quarta-feira, 9 de julho de 2014

A ELIMINAÇÃO DO BRASIL E O QUE ESTÁ POR DETRÁS DISSO SEGUNDO ROMÁRIO

Impossível ler uma carta como essa e ficar sem nenhum movimento. O deputado Romário mostra mais uma vez que é um dos principais políticos do Brasil. Escolheu suas bandeiras e trava uma luta sem precedentes em prol de seus ideais. Ousa enfrentar uma instituição que se apropriou de uma paixão nacional, da bandeira, do hino, da alegria e sentimento de um povo, para enriquecimento, ostentação de poder. Nunca antes alguém ousou questionar ou pedir explicações das ações da CBF, Romário foi o único e esse baixinho, que foi um dos melhores jogadores do mundo, está se mostrando um político digno de ser imitado e deve ser reeleito, sem dúvida alguma, para representar o fio de esperança que ainda podemos ter nesse segmento da sociedade - a parte política.

Compartilho aqui a Carta que Romário escreveu sobre a eliminação do Brasil e tudo o que está por detrás disso.

Leia na íntegra a carta publicada por Romário:
Galera,
passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!

Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.

Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.

Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.

Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.

Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!

O meu sentimento é de revolta.

Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol.

Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados, sr. Henrique Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor momento para se instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E agora, presidente, está na hora?

Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo. A arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da assessoria de imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção, como fez o Rodrigo Paiva contra um jogador do Chile Pinilla. Paiva pegou quatro jogos de suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este ato foi muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?

Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!

A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.

E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.

E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias e mais anistia destes débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses vexatórios para salvar os clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem apenas 10% de suas dívidas e investissem 90% restante em formação de atletas. Parece até deboche. Uma soma de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não se sabe ao certo. Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e apresentou uma proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal, parcelamento de dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com obrigações claras para clubes e CBF.

Em resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira de Futebol e o Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial - obrigava a CBF a contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de produtos e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro nos âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria sobre patrocínio, venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da seleção brasileira, vendas de apresentação em amistosos ou torneios para terceiros, bilheterias das partidas amistosas e royalties sobre produtos licenciados. O valor seria destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e jovens de todo o Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à CBF, punição à entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a fiscalização do TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas decisões.

Mas este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados alemães fizeram os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance de moralizar nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da Bancada da CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para algo que amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme Campos (PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente Cândido (PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).

Essa partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no Plenário da Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso futebol?

O futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante, infelizmente, não foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no Maracanã, um templo do futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1 bilhão. Acha que foi porque não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado qualquer outro jogo lá. A resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que escolhe onde o Brasil vai jogar, mas, obviamente, poderia ter tido interferência do Ministério do Esporte e da presidência da República, mas nenhum destes se manifestou. Quem levou com essas escolhas?

Para fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafú, capitão de seleção do pentacampeonato. Cafú foi expulso do vestiário enquanto cumprimentava os jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não honramos a nossa história.

Dilma tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto será o retrato do valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles levarão a taça e nós ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum legado material, porque imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa dificuldade, somos um povo feliz.

Essa será a taça da vergonha.

Romário de Souza Faria - Deputado Federal

terça-feira, 24 de junho de 2014

BRASIL & COPA DO MUNDO: Como explicar estádios monumentais e escolas decadentes?

Às vésperas do inicio da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, a presidente Dilma Roussef fez o seu pronunciamento. Nele, exaltou as ações do poder público em preparar o terreno para o grande evento, mostrou o legado que ficará no país; estádios, obras de infra-estrutura, melhorias nos aeroportos, etc. Além de fazer um apelo, o de que, quando a seleção brasileira precisou jogar fora do país sempre foi bem tratada, e que é chegada a hora dos brasileiros agirem do mesmo modo com nossos queridos estrangeiros, acho que sim, somos um povo civilizado e independente das nossas lutas políticas internas, precisamos respeitar nossos visitantes e tratá-los dignamente. 

Mas, uma coisa me chamou bastante atenção no pronunciamento presidencial, foi a afirmação de que os questionamentos acerca dos gastos da copa que deveriam ser em favor da educação não fazem sentido quando se observa que nos últimos anos, os investimentos feitos em educação estão acima de 200x, isso mesmo, mais de duzentas vezes o que se gastou para construir os estádios de futebol ou para a realização da copa.

Sinceramente, eu não duvido que isso seja verdade, afinal, sabemos que as áreas que mais recebem dinheiro público no país são saúde e educação, mas isso, longe de ser comemorado, deve ser lamentado. Sim, é lamentável, porque a pergunta é inevitável: para onde foi todo esse dinheiro? A resposta também é inevitável, pois o brasileiro está cansado de saber que boa parte desse dinheiro público está nas mãos de políticos corruptos, de empreiteiras que se aparelharam com o Estado, o dinheiro está nas mãos de pessoas inescrupulosas. 

É triste ouvir da representante do poder máximo no país, que bilhões de reais foram gastos no sistema de educação brasileiro e ao mesmo tempo ver crianças fazendo necessidades fisiológicas no mato porque na escola não tem sanitário, outras ainda sentadas no chão porque na sala não tem cadeira, salas de aula de chão batido, com telhado quebrado, paredes caindo sobre os estudantes; crianças que ficam com fome na hora da merenda porque não há comida para elas, afinal, como ouvir isso e se calar? 

Não se pode imaginar ser ruim um evento como a copa do mundo no Brasil, sim, tem o seu lado positivo, mas vejam, os estádios são lindos e nos enchem de orgulho, lá os sanitários são feitos com o que há de melhor, o som é digital, os telões importados, as cadeiras numeradas confortáveis, o gramado excelente, os vestiários também excelentes, não há do que reclamar, mas vejam também, os estádios precisavam sair a contento da instituição maior do futebol, a FIFA. Reparem, eles fiscalizavam quase que em tempo integral, para saber se tudo estava indo bem, mas, quem fiscaliza as nossas escolas? Quem fiscaliza nossos hospitais? Deveria ser o povo, deveria ser algum órgão neutro, isento, mas o que é óbvio, não há neutralidade na política, nosso povo, infelizmente ainda não é amadurecido politicamente para exigir o tal "padrão FIFA" também em nossas escolas e em nossos hospitais pelo menos. 

O dinheiro que sai dos cofres públicos para ser investido em educação, saúde, infra-estrutura não recebe atenção devida de órgãos fiscalizadores que deveriam ser neutros, isentos.

Aqui, nesse pedaço de mundo, é fácil ficar rico, basta ser político, é fácil desviar milhões, receber o “teje preso” ficar três anos na cadeia e receber condicional, em um claro “o crime compensa”. Para pessoas de caráter duvidoso, é muito tentador uma condicional com milhões no bolso, muito atrativo.  

Então é verdade, dinheiro, muito dinheiro foi direcionado para educação, mas não foi gasto com ela na mesma proporção, as provas? Basta ir à escola do seu bairro e ver as condições de funcionamento dela. 

Olhando para a política brasileira é fácil lembrar a República de Platão, onde na ideia utópica do velho filósofo grego, o egoísmo era superado e as paixões controladas. Na República Federativa do Brasil vemos o oposto dessa república platônica, onde os homens que governam e o povo que é governado sucumbem à corrupção. Onde os interesses pessoais jamais se casam com os interesses da totalidade social. Onde há desordem e progresso de quem um dia jurou trabalhar para o bem comum.  

sábado, 19 de abril de 2014

COARACI PERDE 26% DE SEUS HABITANTES E ILHÉUS PERDEU CERCA DE 40 MIL NOS ÚLTIMOS 13 ANOS SEGUNDO O IBGE

Itabuna viu sua população crescer 10,9% nos últimos 13 anos.
O IBGE divulgou esta semana o mapa que mostra a demografia do Brasil e seu movimento entre os anos 2000 e 2013. Interessante foi observar o que ocorreu no Sul da Bahia. Na região, as únicas cidades que viram suas populações crescerem foram Itabuna, Arataca e Camacan. As demais tiveram quedas significativas no número de habitantes. Destaque para Coaraci que perdeu 26% da sua população, saindo de 27.852 em 2000, para apenas 20.620 em 2013.

Outra situação que merece ser observada é a de Ilhéus, que perdeu em 13 anos 16,9% de seus habitantes. Em 2000 Ilhéus contava com 222.127 habitantes, em 2013 no entanto, foram contados 184.616, uma diferença de quase 40.000. De modo que a cidade com seus 1.760,111 km², possui uma densidade demográfica de apenas 104,9 habitantes por km². Por sua vez o seu PIB de R$ 2.241.975 permite dizer que sua renda per capita é de R$12.169,37, tendo um IDH de 0,69, considerado médio segundo o PNUD de 2010.

Itabuna por sua vez saiu de 196.675 em 2000 para 218.124 habitantes em 2013, um aumento populacional de 10,9%. Se considerarmos seus 432,244 km², temos então a marca de 504,63 habitantes por km². Itabuna portanto, ganhou nos últimos 13 anos, 21.449 habitantes. Com PIB 2.582.489, tem renda per capita de 12.615, 35 e IDH de 0,712, considerado alto segundo o PNUD de 2010.

É chover no molhado dizer que a queda populacional das nossas cidades se dá na maioria das vezes pela falta de oportunidade em vários aspectos. No entanto, há quem afirma que os gestores anteriores gostavam de encontrar meios para mascarar os dados demográficos dos municípios. Esta ação tem uma razão. Parte das verbas destinadas aos municípios pelos governos estadual e federal,  considera o número de seus habitantes. A julgar pelas falcatruas que são observadas todos os dias, isto não está longe de ser verdade.

Veja mais no G1 <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/04/populacao-diminui-em-21-das-cidades-do-pais-entre-2000-e-2013.html


quinta-feira, 3 de abril de 2014

PRESTADORES DE MAUS SERVIÇOS

Já faz algum tempo venho observando a dificuldade encontrada por quem precisa contratar um prestador de serviços na cidade de Itabuna, no Sul da Bahia. Dificuldade que não está meramente em encontrar o profissional, mas, precisamente que este seja alguém que atenda a necessidade do contratante de modo satisfatório.

Do pedreiro ao eletricista, do pintor ao técnico de informática, salvo algumas poucas exceções, dor de cabeça, insatisfação e frustração são garantidas.

Não são poucas as pessoas que nos sinalizam este descontentamento. Instalações elétricas mal feitas que colocam em risco a integridade física e os bens das pessoas, construções e reformas mal executadas,onde os projetos e desejos dos proprietários não são respeitados. Consertos de eletrodomésticos e computadores que não suportam 24 horas de teste e por ai vai.

E o pior, boa parte dos prestadores de serviços demonstram uma incapacidade impávida para o diálogo, não estão abertos às reivindicações de quem os contrata, respondem de modo grosseiro, desrespeitam as pessoas, deixam os contratantes esperando horas, dias e muitas vezes simplesmente abandonam o serviço sem dar nenhuma satisfação.

É possível observar que, a situação de pouca oferta de mão de obra e muita procura favorece o mal profissional. É que são poucos os bons e estes são contratados por empreiteiras deixando "disponíveis" aqueles que realmente não se mostram preparados para o mercado de trabalho. Nisto, quem sofre é o cidadão comum que precisa contratá-los para um serviço pequeno em sua casa por exemplo.

Dada a impossibilidade de mecanismos de controle e órgãos reguladores para este seguimento, fica apenas o apelo para que tais prestadores de serviços entendam a necessidade do respeito, da importância de prestar um serviço de qualidade e principalmente que compreendam a máxima: "O combinado não é caro", entendendo que o mercado de trabalho é oscilante. Se hoje a procura é grande, amanhã quem sabe, volta a oferta de mão de obra ser maior que a procura, é neste momento que a casa cai para os maus profissionais. Fica a dica! 

quinta-feira, 27 de março de 2014

O discurso emocionante do Prof Beto para os formandos em Ciências Sociais na UESC



Carlos Roberto Guimarães (Prof.Beto)
Quero primeiro cumprimentar a magnífica reitora da UESC, a Professora Doutora Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro em nome da qual cumprimento os demais integrantes da mesa.

Cumprimento os formandos, meus afilhados, os formandos de Ciências Sociais.
Também cumprimento os demais professores e alunos aqui presentes, funcionários, pais, amigos e demais convidados.

Queria começar minha fala retomando uma conversa que tive com os formandos ainda no meu primeiro encontro com a turma, quando eles eram ainda calouros do primeiro período. Se tivesse que escolher um título para esta reflexão que proponho aqui seria “Apologia aos esquisitos”... 

Sim, os esquisitos. E é isto mesmo que estão pensando formandos: os esquisitos aqui são vocês. Mas, o que significa esquisito? Esquisito é aquilo que é diferente, que nos é estranho, que escapole à padronização, fora do trivial, que foge da mediania. Mas porque este título? Certamente é o que vocês estão se perguntando! Podem inclusive acusar-me de estar aqui simplesmente exercendo um discurso retórico, vazio de sentido. Deixemos, pois em suspenso a tal esquisitice!

Quando analisamos estatísticas referentes a processos seletivos para o ingresso nas universidades, percebemos que o curso de Ciências Sociais está longe de ser o mais procurado. Encabeçam a lista de preferência cursos como Direito, Engenharia, Medicina, dentre outros. E, se a disputa pela vaga é acirrada nestes cursos, significa então que estes são os cursos que “todo mundo deseja”... 

Uma multidão de jovens lotam turmas de pré-vestibulares para pleitear uma cadeira nestes cursos. É assim hoje, acredito que será assim amanhã e, é o que me interessa aqui, foi assim no ano de 2009. Enquanto uma multidão procurava tais cursos, eis que um grupo de jovens caminhava na contramão. 

Ora, são muitas as razões para se pleitear tais cursos: noves fora os motivos de ordem vocacional ou algo que o valha que realmente movem jovens na busca pela medicina, direito ou engenharia, noves fora tudo isto, suspeito que grande parte desta multidão alimente o sonho de um retorno financeiro, a busca por um status ou qualquer coisa parecida. Tudo isto também é legítimo, a fala aqui não tem pretensão de emitir nenhum juízo de valor. Não estou aqui para falar sobre o que se passa com um estudante destes cursos.   

O que se quer é entender o que diabos se passa na cabeça de um jovem que caminha na contramão desta maioria. Que diabos, meus caros formandos, se passava na cabeça de vocês naquele ano de 2009 ao buscar o curso de Ciências Sociais... Pretendiam ficar ricos? Certamente que não. Busca por status... Não. Então o que os move, meus afilhados, senão uma esquisitice. Convenhamos: é esquisito. 

Não é à toa, que quando um jovem anuncia que vai fazer engenharia, recebe logo em seguida um parabéns! Vou fazer direito... Opa: coisa boa, siga em frente. Mas quando se anuncia: vou fazer Ciências Sociais... O que se ouve, de supetão, não é o parabéns! O que se ouve é uma pergunta: Por quê? Este porque é sintomático. Não é necessário perguntar a um jovem o porquê de ele estudar direito. A escolha se autojustifica. É só dar os parabéns! Mas se a escolha é o curso de Ciências Sociais faz-se necessário uma explicação e, só se exige explicação daquilo que é, de início estranho, esquisito. 

E estranho e esquisito é aquilo que foge à alçada de uma razão, que é a razão que norteia e ilumina o desejo de uma multidão que se acotovela nesta acirrada busca pela cadeira de um destes concorridos cursos. E é esta razão que se sente incomodada por suas escolhas, afilhados. Ela se sente incomodada por que a escolha de vocês não se deixa calibrar pela cifra desta racionalidade. Vocês são aqueles que se negam a rezar nesta cartilha. E é por isto que a pergunta do porque é capciosa... É de difícil resposta. 

Certamente, todas as vezes que vocês se depararam com tal pergunta, vocês se atrapalharam. E se atrapalharam, caros afilhados, porque a pergunta é caduca, é despropositada. E uma pergunta caduca, despropositada é uma pergunta fora de foco, e por ser fora de foco, ela não tem sentido, e se não tem sentido, não pode ser respondida. Ou seja: vocês jamais poderão responder por que escolheram fazer Ciências Sociais; e mais: todas as vezes que se arvoraram em responder, a resposta não passou de retórica.

Vocês jamais podem responder por que escolheram fazer Ciências Sociais, porque no fundo, vocês nunca escolheram este curso. E aqui estamos no cerne da esquisitice. Vocês internamente devem agora estar fazendo objeções à minha fala, argumentando – não professor! Nós escolhemos sim! Existia um conjunto de possibilidades, uma gama de cursos e, diante deles, usamos nossa razão, calculamos, ponderamos e escolhemos! Sinto muito afilhados... Ledo engano! A sensação de que se escolheu nada mais é do que a artimanha de uma razão que teima em nos sabotar. 

Vocês nunca fizeram esta escolha. Vocês não escolheram Ciências Sociais, porque não se pode escolher aquilo que se ama. Nós não escolhemos aquilo que nos apaixona; apaixonamo-nos, simplesmente! Tal qual um jovem que, apaixonado por sua mulher, sente-se orgulhoso por ter feito tão feliz escolha, quando, no entanto, o que aconteceu é que este jovem não escolheu esta mulher... Na verdade, o que ocorreu é que ele foi afetado, tomado, arrebatado por ela. E ao se embriagar com tudo isto, a sua própria razão não se deu conta e, quando esta razão se aprumou um pouco, ela olhou para a mulher e disse, com toda soberba: eu te escolho... Só que já era tarde demais para esta razão fazer a escolha... Ela, a razão, já tinha sido tomada, assaltada, reivindicada, afetada pela paixão.

Tá querendo enganar quem razão? E assim é o caso de vocês, meus afilhados: antes de mais nada vocês foram afetados, arrebatados, tomados por este fenômeno chamado sociedade. Mas, o que é a sociedade? A sociedade nada mais é do que um complexo fenômeno constituído por um conjunto de impulsos, interesses, desejos, amores, ódios, rezas de todo tipo, perspectivas ideológico-políticas de toda sorte, todo naipe de querença.

Quando vocês acharam que estavam escolhendo fazer Ciências Sociais, no fundo vocês já estavam enamorados, tomados, reivindicados por todo este conjunto de querenças e mais toda uma sutileza de humores para os quais não encontro palavras...Vocês foram afetados por todas estas querenças que constituem este complexo fenômeno que, no fundo, responde pelo nome de vida. 

Um cientista social nada mais é do que um ser afetado por este fenômeno. E como já alertei, não escolhemos o que nos afeta, o que nos apaixona. Mas não é qualquer um que se afeta por tudo isto, não basta ter razão, faz-se necessário ter uma alma afinada pela vida a ponto de ser sensível a todas estas querenças que permeiam o fenômeno vida em sociedade. É por isto, meus afilhados, que as Ciências Sociais, não são para todos, não são para a maioria... São para poucos.

Não basta ser bom de cálculo, é necessário ter coração e ouvido afinados para auscultar todas estas querenças. E ter este ouvido e este coração afetado pelas querenças da sociedade é que é o divino, é que é o céu de vocês... É o céu, mas é também o inferno de cada um de vocês, pois é justamente por serem afetados que vocês não mais podem ser indiferentes às mazelas que acometem à sociedade que respondem pelo nome de corrupção; vocês não mais podem ser insensíveis às causas de uma praga que assola milhares de pessoas que denominamos de fome; desde sempre agora, o mais baixo gemido de uma dor injusta que ecoe na sociedade alcançará decibéis altíssimos em seus ouvidos. 

E durma-se com todo este barulho caros formandos. Durma-se não: e tome leituras e teorias desde os clássicos para tentar destrinchar o que ocorre nas vísceras deste fenômeno complexo que é a sociedade que, aqui, eu chamo de vida. Vejam formandos, onde é que vocês foram se meter. Por isto, que me perdoem os gênios da física, da engenharia, da matemática. Estudar o átomo, as equações matemáticas mais sofisticadas, tornam-se fichinhas perto do que vocês estudam. 

Sou suspeito para dizer isto: mas, aqui neste momento, estes 14 jovens passam a fazer parte de um seleto grupo que, a meu ver, constitui o que há de mais nobre e sofisticado numa comunidade científica. Por isto esta apologia... Por isto eu os reverencio! Obrigado!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Casamento: um caminho para o bem ou para o mal

Estamos em um tempo onde se vê o surgimento de novos paradigmas norteando as instituições sociais. A política, a religião, a educação e a família, por exemplo, têm sido desafiadas a apresentarem suas reais contribuições para o bem-estar individual e coletivo.

Homens e mulheres, mais do que em nenhum momento da história, estão em busca de uma felicidade que não seja apenas superficial, mas plena.

Nessa busca, o casamento, nas últimas décadas, passou de um passo peremptório na vida social do indivíduo a um caminho para o bem ou para o mal. Uma espécie de caminho com volta, não mais visto como definitivo como foi no passado, mas uma tentativa de completude que, quando não ocorre, volta-se para o ponto de partida.

O livro "A Anatomia do Divórcio", pretende apresentar respostas que ao serem colocadas em prática, poderão dar ao praticante a possibilidade de trilhar caminhos sem que este tenha que se preocupar com retorno quando o assunto é casamento.

Um caminho que no nosso modo de ver, começa a ser trilhado não no "vos declaro marido e mulher", mas no "eu aceito namorar com você". A partir daí inicia-se uma jornada que pode levar ao "felizes para sempre" ou ao "saia da minha vida de uma vez".

Leia mais no elogiado livro "A Anatomia do divórcio: do namoro ao novo casamento". Adquira já o seu exemplar em uma livraria perto de você ou peça pelo telefone 73 8825 9450

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Quais as causas do divórcio?

Em dezembro de 2012, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE informou, baseado no número oficial de registro civil de 2011, que a taxa de divórcio no Brasil atingira 2,6 para cada mil habitantes, o maior percentual desde que começou a ser estatisticamente medido em 1984.

Essa constatação, longe de ser uma exclusividade brasileira, é realidade em todo o mundo, o número de divórcio cresce a cada dia. Mas o que a sociedade pergunta é: o que está acontecendo com o casamento?

Quais as razões para aumento tão alarmante nos indicadores de divórcios? E, mais do que isso: Quais são as consequências para a sociedade? O que está por detrás? Os envolvidos diretos, filhos, homens e mulheres, como estão lidando com a situação?

E a religião que sempre se colocou como guardiã da família nuclear e da indissolubilidade do casamento, como está se portando diante desta realidade? É possível prever a separação conjugal já a partir do namoro? Há uma idade ideal para casar?

Estas e outras considerações você pode encontrar lendo o livro "A anatomia do divórcio: do namoro ao novo casamento". Adquira já o seu em livrarias ou através dos telefones 73 8825 9550/ 73 8832 6223

sábado, 18 de janeiro de 2014

Crítica do Livro "A Anatomia do Divórcio" pelo sociólogo Dr. Elias Lins Guimarães

Click na imagem para visualizá-la em tamanho natural.
O livro "A Anatomia do Divórcio", escrito de forma inteligente e evocativa, contém reflexões e estados de alma que exprimem, por meio de um olhar fecundo do autor, uma lógica relacional entre imagens postas em papel com um invólucro contemporâneo, diáfano e as vicissitudes do passado, esperanças do presente e do futuro, animadas por interpretações analíticas e construtivas do microcosmo das relações conjugais e de suas crises.
Cada capítulo desenvolve tópicos que abordam o "ciclo vital da família" nos quais são discutidos atitudes e comportamento que às vezes se repetem nos capítulos seguintes. Contudo, mantém-se numa sequência sistematizada e exemplificada de questões de gênero, casamento e emprego feminino, arranjos familiares pelos compromissos e não pelo amor e dos filhos do divórcio, oportunizando uma discussão dos conhecimentos que tínhamos para iniciar um novo aprendizado mais adequado à etapa de vida em que nos encontramos.
Claramente idealizado pelo efeito sistêmico de nossas crises em relação aos institutos família e divórcio, o livro aponta o sentido de valores fundamentais concernentes à igualdade e à dignidade humana, perpassando pelas representações simbólicas sobre o medo do futuro, a posição da mulher no casamento, a luta pelo equilíbrio das contas e dos dias, o sabor da liberdade, a solidão da espera, mostrando-nos que nem sempre qualquer momento é o momento certo para se recomeçar.
Mesmo tratando-se de um obra ficcional, sua intenção explícita é a tese da defesa do núcleo familiar numa sociedade cada vez mais individualista. A tessitura que enleva a narrativa enfatiza a discussão de saber como as gerações mais novas, nesse contexto, serão capazes de produzir uma família que atenda a tantas necessidades e permita tanta liberdade sem a degradação familiar.
Um livro como este, ao buscar conhecimento para fora da academia, certamente, pode nos ajudar. Não somente por causa do seu proverbial otimismo, mesmo pautando-se na antinomia entre o sonho e a realidade que se aloja na ilusão fecunda, mas principalmente porque seu texto nos infunde sensível esperança.
O resultado se mostra muito atraente. Uma abordagem ao mesmo tempo comovente, acessível e introspectiva que pode ser cotejada como nossas próprias experiências, tarefa imensamente facilitada pelos relatos que o autor propicia em cada capítulo. Sem dúvida, somos agraciados com uma nova compreensão das mudanças e transformações que o tempo produz na rotina das relações conjugais.

Dr. Elias Lins Guimarães
Sociólogo, Dr em Educação, Pró-Reitor de Graduação na Universidade Estadual de Santa Cruz - Ilhéus - Bahia - Brasil

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O DESESPERO DA GLOBO: EMISSORA PEDE QUE LULA SEGURE OS MANIFESTANTES E COMBATA O GOOGLE NO BRASIL

A pauta do recente encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente dasOrganizações Globo João Roberto Marinho, confirmado pela assessoria do Instituto Lula, vazou nesta sexta-feira em um blog na internet e revela o desespero da maior organização midiática de ultradireita na América Latina com a força das manifestações de rua, que cobram o fim do monopólio nas comunicações e o pagamento de impostos devidos pela emissora à Receita Federal. Pressionada por mais um protesto, convocado para esta sexta-feira, em frente às suas instalações, na capital paulista, e pela queda no faturamento devido ao aumento significativo da audiência na internet, a empresa visava o abrigo de um dos maiores ícones das esquerdas no país.
Segundo o titular do blog Conversa Afiada, o jornalista Paulo Henrique Amorim (PHA), Marinho “foi ao Presidente Lula pedir ajuda contra o Google”. Citando fonte, o também apresentador de um jornal noturno na Rede Record, principal adversária da Rede Globo na TV aberta, afirmou que “a publicidade está numa situação tal que pode provocar uma crise” no setor, que reúne a mídia conservadora no país e é conhecido, por sua atuação política, como Partido da Imprensa Golpista (PIG). Seu interlocutor não disse, mas “imagina-se que o Lula deva ter achado ótimo”, comentou o colunista.
Depois de culpar o Google, maior mecanismo de buscas e difusor de publicidade na web, no mundo, pela queda na arrecadação dos veículos de comunicação que controla no país, segundo PHA, “filho do Roberto Marinho – segundo esse passarinho inconfidente – passou a ‘espinafrar’ a Dilma. Que a Dilma isso, que a Dilma aquilo, e, além do mais, a Dilma não o recebe – não recebe o filho do Roberto Marinho”.
“E, aí, amigo navegante, a bomba! O filho do Roberto Marinho pediu ao Lula para voltar. ‘Volta, Lula, volta, pelo amor de Deus! Mas, como? indagou o Lula”, segundo a fonte.
– Vocês me espinafraram todo dia e você vem aqui me pedir para voltar? – teria questionado o ex-presidente
– Mas, você é diferente, Lula, respondeu o filho do Roberto Marinho. Você é um estadista – disse João Roberto Marinho, segundo o jornalista.
“O filho do Roberto Marinho foi embora sem uma gota de esperança”, acrescenta PHA. Após a saída do visitante, Lula teria comentado com a fonte:
– Esses caras me esculhambam o tempo todo e agora querem que eu volte. Ora, vai …
Temor justificado
Ainda segundo PHA, Marinho tem razões de sobra para estar assustado com o crescimento do Google no país. Recentemente, a agência norte-americana de publicidade Omnicom, a segunda do mundo, associou-se à francesa Publicis para se tornar a primeira do mundo, em uma tentativa de enfrentar o Google, que se tornou, de fato, a maior agência mundial de publicidade. “O Google é o maior destinatário de publicidade do Brasil, depois da Globo”, constata PHA. Atualmente, segundo projeções de analistas do setor, a internet detém 15% da verba de publicidade do Brasil mas, na próxima década, chegará aos 50%. O Google paga em dólares aos proprietários dos sites na internet e, na soma de publicidade no Google, no Youtube e Twitter, a conta já se aproxima do faturamento da Globo. Sem os 75% a 80% do mercado publicitário na tevê aberta, como ocorre hoje no Brasil, o modelo de negócios da Globo naufraga, segundo PHA.
“Não tem como pagar US$ 300 mil de capítulo de novela, três novelas no ar, novas, por dia, 365 dias por ano. Nem R$ 15 milhões por mês de salário a atores que não estão no ar. Um dia, o SBT e a Bandeirantes procuraram o presidente Fernando Henrique (…) para que o capital estrangeiro entrasse na indústria da tevê brasileira”, lembra o jornalista. FHC, diante do pedido, teria dito a um diretor da Band que ele próprio não tinha como enfrentar a Globo, que eles fossem ao Congresso lutar por isso.
“Quando a Globo quebrou, ela precisou de capital estrangeiro no cabo e o FHC deu. Quando o presidente Lula assumiu, a Globo estava quebrada. O PT poderia, ali, quebrar a espinha da Globo. O Ministro Palocci, de inúmeros serviços prestados ao neolibelismo pátrio e à indústria de supermercados salvou a Globo. Foi ali que a Globo começou a sonegar Imposto de Renda. E até hoje não mostrou o DARF (recibo do pagamento dos impostos devidos em um rumoroso processo judicial que monta cerca de R$ 1 bilhão)”, escreveu o jornalista.
Concentração absurda
A própria Secretaria da Comunicação (Secom) da presidência da República, responsável pelo investimento publicitário das verbas do governo federal, autarquias e empresas estatais, publicou recentemente um texto no qual questionava as críticas realizadas por pequenas empresas de comunicação e empreendedores individuais, entre eles blogueiros, acerca dos seus critérios na aplicação dos recursos públicos em publicidade. Não ficou sem resposta. A associação dessas pequenas empresas de comunicação, com representatividade em todo o país (Altercom) tem defendido os interesses da sua base e proposto entre outros pontos que se estabeleça como política a destinação de 30% das verbas publicitárias às pequenas empresas de comunicação. Pratica adotada em outros setores da economia, como na compra de alimentos para a merenda escolar. E também em outros países onde a pluralidade informativa é obrigação do Estado, inclusive do ponto de vista do financiamento.
Leia, adiante, a nota da Altercom:
“Em nome da qualidade do debate democrático, a Altercom utilizará os números do estudo divulgado pela Secom para defender sua tese de que a política atual do governo federal está fortalecendo os conglomerados midiáticos, não garante a pluralidade informativa e mais do que isso não reflete os hábitos de consumo de comunicação e informação do brasileiro. Tem como única referência os parâmetros das grandes agências de publicidade e seu sistema de remuneração onde o principal elemento é a Bonificação por Volume (BV).
A partir disso, seguem algumas observações que têm por base os números do estudo publicado e assinado pelo secretário executivo da Secom.
- Em 2000, ainda no governo FHC, o meio televisão representava 54,5% da verba total de publicidade que era de 1,239 bilhão. Em 2012, esse percentual cresceu para 62,63% de uma verba de 1,797 bilhão. Ou seja, houve concentração de verba em TV mesmo com a queda de audiência do meio e o fortalecimento da internet.
- Em 2011, os grandes portais receberam 38,93% das verbas totais de internet. Em 2012, os grandes portais passaram a receber 48,57% deste volume. Mesmo com a ampliação da diversidade na rede a Secom preferiu a concentração de recursos.
- Também de 2011 para 2012, a Rede Globo aumentou sua participação no share de Tvs. Saiu de 41,91% em 2011 para 43,98% no ano passado.
- Se a Secom utilizasse como base o que a TV Globo recebeu da sua verba total ano a ano, o resultado seria desprezível do ponto de vista da desconcentração como defendido a partir do estudo. Em 2000 a TV Globo teve 29,8% do total da verba da Secom e em 2012 esse percentual foi de 27,5%. Neste número não estão incluídas as verbas para TV fechada, que eram de 2,95% em 2000 e passaram para 10,03% do total do meio TV em 2012. Nesse segmento, provavelmente a maior parte dos recursos também vai para veículos das Organizações Globo que ainda tem expressivos percentuais dos recursos para jornais, rádios, revistas, portais etc.
Lula recebe um prêmio na presença
de João Roberto Marinho(E), em 2004
- Utilizando os dados da Secom também é possível chegar a conclusão de que em 2000, a TV Globo ficava com aproximadamente 370 milhões das verbas totais de publicidade do governo federal. Em 2012, esse valor passou a ser de aproximadamente 495 milhões.
- O secretário executivo da Secom também afirma que houve ampliação do número de veículos programados de 2000 para 2012, o que a Altercom reconhece como um fato. Essa ampliação foi significativa, mas no texto não é informado qual a porcentagem do valor total destinado a esses veículos que antes não eram programados.
- Por fim, no estudo o secretário parece defender apenas o critério da audiência quantitativa como referência para programação de mídia. Sendo que a legislação atual não restringe a distribuição das verbas de mídia ao critério exclusivo de quantidade de pessoas atingidas. Aponta, por exemplo, a segmentação do público receptor da informação e o objetivo do alcance da publicidade, entre outras questões. E é notório também que a distribuição dos recursos deve considerar a qualidade do veículo programado e a sua reputação editorial.
Considerando que a Secom está disposta ao diálogo, o que é bom para o processo democrático, a Altercom solicita publicamente e por pedido de informação que será protocolado com base na legislação vigente, os seguintes dados.
- A lista dos investimentos em todas as empresas da Organização Globo no período do estudo apresentado pela Secom (2000 a 2012).
- O número de veículos programados pela Secom ano a ano no período do estudo (2000 a 2012)
- Quanto foi investido por cada órgão da administração direta e indireta no período do estudo (2000 a 2012).
- Quais foram os 10 veículos que mais receberam verbas publicitárias em cada órgão da administração direta e indireta em cada meio (TV, rádio, jornais, revistas, internet etc) no período do estudo (2000 a 2012).
- A curva ABC dos veículos e investimentos realizados pela Secom. Ou seja, o percentual de verbas aplicadas nos 10 maiores veículos, nos 100 maiores e nos demais no periodo de 2000 a 2012.
- O que justifica do ponto de vista dos hábitos de consumo da comunicação a ampliação do percentual de verbas publicitárias de 2000 para 2012 no meio TV.
- O sistema e o critério de classificação e ranqueamento que estaria sendo utilizado pela Secom para programação de mídia.
A Altercom tem outras ponderações a fazer a partir do estudo apresentado, mas confiando na postura democrática da atual gestão avalia que os pontos aqui levantados já são suficientes para que o debate seja feito em outro patamar.
Reafirmamos nossa posição de que a distribuição das verbas publicitárias governamentais não pode atender apenas a lógica mercadista. Elas precisam ser referenciadas nos artigos da Constituição Federal que apontam que o Estado brasileiro deve promover a diversidade e a pluralidade informativa.
A Altercom também reafirma a sua sugestão de que a Secom deveria adotar o percentual de 30% das verbas publicitárias para os pequenos veículos de informação, o que fortaleceria toda a cadeia produtiva do setor da comunicação. E colocaria o Brasil num outro patamar democrático, possibilitando o fortalecimento e o surgimento de novas empresas e veículos neste segmento fundamental numa sociedade informacional”.
Fonte: Correio do Brasil via www.encontreinarede.com

sexta-feira, 26 de julho de 2013

PARA PROFESSOR DA UESC, CIÊNCIAS SOCIAIS NÃO EXISTE

Declarações do professor na redes sociais em debate sobre carta da
Associação Brasileira de Antropologia.

É, vamos defender as Ciências Sociais? 

Em decorrência de uma carta da ABA (Associação Brasileira de Antropologia) que solicita a não exigência de graduação em Ciências Sociais para o ingresso em concursos públicos para lecionar Antropologia, uma vez que, entende a associação, não há por parte deste órgão a tal exigência para quem deseja fazer pós-graduação em Antropologia e que, esta norma também afasta bons profissionais da área do mercado de trabalho pelo simples fato de serem graduados em outras áreas que não a de Ciências Sociais. 

Abriu-se uma discussão ferrenha entre "antropólogos com formação inicial em outras áreas do conhecimento" e "antropólogos com formação inicial em ciências sociais". 

A questão se divide, pois entendem-se que de fato, há bons antropólogos, sociólogos, e cientistas políticos que não tiverem sua graduação em Ciências Sociais, exemplo disto é Lévi-Strauss que teve sua formação inicial em Direito e Filosofia, mas foi admitido na USP como sociólogo e depois reconhecido mundialmente como antropólogo. Outro antropólogo reconhecidíssimo é Roy Wagner com bacharelado em História Medieval, ainda temos George Bateston um antropólogo surpreendetemente bacharel em Biologia. 

Não reconhecer o mérito desses gênios da Antropologia moderna seria impossível diante de suas respeitadas produções científicas. Do outro lado, estão aqueles que observam a competitividade do mercado de trabalho contemporâneo. Diz-se que o fato de vivermos no mundo capitalista e que, portanto, ter um mínimo de garantia de inserção no mercado de trabalho é basilar para o incentivo da graduação em Ciências Sociais, afinal de contas, hoje em dia, quem se predispõe a passar quatro anos nas cadeiras de uma universidade sabendo que no final corre o risco de conviver com a desvalorização profissional e consequentemente o desemprego? 

Seria meramente pelo prazer de fazer um curso superior? Bom, pelo visto, esta discussão ainda vai longe. Colaborando ainda mais com esta contenda, está o fato de que não há entre as profissões regulamentadas no Brasil a de cientista social. Encontra-se antropólogo, sociólogo, cientista político. 

Há aí uma contradição lógica, um paradoxo. Se não é profissão, porque formam-se cientistas sociais? Quem quer ser cientista social se não há reconhecimento nisto? Há quem diga que o termo cientista social foi cunhado pelas elites para justificar o estudo da pluralidade de conhecimentos. Como esses indivíduos não tinham problemas financeiros, não estavam preocupados com profissão. 

No entanto, sabemos que as Ciências Sociais, o modelo como se apresenta, é reconhecidamente um ramo da ciência, por sinal, distinto das humanidades, que estuda os aspectos sociais do mundo no âmbito das relações humanas. 

O fato de o cientista social observar o mundo sob a ótica de três ciências distintas o coloca em vantagem em relação àquele que foi treinado em apenas uma das Ciências Sociais. Isto porque, o cientista social é capaz de inferir com mais precisão os aspectos macro e micro da sociedade e sem dúvida alguma isto é um diferencial. 

Não levar isto em conta é ser no mínimo leviano, ou seja, é não considerar esse aspecto do formado nas Ciências Sociais, é não refletir sobre algo tão preponderante do fazer científico. 

Foi nesse contexto que li, com muita tristeza o que um professor da UESC, aliás, foi meu professor na disciplina “Antropologia dos Grupos Afro-brasileiros", um excelente professor por sinal. Ao participar da discussão, dá a sua opinião sobre o curso de Ciências Sociais. Fiz um print da página, vejam o que ele disse: 

"Gente, ciencias socias (sic) não pode ser tratado como algo q exista - pq não existe. E (sic) um monstrinho formado por poucas (demais) matérias de áreas distintas q só forma especialsitas(sic) em generalidades". 

Em outro momento quando alguém menciona o excesso de cursos de Ciências Sociais ele declara:  

"Não é excesso, nem falta, nem nada. É q ciencias(sic) sociais não existe. É uma criação artificial, por isso não tem lugar no mundo real. Não forma gente em área nenhuma". 

Na minha humilde opinião porém, o professor que nas redes sociais usa o pseudônimo de "João da Silva",  com estas declarações, contraria a própria preposição da Unesco que no final dos anos 1940, através do seu Departamento de Ciências Sociais dirigido por Arthur Ramos pregava  a institucionalização das Ciências Sociais e que estas, em curso, seria uma oportunidade única para  superar a fase "livresca", "literatóide" muitas vezes equivocada que os estudos antropológicos impunham sobre as concepções da formação da sociedade brasileira, considerando a situação dos negros e dos índios. 

Ou seja, somente com a colaboração do estudos em conjunto das demais Ciências Sociais, seria possível um entendimento mais assertivo da situação racial no Brasil. 

Portanto negar de modo tão acintoso os formados em Ciências Sociais é colaborar com o pensamento hegemônico de que a formação de uma sociedade criticista é nocivo para o modus vivendi de um povo (conservadorismo). Haja vista a própria heterogeneidade no modo de ver o mundo  do cientista social proporcionado pelo estudo agrupado das Ciências Sociais. 

O que nos falta, caro professor, é apenas a legitimidade institucional do reconhecimento profissional, pois o mérito, já possuímos.

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...