domingo, 9 de setembro de 2012

EIS QUE SE CONSOLIDA O NEOADVENTISMO! A "NOVA SEMENTE"

Fachada da nova Igreja Adventista do Sétimo Dia
 "Nova Semente", acima, o símbolo da igreja tradicional.
Recentemente, quando voltava da universidade, um amigo de longas datas me ofereceu carona, que claro, aceitei. Afinal, economizar é uma missão de cada universitário que depende, por exemplo, do transporte público.

No trajeto, falamos dos velhos tempos, perguntei-lhe sobre seus familiares e finalmente, sobre a igreja da qual faz parte e da qual também, um dia fui membro atuante.

Foi quando ele me fez uma pergunta que me deixou curioso: você já ouviu falar da Nova Semente? Eu respondi que não, estava tão desatualizado desse mundo sacro, que emendei umas perguntas: é o que? Mais uma denominação protestante chegando à cidade? Você está deixando sua igreja antiga?

A resposta dele foi intrigante: “não, é o nome da nova congregação Adventista do Sétimo Dia que está sendo construída em uma área nobre da cidade!” Fiquei em silêncio por alguns instantes, sem entender direito o que estava ouvindo, depois pedi que me falasse mais sobre aquilo tudo. Ele foi me explicando que a tradicional Igreja Adventista do Sétimo Dia estava com uma nova proposta de evangelização, decidiram que, se quisessem ganhar a chamada classe “A” da sociedade brasileira, deveriam dar uma nova roupagem no seu modelo de culto, suas músicas, suas pregações, a estrutura física do templo e por aí vai.

Para mim foi um desses momentos em que pude perceber como o estudo das ciências sociais é importante, especialmente, neste caso, a sociologia. Esta ciência consegue quase que instantaneamente nos situar diante de uma notícia destas, especialmente quando você conhece toda a proposta de um grupo social, que é o meu caso, pois durante muito tempo conheci de perto a organização Adventista do Sétimo Dia.

Para entender essa “nova roupagem” da fé Adventista, é necessário mergulhar um pouco no mundo pentecostal e entender como surgiu o neopetencostalismo, especialmente no Brasil.

O sociólogo Ricardo Mariano, pesquisou durante muito tempo esses movimentos religiosos no Brasil, e, em seu livro “Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil”, Edições Loyola, 1999, ele analisa que no Brasil da década de 1930 em diante, os pentecostais enfatizavam que sua proposta era ajustar e integrar uma classe social que estava, muitas vezes à margem do desenvolvimento do país, vivendo com baixos salários, em péssimas moradias e condições de saúde para lá de temerosas.

Neste tempo, no Brasil, acontecia um grande fluxo migratório de famílias que saiam da zona rural para os centros urbanos, muitas vezes iletrados, sem profissão que fosse útil na cidade, ou que ao menos garantisse um salário mais digno, somando ao rápido processo de urbanização destas cidades, para os pesquisadores, isto muito favoreceu o êxito pentecostal no que pode ser chamado de contexto urbano-industrial.

E quais eram as suas poderosas armas? Solidariedade entre os irmãos de fé, auxílio mútuo, ressocialização, reorientação de conduta concomitante com a revisão de seus valores e sua interpretação de mundo que agora, deveriam estar de acordo com preceitos bíblicos impostos pela comunidade sectária. Uma situação que implicava em o individuo levar uma vida fortemente contracultural, sectária e ascética, algo como rejeição e desvalorização do mundo, o que fez com que, como nos indica Weber, quando se refere ao mundo como habitat de todos os homens e que, portanto, estão sujeitos a todas as suas tentações, os indivíduos pentecostais para se ver “protegidos” deste  mundo, criaram para si, verdadeiros mosteiros (igreja e casa) e neles se fechando, saindo apenas para trabalhar, para ganhar o pão.

Isto, que durante os primeiros 40 anos do pentecostalismo não representava problema algum, uma vez que seus membros eram na grande maioria, oriundos das camadas mais pobres da sociedade e, por isso mesmo, acostumados com uma vida simples.

A partir de meados dos anos 1970 esse modus vivendi passou a ser um entrave no crescimento e desenvolvimento do pentecostalismo no Brasil. Membros destas igrejas ascéticas perceberam que, em um mundo capitalista, em uma sociedade de consumo, continuar exigindo que os fiéis se distanciassem das boas coisas que o mundo oferece, como conforto, riqueza, lazer, moda, ritmos e cores, achando que isto tudo é tentação e pecado, não era saudável para o seu propósito de crescimento no país, a partir deste momento e a partir da releitura estadunidense da religião pentecostal, surge e desenvolve-se de modo explosivo o neopentecostalismo no Brasil, que como escreveu Mariano (1999: 221) “transformou as tradicionais concepções pentecostais acerca da conduta e do modo de ser do cristão no mundo”.

Para o neopentecostalismo, ser cristão tornou-se o meio primordial para permanecer liberto do Diabo e obter prosperidade financeira, saúde e triunfo nos empreendimentos terrenos, ou seja, manter uma boa relação com Deus passou a significar o mesmo que se dar bem na vida.

A diferença então do crente pentecostal para o crente neopentecostal para encurtar nosso papo, é que, o primeiro grupo continua com uma postura tradicional sectária e ascética, embora já com certas permissividades, enquanto o segundo grupo passou a estabelecer sólidos compromissos com o mundo, com seus valores hedonistas, com seus interesses materialistas e com seus prazeres.

Veja, no entanto que, o neopentecostalismo não abriu mão totalmente das vertentes pentecostais, continua com suas funções nomizadoras e mantém ferrenha luta contra o Diabo, contra a carne e o mundo. Mas é inegável que o fervor apocalíptico desses religiosos esfriou, embora continuem acreditando no segundo advento do Cristo, quando acreditam que serão arrebatados aos céus para viver eternamente com Deus.

Voltando então à “nova roupagem adventista” com sua Nova Semente”, o que vemos, ao observar o que acontece no seio da igreja, é que, com o rápido desenvolvimento da tecnologia, permitindo que o conhecimento se alastre de forma veloz e fácil, com o despertar das pessoas, especialmente membros de uma igreja que tem características ascéticas e fundamentalistas, e que se tornaram críticos e exigentes, a própria sociedade brasileira com sua nova classe média tendo acesso mais fácil a processos de conhecimento coloca na berlinda determinadas formas de pensar e liderar.

A igreja então se viu num momento semelhante ao pentecostalismo dos anos 1970, estagnou-se apesar dos esforços evangelísticos empreendidos, basta analisar o resultado do último senso do IBGE, como o crescimento do adventismo no Brasil chegou às raias da insignificância, em algumas regiões chegou mesmo a regredir.

Ficou claro para a liderança desta igreja, que se manter distante da nova realidade social é o mesmo que assinar um atestado de óbito. No entanto, como mudar organicamente uma igreja secularmente tradicional e fundamentalista? Ou seja, era de fato, um beco que aparentava sem saída.

Se causaria escândalo implantar dentro de uma instituição com estas características um novo modelo e uma nova concepção de adoração a Deus, fazer isto de modo paralelo, poderia ser menos danoso e com isso surge, com status de salvadora da pátria, com um nome bastante sugestivo a “Nova Semente”, que na compreensão sociológica nada mais é do que o neoadventismo.

Mas notem, no caso do neopentecostalismo ele não surgiu coexistente com o pentecostalismo. Não no sentido tempo e espaço, ele surgiu de dissidentes que perceberam: o modelo pentecostal de praticar religião não conseguiria manter na nova realidade social, seu crescimento avassalador como foi nos anos 1930-70. Mas no adventismo, o neoadventismo surge de modo orgânico, e por isso é estranho e causa confusão em boa parte de seus membros, muitos deles nascidos e crescidos no sistema tradicional, ou seja, não é simples para estes membros aceitar que nesta nova Igreja Adventista, haverá um nível de liberalidade nunca antes visto na história da igreja, pelo menos no Brasil, e principalmente, a proposta de ser uma congregação destinada para a classe “A” da sociedade, isto é demais para membros que cresceram acreditando em um Deus que não faz acepção de pessoas e que não está interessado em suas riquezas mas sim, em seu coração. Ainda que a liderança diga que esta é uma experiência evangelística inovadora e importante para a própria manutenção da igreja no sentido de existência.

Trocando em miúdos, se analisarmos de modo biológico, como fez Durkheim ao buscar entender o funcionamento da sociedade, a igreja “Nova Semente” é andrógena, uma vez que faz parte da igreja tradicional, mas ao mesmo tempo nega, ou ao menos, esconde sua origem, fazendo muitas coisas contrárias ao tradicionalismo. Diremos então que há aí uma esquisitice.

Se trocarmos mais em miúdos ainda, esta nova identidade adventista se vale do engodo, a primeira, e é triste só em pensar, a de deixar evidenciado para seus quase 30 milhões de membros ao redor do mundo, membros estes tradicionais, que tudo que viram e ouviram ao longo de suas vidas foi um equívoco, na verdade a verdadeira forma de se adorar a Deus é esta que agora é apresentada, ou seja, foram enganados.

A segunda, não menos negativa é que os novos membros ricos que farão parte da “Nova Semente” serão posteriormente encaminhados para o formato de culto tradicional, modelo que a igreja acredita, é a verdadeira forma de adorar a Deus, ou seja, também serão enganados...bom, é melhor dizer: catequizados!

Do ponto de vista da sociologia, os líderes da Igreja Adventista precisam tomar muito cuidado, pois a depender de como a ideia chega aos seus membros, pode surgir na sociedade, pelos menos entre os fiéis adventistas, um caso de apartheid religioso protestante escancarado numa sociedade de desigualdade social. Quando é possível pensar no quadro que se pinta: “igreja para rico” X “igreja para pobre”.

Bom, para mim, fica aquela certeza impávida, nosso bom e velho Max Weber tinha razão quando escreveu: “Do ut dês é o dogma fundamental, por toda parte. Esse caráter inere à religiosidade cotidiana e das massas de todos os tempos e povos e também de todas as religiões. O afastamento do mal externo e a obtenção de vantagens externas, ‘neste mundo’, constituem o conteúdo de todas as ‘orações’ normais, mesmo nas religiões extremamente dirigidas ao além’ (Weber, 1991:293).

E para fechar, um texto publicado pelo jornalista José Simão, na Folha de São Paulo em 1/10/1991. “E a melhor piada do fim de semana foi a do Chico Anysio na ‘Escolinha do Professor Raimundo’. Um cara tava na frente de uma dessas igrejas de crente e a mulher falou: entre, meu irmão. E o cara responde: ‘não posso, tô duro’”.

Definitivamente, no olhar dos teólogos modernos, mais do que nunca, Deus é cada vez mais capitalista! E ele tem preferência pelos endinheirados, tanto que os trata bem melhor que os pobres coitados. É como dizia Salomão: “Tudo é vaidade”.

QUEREMOS UM ESTADO A SERVIÇO DO POVO

Reprodução da carta do movimento “Grito dos/as excluídos/as” do último 7 de setembro em Itabuna-Bahia.

 
Em primeiro lugar, este não é mais um panfleto de candidato à próxima eleição por isso, pedimos. Leia até o final.

Este ano aproveitamos o momento do Grito dos Excluídos - 07 de setembro, para denunciar e exigir que providências sejam tomadas no sentido de conter o aumento assustador da violência e da corrupção na cidade de Itabuna. É uma tristeza imensa para todos os cidadãos itabunenses, figurarmos sempre na mídia nacional como uma das cidades mais violentas do Brasil. Aqui, faltam políticas sociais efetivas por parte do poder público e ações concretas de combate à violência por parte do governo baiano.
Nossa cidade tem registrado mais de 200 homicídios por ano, o que, para alguns especialistas no assunto, é índice de cenário de guerra, superiores inclusive aos registrados atualmente na Síria, país envolvido em uma guerra civil.

As causas da violência em Itabuna são inúmeras. Mas podemos apontar como principais as seguintes: falta de emprego e oportunidade para os mais jovens, consumo e tráfico de drogas, sobretudo o “crack”, desagregação familiar, falta de políticas públicas com foco na socialização dos jovens por meio da cultura, do esporte, e do lazer. Diante desse cenário somos desafiados a refletir e agir frente à violência que tem afetado de maneira devastadora grande parte da sociedade brasileira, sobretudo a juventude, que se vê vulnerável em uma estrutura social de desigualdades.

A situação caótica da saúde no município também nos assombra, esta convive sem investimentos que venham garantir a dignidade no atendimento à população, o constante jogo de acusação (Governo municipal x Governo estadual) sobre os recursos, sobre a gestão plena, piora mais ainda o atual quadro de descaso contra a população que necessita por exemplo, recorrer ao Hospital de Base em busca de atendimento. Reivindicamos o direito a saúde para todos os itabunenses, com qualidade no atendimento, respeito aos profissionais e investimentos de 10% do orçamento da união para a saúde pública. Gritamos não ao sucateamento e a privatização dos serviços públicos. Queremos um Estado a serviço do povo e não do mercado que visa unicamente o lucro.

As recentes greves dos servidores públicos, em especial dos professores que durou 115 dias, deixaram muito claro como o executivo baiano trata os direitos dos cidadãos (ãs). A falta de docentes e as péssimas condições de trabalho, salários defasados, autoritarismo e a falta de sensibilidade nas negociações, toda essa situação nos mostra a inexistência de uma política pública estadual para um setor que, sem a devida atenção, contribui com o alto índice de analfabetos – 1,7 milhão – e a grande evasão escolar no Estado. E mais uma vez o grande prejudicado é a juventude do nosso município e do Estado.

Não é possível também permitir a continuidade do quadro de corrupção que se instalou no município capitaneado em especial pela Câmara de Vereadores constantemente denunciada por esta prática maléfica e incentivada pela sensação de impunidade que hoje vem acontecendo: o envolvimento de vereadores em uma rede de fraudes em processos licitatórios que tinham como objeto a contratação de serviços para o legislativo, a adulteração de contracheques de servidores que pretendiam obter empréstimos junto aos bancos. Essa corrupção se alastra e atinge outros setores da sociedade itabunense por conta da impunidade, uma vez que um conceito está amarrado ao outro.

Os blogs, os sites, os informativos e a imprensa em geral, têm denunciado constantemente as mazelas da Câmara de Vereadores e o descaso do poder público com a segurança pública, já que Itabuna bate recordes de assaltos e assassinatos a cada dia. Mas, providências concretas, não são tomadas. É sempre aquele jogo de empurra-empurra (Município – Estado- União) e o povo continua sendo prejudicado.
Estamos aqui para gritar: “queremos um Estado a serviço do povo – chega de violência e corrupção em Itabuna”. Junte-se a nós e grite também pelos seus direitos.

Itabuna (BA), Avenida Cinquentenário – 07 de setembro de 2012.

Assinam este Manifesto: Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Santa Cruz, Comunidades Eclesiais de Base, Comissão Pastoral da Terra, Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas,  Conselho de Cidadania Permanente, Conselho Indigenista Missionário, Encantarte, Grupo de Mulheres do Parque Boa vista, Levante Popular da Juventude, Movimentos Cursilhos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A justiça é verdadeiramente cega? Eliana Calmon é substituída no Conselho Nacional de Justiça

No melhor estilo "faça o que eu mando mas não faça o que eu faço", o Conselho Nacional de Justiça, o CNJ, substituirá a corregedora Eliana Calmon, a única que nas últimas décadas teve a coragem de contestar o modelo de "justiça" praticado no país e escancarou para todo o país e o mundo, suspeitas falcatruas que acontecem nas entranhas do Poder Judiciário. Esse episódio deixa claro, mais do que nunca, como a justiça brasileira está a serviço de uma minoria. Mais uma vergonha para o Brasil. E ainda dizem que a justiça é cega.

Corregedora deixa CNJ sem conseguir processar juízes

Em sua despedida do cargo de corregedora nacional de Justiça, a ministra Eliana Calmon fracassou ontem na tentativa...

Do Estadão

Em sua despedida do cargo de corregedora nacional de Justiça, a ministra Eliana Calmon fracassou ontem na tentativa de abrir processos contra juízes e desembargadores suspeitos de envolvimento com omissões, irregularidades e atos de corrupção. Tida como rigorosa, Eliana será substituída amanhã, na Corregedoria, pelo ministro Francisco Falcão - também lotado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Dez pedidos de vista feitos por integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) interromperam o andamento de processos que já estavam prontos para serem julgados. Eles se referiam a suspeitas, por exemplo, de incompatibilidade de rendimentos com o patrimônio de magistrados. Os novos casos serão assumidos pelo futuro corregedor-geral, Francisco Falcão, empossado ontem.
Em um desses casos, Eliana disse que um desembargador de Mato Grosso do Sul não conseguiu dar explicações plausíveis para sua movimentação patrimonial, entre 2003 e 2008, com créditos de R$ 33 milhões.
Em outra investigação, Calmon defendeu a abertura de processo contra um desembargador de Roraima suspeito de várias irregularidades, como aquisição de bens incompatíveis com a renda e nomeação de filhas para cargos em comissão no Executivo.
Também foi adiada uma decisão sobre pedido de apuração de suposta omissão do ex-presidente do TJ do Rio, Luiz Zveiter, em conceder escolta à juíza Patrícia Acioli. A magistrada foi assassinada há um ano em Niterói. O adiamento foi pedido pelo advogado do desembargador, Márcio Thomaz Bastos.
Em seus dois anos como corregedora, Eliana Calmon desentendeu-se com vários integrantes dos tribunais. Um desses casos ocorreu no ano passado e envolveu o então presidente do STF, Cezar Peluso. Dias antes, Eliana tinha dito que havia "bandidos de toga" no Judiciário.
Ao despedir-se, ela afirmou que teve a oportunidade de "conhecer as entranhas do Judiciário". Destacou o fato de ter conseguido fazer uma inspeção no TJ de São Paulo.
"Decidi calçar as botas do soldado alemão e ir a São Paulo fazer a inspeção. Daquele dia em diante, coisas destravaram lá dentro", declarou. "Na parte disciplinar fui duríssima", disse ao fazer um resumo de sua gestão.

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...