação com Deus passou a significar o mesmo que se dar bem na vida.

A diferença então do crente pentecostal para o crente neopentecostal para encurtar nosso papo, é que, o primeiro grupo continua com uma postura tradicional sectária e ascética, embora já com certas permissividades, enquanto o segundo grupo passou a estabelecer sólidos compromissos com o mundo, com seus valores hedonistas, com seus interesses materialistas e com seus prazeres.

Veja, no entanto que, o neopentecostalismo não abriu mão totalmente das vertentes pentecostais, continua com suas funções nomizadoras e mantém ferrenha luta contra o Diabo, contra a carne e o mundo. Mas é inegável que o fervor apocalíptico desses religiosos esfriou, embora continuem acreditando no segundo advento do Cristo, quando acreditam que serão arrebatados aos céus para viver eternamente com Deus.

Voltando então à “nova roupagem adventista” com sua Nova Semente”, o que vemos, ao observar o que acontece no seio da igreja, é que, com o rápido desenvolvimento da tecnologia, permitindo que o conhecimento se alastre de forma veloz e fácil, com o despertar das pessoas, especialmente membros de uma igreja que tem características ascéticas e fundamentalistas, e que se tornaram críticos e exigentes, a própria sociedade brasileira com sua nova classe média tendo acesso mais fácil a processos de conhecimento coloca na berlinda determinadas formas de pensar e liderar.

A igreja então se viu num momento semelhante ao pentecostalismo dos anos 1970, estagnou-se apesar dos esforços evangelísticos empreendidos, basta analisar o resultado do último senso do IBGE, como o crescimento do adventismo no Brasil chegou às raias da insignificância, em algumas regiões chegou mesmo a regredir.

Ficou claro para a liderança desta igreja, que se manter distante da nova realidade social é o mesmo que assinar um atestado de óbito. No entanto, como mudar organicamente uma igreja secularmente tradicional e fundamentalista? Ou seja, era de fato, um beco que aparentava sem saída.

Se causaria escândalo implantar dentro de uma instituição com estas características um novo modelo e uma nova concepção de adoração a Deus, fazer isto de modo paralelo, poderia ser menos danoso e com isso surge, com status de salvadora da pátria, com um nome bastante sugestivo a “Nova Semente”, que na compreensão sociológica nada mais é do que o neoadventismo.

Mas notem, no caso do neopentecostalismo ele não surgiu coexistente com o pentecostalismo. Não no sentido tempo e espaço, ele surgiu de dissidentes que perceberam: o modelo pentecostal de praticar religião não conseguiria manter na nova realidade social, seu crescimento avassalador como foi nos anos 1930-70. Mas no adventismo, o neoadventismo surge de modo orgânico, e por isso é estranho e causa confusão em boa parte de seus membros, muitos deles nascidos e crescidos no sistema tradicional, ou seja, não é simples para estes membros aceitar que nesta nova Igreja Adventista, haverá um nível de liberalidade nunca antes visto na história da igreja, pelo menos no Brasil, e principalmente, a proposta de ser uma congregação destinada para a classe “A” da sociedade, isto é demais para membros que cresceram acreditando em um Deus que não faz acepção de pessoas e que não está interessado em suas riquezas mas sim, em seu coração. Ainda que a liderança diga que esta é uma experiência evangelística inovadora e importante para a própria manutenção da igreja no sentido de existência.

Trocando em miúdos, se analisarmos de modo biológico, como fez Durkheim ao buscar entender o funcionamento da sociedade, a igreja “Nova Semente” é andrógena, uma vez que faz parte da igreja tradicional, mas ao mesmo tempo nega, ou ao menos, esconde sua origem, fazendo muitas coisas contrárias ao tradicionalismo. Diremos então que há aí uma esquisitice.

Se trocarmos mais em miúdos ainda, esta nova identidade adventista se vale do engodo, a primeira, e é triste só em pensar, a de deixar evidenciado para seus quase 30 milhões de membros ao redor do mundo, membros estes tradicionais, que tudo que viram e ouviram ao longo de suas vidas foi um equívoco, na verdade a verdadeira forma de se adorar a Deus é esta que agora é apresentada, ou seja, foram enganados.

A segunda, não menos negativa é que os novos membros ricos que farão parte da “Nova Semente” serão posteriormente encaminhados para o formato de culto tradicional, modelo que a igreja acredita, é a verdadeira forma de adorar a Deus, ou seja, também serão enganados...bom, é melhor dizer: catequizados!

Do ponto de vista da sociologia, os líderes da Igreja Adventista precisam tomar muito cuidado, pois a depender de como a ideia chega aos seus membros, pode surgir na sociedade, pelos menos entre os fiéis adventistas, um caso de apartheid religioso protestante escancarado numa sociedade de desigualdade social. Quando é possível pensar no quadro que se pinta: “igreja para rico” X “igreja para pobre”.

Bom, para mim, fica aquela certeza impávida, nosso bom e velho Max Weber tinha razão quando escreveu: “Do ut dês é o dogma fundamental, por toda parte. Esse caráter inere à religiosidade cotidiana e das massas de todos os tempos e povos e também de todas as religiões. O afastamento do mal externo e a obtenção de vantagens externas, ‘neste mundo’, constituem o conteúdo de todas as ‘orações’ normais, mesmo nas religiões extremamente dirigidas ao além’ (Weber, 1991:293).

E para fechar, um texto publicado pelo jornalista José Simão, na Folha de São Paulo em 1/10/1991. “E a melhor piada do fim de semana foi a do Chico Anysio na ‘Escolinha do Professor Raimundo’. Um cara tava na frente de uma dessas igrejas de crente e a mulher falou: entre, meu irmão. E o cara responde: ‘não posso, tô duro’”.

Definitivamente, no olhar dos teólogos modernos, mais do que nunca, Deus é cada vez mais capitalista! E ele tem preferência pelos endinheirados, tanto que os trata bem melhor que os pobres coitados. É como dizia Salomão: “Tudo é vaidade”.

25 comentários:

  1. nao tem muito a ver o argumento pelo qual foi mudar de igreja pois sou adventista e nao tem nada disso acontecendo.

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    1. Olá Alessandra,
      grato pela sua visita e tb pela emissão de sua opinião. Esta é uma boa discussão. Quando escrevi o texto não visei essencialmente o que estava acontecendo, mas o que porventura pode acontecer, não é uma questão aqui/agora, mas é uma análise das consequências da referida ação. Do ponto de vista sociológico, diríamos que trata-se de uma questão teleológica, se pensarmos nos eventos históricos que originaram o neopentecostalismo, cujas características não diferiam da atual proposta adventista, apenas o fato de ter acontecido, como está no texto, a partir de dissidentes e não de modo orgânico como é o caso dos adventistas. De todo modo trata-se de uma organização séria, por isso mereceu um post neste blog, esperamos que seus líderes saibam contornar eventuais consequências. Um abraço!

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    2. Maik, sou estudante de sociologia e cristão adventista. Comecei na Unisinos, RS, e agora estou terminando na London School of Economics. Percebi o entusiasmo do amigo em utilizar conhecimento recém adquirido na academia para interpretar uma informação recebida. É realmente um privilégio, e as vezes parece como uma visão "Raio X ", o que o estudo das Ciências Sociais nos possibilita perceber. Lembro-me de sentir algo parecido quando tive o primeiro contato com as obras de Erving Goffman, especialmente "The Presentation of Self in Everyday Life" e fazer minha primeira etnografia. Não sei já leu, recomendo! É engraçado, interessante e triste ao mesmo tempo, perceber o funcionamento das pessoas e a complexidade e desdobramentos das interações sociais. Sabe Maik, a facilidade que a ferramenta do conhecimento sociológico nos traz em interpretarmos fatos e compreendermos o Mundo, se alienada da noção da complexidade e relatividade dos fatos e da noção de nossa grande limitação intelectual e emocional, principalmente devido a nossa subjetividade (nenhuma produção científica dentro das ciências humanas será 100% objetiva, sempre será influenciada por nossa subjetividade), qualquer posicionamento definitivo poderá ser lamentavelmente definitivamente equivocado. Ainda mais quando estamos encurralados por dois lados: atrás a razão cartesiana e a nossa frente o pragmatismo e o novo mind set do here/now. Dois fundamentos filosóficos de busca da realidade que apesar de antagônicos, limitam igualmente a visão da realidade e desconectam o homem um dos outros e de si mesmo. Como disse o Jean Paul Baudrillard e em Simulacros e Simulação: O mapa precede o território. A informação precede o seu próprio conteúdo". Mas enfim Maik, o que queria te dizer é que apesar de identificar alguns pontos sólidos no teu post, me pareceu que o texto foi um primeiro impulso intuitivo baseado em parte nos autores que vc tem lido e em parte nas suas experiências pessoais com a Igreja Adventista. mas mesmo assim nota-se que tens pontos interessantes. Mas penso que para vc chegar a uma visão mais completa (e não quero dizer com isso que será ou não concordante com a minha visão), acho que deverias seguir utilizando métodos de pesquisa qualitativa em sociologia. Ou seja, ir a campo, fazer uma etnografia, entrevistar membros, entender o contexto sobre o qual estás escrevendo... O idealizador da Nova Semente, Kleber Gonçalves, após fazer Doutorado em Missiologia Urbana nos EUA, decidiu que precisava fazer algo para levar a mensagem ás pessoas de nível intelectual mais alto, que tendem a ser secularizadas (destituídas de religiosidade e absorvidas pelo here/now mind set), não somente a Classe A, como foi colocado no artigo. A Nova Semente é um projeto local, e não um projeto de expansão da Igreja Adventista a nível nacional. A IASD tem se modificado e revisto posturas passadas e tentado modificar a cultura interna que essas posturas possam ter gerado, não por serem impopulares, mas por estarem em desarmonia com a essência da filosofia de Jesus Cristo. O foco da Igrega Adventista hoje, é servir a comunidade (ADRA, Projeto Quebrando o Silêncio, Desbravadores, Escolas Adventistas, Doação de Sangue em massa, etc) e levar as pessoas a terem suas vidas efetivamente melhoradas pelo relacionamente (metafísico mas real) com Aquele que cremos ser o Criador da humanidade e grande interessado no bem estar individual e coletivo dela: Deus.

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    3. Olá caro Márcio S. Muito grato pela sua participação, seu comentário apresenta-se de modo interessante quando trás algumas informações acerca do objetivo da nova semente, mas como vc disse "nenhuma produção científica dentro das ciências humanas é100% objetiva". É verdade, ela acaba até certo modo impregnada da subjetividade, eu diria diferente de vc, mas com o mesmo significado, diria que a neutralidade axiológica tão desejada entre os cientistas sociais é utópica, mas nem por isso a produção do conhecimento nas ciências sociais perde o seu valor, pensar assim seria um desserviço para a humanidade. Ao que se vê no seu comentário, muito bem articulado é aquilo que chamamos a grosso modo de "advogar em causa própria". Porque digo isto? No final do post vc sinaliza que a IASD está focada em servir a humanidade, sugiro que vc leia um trabalho meu publicado em 5 países de língua portuguesa intitulado "Organizações protestantes e responsabilidade social, um estudo de caso no eixo Itabuna e Ilhéus" e vc verá que esse trabalho realizado de modo empírico como vc sugere, prova que ao menos neste rincão de mundo, a IASD está muito longe desse foco que vc aponta. Outro equívoco no seu comentário é a sugestão de que a classe de nível intelectual mais alto e a classe A, separemos então assim, esteja destituída de religiosidade, como deve saber como estudante de sociologia, isto não é possível, a religiosidade ela é intrínseca à condição humana, não destituição, o que pode haver é um afastamento de questões religiosas por conta do materialismo exacerbado meramente. Uma outra informação desencontrada é quanto a nova semente ser um projeto local e de expansão da IASD, e o que vc me diz sobre sua presença nos EUA? Como vê não se faz necessário um pesquisador empírico para inferir sobre a atual realidade da referida denominação, ser e agir tal qual Durkheim, hj com a consolidação das redes sociais torna-se mais que suficiente. Se se interessa pela leitura sugerida, segue o link http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1308356299_ARQUIVO_CONLABtextofinal.pdf

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    4. Bom dia Maik, Obrigado por publicar meus comentários e por sua resposta. Minha intenção não é começar um fórum aqui no seu blog. Em respeito em primeiro lugar, ao seu espaço, onde você manifesta a sua opinião, e em segundo lugar ao assunto; que merece ser debatido de uma maneira mais apropriada.
      Resolvi me manifestar porque entendi que seu post não condiz com a realidade que percebo e precisava de considerações adicionais. O que eu quis dizer em minhas colocações (obrigado pelo "articuladas", mas a intenção não foi utilizar de retórica, somente tentei colocar as idéias de maneira mais clara possível), é que, concordando com você, a subjetividade é algo inevitável, mas principalmente, no caso de seu post, ele estava impregnado dela. Por isso sugeri que você tomasse conhecimento do assunto de maneira menos informal, um pouco mais metodológica, por consideração não somente as pessoas e instituição envolvida nesse projeto, mas para manter também a credibilidade das Ciências Sociais, já que utilizastes dela para dar credibilidade a sua posição.


      Só a nível informativo, a Nova Semente foi criada como um projeto local em São Paulo capital, para atingir as pessoas de nível sócio-econômico mais elevado que tem a tendência de serem mais secularizadas, ou seja, apesar de, de acordo com a citação de Durkheim, muito bem lembrada pelo colega, terem a "espiritualidade intrínseca" (lembrando que "espiritualidade" pode adquirir significados múltiplos dependendo do contexto cultural), seu estilo de vida exclui participações em igrejas cristãs tradicionais e em um percentual considerável desses indivíduos, exclui até mesmo a crença no Deus judaico-cristão ou qualquer tipo de ser ou realidade metafísica.

      Então, após a criação desse projeto, houveram iniciativas isoladas (não orquestradas institucionalmente) para a criação de Novas Sementes em outras cidades brasileiras. Desconhecia até então a criação nos EUA e não sei se nesse país foi uma iniciativa local/individual ou institucional. Mas seja qual for a razão da criação de outras "Novas Sementes", o objetivo inicial não é uma tentativa de salvar a IASD, ou de mero expansionismo, mas sim do sincero desejo de levar um estilo de vida que efetivamente melhore a vida humana e traga esperança e significado para as pessoas. Conheço algumas pessoas, de nível intelectual diferenciado, que tiveram suas vidas transformadas devido a esse projeto.

      Sobre a Igreja não servir a humanidade, gostaria de ter acesso a pesquisa mencionada por você. Porque não é essa a realidade que presencio localmente em minha comunidade, e poderia te dar muitas informações e exemplos de como a Igreja Adventista e muitas outras denominações religiosas tem servido ao bem comum.

      Caso deseje continuar essa conversa e/ou trocar informações/bibliografias sobre outros temas dentro de nossa área, fique a vontade em me contatar pelo seguinte e-mail: tchemarcio@terra.com.br

      Abraço,
      Marcio

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    5. Prezado Márcio,
      grato pela preocupação de não transformar esse espaço em um fórum de discussão, apesar de desejar que este espaço seja o mais democrático possível, também eu, não gostaria de ver este espaço que criei para opinar, discorrer sobre determinados assuntos, se transformar em um espaço de defesas ideológicas e religiosas, portanto, espero, encerremos aqui esse nosso discurso. Obviamente que, pelo que fica bem claro nas suas falas, não lhe convencerei das minhas impressões e é claro, tampouco eu das suas, isso porque, me parece, você vive uma realidade muito diferente da minha e também porque, isto é notório, você defende a IASD de modo muito romântico e como estudante de sociologia você comete um equívoco inaceitável em nosso meio, que é o de não se afastar das prenoções antes de discorrer sobre um determinado assunto. Quando me propus a escrever um texto sobre esta organização religiosa foi em primeiro lugar porque entendo que com aproximadamente dois milhões de adeptos no Brasil ela torna-se importante na nossa sociedade e em segundo lugar porque conheço de perto a realidade da igreja na minha região, o Nordeste. Você como pessoa crítica (acho) deve saber que vivemos realidades diferentes se comparado como o seu tchê, o Nordeste, embora tenha conseguido superar em muito as suas dificuldades, ainda carece de cuidados especiais por parte do poder público principalmente e também de organizações que gozam de privilégios fiscais e econômicos no sentido de atacar os problemas de educação, saúde, emprego, segurança, função que se espera de organismos como a Igreja Adventista que se vale da sociedade organizada para viabilizar sua própria existência (se observarmos a pregação de Cristo quanto aos necessitados). Você escreve muito sobre a necessidade de eu ir buscar informações dos membros dessa referida organização, devo dizer pra você que a conheço como poucos, nela fui membro atuante, diretor de jovens, diretor de desbravadores, diretor de música, ancião, não apenas em uma, mas em duas das mais importantes igrejas adventistas da minha cidade. Então meu caro, você não está falando com um neófito acerca do adventismo. Você escreve: “Por isso sugeri que você tomasse conhecimento do assunto de maneira menos informal, um pouco mais metodológica, por consideração não somente as(sic) pessoas e instituição envolvida nesse projeto, mas para manter também a credibilidade das Ciências Sociais, já que utilizastes dela para dar credibilidade a sua posição”. Considero isto no mínimo como uma descortesia de sua parte, típico de um apaixonado pela sua representação religiosa, algo inaceitável em um estudante das ciências sociais, onde fica a neutralidade nisso tudo, a mínima que seja. Se é assim que você acha correto, penso que você estuda a ciência errada, deveria estar em um curso de teologia, aliás, porque não dizer, da etnocêntrica teologia adventista. A questão da informalidade na busca por informações está intrínseca em meu texto, interpretou mal a leitura caro colega, isso também é um problema nas ciências sociais, que espera, seus estudantes devem ter o diferencial da boa interpretação do que se lê. O texto não é, definitivamente não é, um desrespeito às pessoas envolvidas nem tampouco coloco em xeque a credibilidade das ciências sociais, muito pelo contrário, a utilizo para mostrar, de modo crítico -algo que a própria Constituição Federal me garante - o que pode significar a Nova Semente. Repare meu caro, que não há um determinismo na minha fala, apenas baseado em fatos históricos (o surgimento do neopentecostalismo). Aliás, não é assim Márcio, que as ciências sociais diagnosticam as questões sociais? Utilizando-se de fatos históricos para analisar questões contemporâneas? Continua...

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    6. Em outra parte do seu texto você foi, como sociólogo ou projeto disto (me permita o direito à dúvida diante do exposto), bastante infeliz quando escreveu: “ (lembrando que "espiritualidade" pode adquirir significados múltiplos dependendo do contexto cultural), seu estilo de vida exclui participações em igrejas cristãs tradicionais e em um percentual considerável desses indivíduos, exclui até mesmo a crença no Deus judaico-cristão ou qualquer tipo de ser ou realidade metafísica”. Olhe como seu discurso está impregnado dos mais terríveis sentimentos quando analisados o contexto da sua fala. São discursos extremamente combatidos no atual momento das ciências sociais. E daí se a espiritualidades das pessoas exclui participações em igrejas cristãs, são menores por causa disto como tenta inferir todo o contexto do seu texto? E daí se a espiritualidade dessas pessoas também exclui o deus judaico, é necessário que para serem considerados dignos que sigam e creiam desta forma? Onde fica a condição humana na sua sociologia caro Márcio? Você não estudou um pouco de sociologia da religião? Parece que não, do contrário entenderia que para a sociologia não existe religiões falsas (embora não tenha afirmado isto, mas, mais uma vez refiro-me a questão do contexto) uma vez que compostas por símbolos, são os seres humanos que dão sentido a eles, e estes são reais, como você sabe, neles pulsam a vida composta por sentimentos e disso advém a compreensão de um mundo plural, que deve ser respeitado em suas múltiplas formas de ver e viver o mundo. Olhe o que você escreveu também: “Conheço algumas pessoas, de nível intelectual diferenciado, que tiveram suas vidas transformadas devido a esse projeto”. Fala típica de um sulista, me pergunto o que seria “nível intelectual diferenciado” pra você. Não duvidamos que as pessoas, independente de seus conhecimentos intrínsecos e extrínsecos, mudam ao longo do tempo, algumas vezes por encontrar e acreditar em uma nova filosofia acabam mudando seu modo de viver e sua maneira de interpretá-la. Mas falar em transformação quando nos referimos a indivíduos, especialmente os adultos, é algo que as ciências sociais consideram um equívoco, como algo que só uma mente inocente acredita, uma vez que sabemos, as ciências não trabalham com milagres e sim de objetividade baseado em testes repetitivos que estabelecem paradigmas. Não é o caráter construído na infância e isto perdura por toda a vida?(tese largamente testada e difundida). Quantos pseudos transformados continuam com caráter duvidoso? Ou você não conhece a máxima que aponta a diferença entre ética e moral? Quanto a atuação da igreja no trabalho social, que você tanto defende, não precisa nem fazer um estudo minucioso pra saber que a Igreja Adventista (como instituição) não se destaca nesse contexto, inclusive fica muito atrás de grupos como a Universal e os espíritas e, arrisco dizer, até do Candomblé, e isto, infelizmente, tem sido causa de vergonha de muitos sinceros fiéis adventistas. Se em sua comunidade essa realidade é outra e a igreja é atuante, que bom, meu desejo é que isto seja uma norma e principalmente, característica da igreja, mas esta, posso provar com dados empíricos, não é a realidade da região onde vivo. De qualquer modo, na resposta anterior há o link do meu trabalho publicado, digo-lhe que aquele é um resumo, o trabalho completo está sob o meu poder se desejares posso lhe enviar, seria até melhor que você o lesse antes de retornar à discussão, não o fez e acabou sendo infeliz em algumas colocações. Bom, se este último texto, esgota nossa conversa, ótimo, se não, fique à vontade, esse espaço, como disse antes, continuará democrático, apenas penso que ele não pode ser usado como espaço de defesa infundada, especialmente de instituições religiosas.

      Outro abraço

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  2. Maik,

    Se algum comentário meu lhe soou como descortesia, sinceramente lhe peço desculpas.

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    1. Desculpado está meu caro...nada consta para você...abraço!

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  3. Maik
    Não sou sociólogo, nem psicoloco e muito menos estudante do comportamento social e humano. No entanto entendi o que você quis dizer no seu blog e afirmo "A IASD precisa pensar muito como está sendo conduzido esse trabalho da Nova Semente. Omitir o que realmente somos é um erro que pode ser irreparável no futuro".

    Um abraço...

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    1. Grato Paulo por sua participação, pelo seu comentário. Bem fundamentado sua afirmação, de fato, esse é o que é posto,as consequências futuras. O utilitarismo não pode ser maior do que o essencial. Algo que deve estar bem claro na mente das pessoas:não se pode abrir mão de princípios.
      Abraço meu caro!

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    2. Caro Maik, eu não estou entendendo o que é a Nova Semente. A IASD quem decidiu criar essa nova modalidade de culto, formatando assim essa comunidade ou trata-se de um novo movimento, como o movimento de reforma ou como os promessistas?

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    3. Olá Izaque,
      não, não se trata de um movimento reformista. A IASD entende que é necessário esta nova forma de apresentar suas crenças baseada na ideia de que a velha forma não atrai pessoas mais esclarecidas. Então, a meu ver, erram quando buscam com isso personalizar seus cultos a classes sociais diferentes. Daí a compreensão de que se trata do neoadventismo. Ele é estranho porque, surge em concomitância com a igreja tradicional, ou seja, são os próprios dirigentes da igreja tradicional que a propõe. No caso dos neopentecostais foram as dissidentes que o fizeram surgir.

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    4. Maik,
      Analisando seu texto inicial sobre a Nova Semente e as consequências desse culto personalizado para chamada classe "A", isso pode gerar futuramente um novo movimento Adventista?Pois essa Nova Semente pode se expandir para outras regiões atraindo assim mais pessoas não necessariamente da classe "A".

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    5. Horc,
      difícil prognosticar se originará um novo movimento adventista, se observarmos a insatisfação de muitos dos seus adeptos é possível, baseado na história, que surjam dissidentes e estes procurem conservar o tradicional dando origem a um movimento mas com o discurso conservador. Analisando a proposta da nova semente é improvável que pessoas simples, leia-se "pobres", sejam bem aceitos na "Nova Semente". Pode até querer fazer parte, mas, tenha certeza, não se sentirão parte dela. Afinal, o fim em si, perpassa pelo capital financeiro.

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  4. sou adventista do sétimo de dia e estou surpreso com esse projeto chamado de nova semente com um intuito de alcança os da classe A.As vezes a gente errar fazendo as coisas certa,mas de maneira errada.

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    1. Anonymous,
      como vc, muitos outros estão surpresos, mas, passivos, não demoram a aceitar de bom grado. Qual não seja o seu caso. Abraço!

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  5. Infelizmente, procuramos culpados para desistirmos de nossa fé.
    e para muitos A nova Semente, veio para Mostrar a muitos Adventistas que sua Ligação é para com a igreja de Deus, e não com Deus. prova disto o afastamento de muitos por canta da NV.
    eu mesmo amo a jesus e não deixo que a igreja que somós seja contaminada com o pecado

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  6. Só lamento por tudo isso. Essa bomba relógio que a IASD colocou dentro de si vai explodir e fazer muitas vítimas. Como adventista, não aprovo este modelo e sei que muitos não aprovarão. Essa nova roupagem nada mais é do que rituais pagãos, como aconteceu com o povo de Israel antigamente. Lamento mesmo. Esta é a sacudidura...

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    1. Exato Marcelo Viana, dentro de si, e é isso que deixa muitos perplexos!

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  7. A Ciência do Bom Viver pag 213,214
    Muitos que, para se aproximar das classes mais altas, é preciso adotar uma maneira de vida e um método de trabalho que se harmonizem com seus fastidiosos gostos. Uma aparência de riqueza, custosos edifícios, caros vestidos, equipamentos e ambiente, conformidade com os costumes do mundo, o artificial polimento da sociedade da moda, cultura clássica, as graças da oratória, são considerados essenciais. Isso é um erro. O caminho dos métodos do mundo não é o caminho de Deus para alcançar as classes mais elevadas. O que na verdade os tocará é uma apresentação do evangelho de Cristo feita de modo coerente e isento de egoísmo.

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  8. Ola CPB meu nome é Fernando e estou tendo um problema com um membro da igreja onde frequentava em Mairiporã-SP. Estava trabalhando com ele com colportagem e ele me pediu uns favores pois não poderia fazer, que era tirar produtos para poder trabalharmos e ele ficaria de pagar as parcelas coisa que não esta acontecendo a mais de 1 ano, e estou passando dificuldade financeira. Uso meu carro para ir trabalhar e nao tenho dinheiro para abastece-lo e estou com o nome sujo. Criei um lugar para que os membros da minha igreja pudessem me ajudar coisa que ninguem fez. Gostaria de saber qual ajuda pode me dar... http://www10.vakinha.com.br/VaquinhaE.aspx?e=346181

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    1. Olá Fernando,
      na verdade este blog é independente, eu nem sou adventista, mas como já fui, conheço bem a organização. A sua reclamação é pertinente, penso que vc deve procurar o pastor, se ele tiver bom senso e espera-se isso, ele vai aconselhar a ovelha enrolada a se desenrolar contigo, ou a ovelha vai acabar se perdendo, se é que já não está. Grato pela visita neste blog.

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  9. Considero seu texto muito irônico! Apresente suas soluções.
    Me senti desrespeitado.

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    1. Olá Anonymous,
      é uma questão de decência quando vc vem a uma espaço particular, ter o cuidado de se identificar. Esse espaço, ainda que democrático e disponível para todas as opiniões pertence a alguém e como quando você vai à casa de alguém, é decente se apresentar, esteja à vontade para fazer isso, aqui é um espaço onde o contraditório é e vai ser sempre respeitado.

      Não escrevi um texto para ser aceito por todos, para que seja aceito de forma unanime. É um texto crítico dissertativo que se vale de um contexto histórico para entender uma realidade atual. Compreendo sua não aceitação. De repente, você leu algo que tocou e ficou difícil a fuga. Depois, não é minha prerrogativa, nem da ciência que estudo apresentar soluções, nossa função é diagnosticar e criticar é um direito cívico inalienável garantido pela Constituição. Condição que me deixa à vontade para tal, inda mais que sou,enquanto sociólogo, preparado para isso e, finalmente, devo dizer que respeito a IASD, principalmente e talvez apenas por isso, pelas pessoas que fazem parte dela, pela sinceridade dos corações, mas isso não tira de mim o direito de tecer minha crítica de forma original e franca.

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