sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira


Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcionários com posições importantes em gigantes como Google, Facebook, Pinterest entre outras. Ao sugerir que os indivíduos se desconectem das redes sociais, o fazem assumindo que criaram um veneno social para o qual não há um antídoto e admitem ainda que, somente um milagre para reverter os efeitos nefastos desse veneno e o milagre se chama: engajamento coletivo.

No filme/documentário "O dilema das redes", os especialistas apontam para um mundo presente e futuro completamente dominado pelo que o mercado online deseja, onde a verdade dos fatos ou a mentira tem pouca relevância, na verdade, a falsidade e o engano dão o tom das relações sociais fundamentadas em mecanismos online, tendo em vista que, para uma maioria de desinformados, a verdade não tem graça alguma.

O domínio se dá a partir da interação de cada indivíduo nas redes sociais, o que lê, o que escreve, o que busca, o que vê, o que compra. Baseia-se nos interesses de cada um e então acontece o processo de manipulação, onde você não se pertence, sua liberdade é tirada sorrateiramente e você faz exatamente o que a Inteligência Artificial alí aplicada deseja, com o objetivo de ofertar aos anunciantes de produtos e serviços, certezas de bons negócios.

Quem capitaneia o documentário é Tristan Harris, ex funcionário do Google e um dos nomes mais respeitados da valorizada tecnologia persuasiva. Harris, percebeu, enquanto desenvolvia as ferramentas de persuasão, o quanto as redes sociais são viciantes e como elas conseguem manipular milhares de pessoas e o pior, o quanto esse domínio é perigoso para o tecido social. Assim, tentou, dentro da indústria online, encontrar caminhos para diminuir tal poder, sem sucesso, hoje milita em uma causa que ele assume, é quase impossível e é exatamente de olho nesse "quase" que ele deposita sua esperança.

Desde a eleição de Donald Trump, o mundo viu surgir de modo assustador a capacidade de manipulação das redes sociais. O Brasil experimentou de modo avassalador com a eleição de Bolsonaro. Os engenheiros do Vale do Silício admitem que essas duas eleições e outras mundo à fora, sofreram forte influência dos bilhões de algoritmos desenvolvidos e em pleno vigor nas redes sociais e funciona assim: alguém prepara um discurso mentiroso ou não, e solicita aos administradores das redes, indivíduos que, de alguma maneira, o mais próximo possível, se identifiquem com o discurso, prontamente este banquete é servido, a partir daí, esses milhares de indivíduos são mapeados, rastreados e persuadidos a espalhar aos seus contatos e até militar na defesa da ideia e para isso, não há regras, não há controle do que é compartilhado, se falso ou verdadeiro, importa que a mensagem seja difundida e aceita.

Foi assim com a "ideia terraplanista", foi assim com a ideia do "pizzagate", foi assim na eleição de Trump e ninguém duvida que foi assim na eleição de Bolsonaro aqui no Brasil. Há que se pensar também e com muito temor, no quanto que esse modo de persuasão tem sido brutal com as novas gerações, vítimas fáceis de um sistema que ignora o bem estar das pessoas, a segurança, a liberdade e o desenvolvimento pleno do ser humano.

Estamos vivendo um tempo onde podemos afirmar que a pessoa não possui um celular, mas o celular possui uma pessoa. Não nos enganamos quanto à alienação online que tem destruído vidas, enfraquecido as já fragilizadas democracias, dilacerado relacionamentos, carreiras, projetos.

Quando analisamos os fatos, a ideia de radicalismo para a ordem "Desligue suas redes sociais", cai por terra, uma vez que a obediência a tal ordem é na verdade um prenúncio de libertação. Alguém poderá dizer que há benefícios com as redes, sim, inegavelmente há, aproxima pessoas encurtando distâncias, dá voz aos esquecidos, serviços essenciais são divulgados, mas e os efeitos colaterais? Isso não foi mensurado. Claro que não dá pra pensar em maldade dos criadores, o modelo de capitalização em vigência no mundo é que está equivocado, não pensa nas consequências, somente que fins, o lucro, justificam os processos.

Pois bem, e o que nos resta? A crítica, ela pode equilibrar a batalha. Pergunte sempre se precisa ver aquilo, ler aquilo. Analise a fonte se de fato tem embasamento, valorize a vida, a beleza, a harmonia, o por do sol, o verde das matas, o sorriso de seu filho ou de sua filha, a conversa face a face, desconecte-se um pouco a cada dia, entenda qual é o estritamente necessário e torne-o básico, não o primordial. Há coisas incríveis pra fazer, não entregue seu tempo às mídias sociais, não seja o produto delas para o qual, os variados tipos de empresas e políticos estão dispostos a pagar milhares de dólares. 

Recomendo que veja o filme/documentário "O dilema das redes". Observe como tudo funciona e, se não te surpreender, te dará a certeza de que há vida longe das telas. 


quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A TRÁGICA HISTÓRIA DE UM PAÍS QUE, IGNORANDO A CIÊNCIA, NATURALIZOU A MORTE - Por Maik Oliveira

No dia 26 de fevereiro deste ano 2020, foi confirmado o primeiro caso do covid-19 no Brasil, tratava-se de um homem de 61 anos que acabava de chegar da Itália, 14 dias depois, também em São Paulo, confirmada a primeira morte pelo mesmo vírus, uma mulher de 57 anos. De lá pra cá os casos de infecção e morte foram se multiplicando de modo exponencial, hoje, dia 25 de agosto, soma-se quase exorbitantes 117 mil mortes, uma tragédia sem precedentes.

Ficávamos chocados, assombrados quando víamos e ouvíamos as notícias de que centenas de pessoas estavam morrendo na China, na Itália, na Espanha, amedrontados com o que poderia acontecer com o Brasil, emocionávamos ao ver as pessoas se socializando a partir de janelas, varandas, sacadas, tocando violino, cantando óperas, em abraços virtuais. 

Mas o covid-19 chegava à galope no Brasil e aqui, ele encontraria um terreno fértil, transformaria-se em mais um dos diversos cabos eleitorais municiados por fake news e descrédito. Em um país miseravelmente polarizado, alguns tentavam jogar luz sobre um inimigo invisível capaz de matar, isolar, instalar crises diversas, capitaneados pela ciência, esses logo foram taxados de disseminadores do medo, outros preferiam minimizar, não era para tanto, era muito pânico para pouco problema, esses, capitaneados pelo capitão disfarçado de presidente, logo pegaram a pecha de negativistas.

O vírus que ignora polarização política, despreparo para enfrentamento de crises, ignorância de um povo, foi chegando, se instalando, conhecendo e adorando o terreno, como um conquistador em terras desprotegidas, foi fazendo suas vítimas, primeiro infectando e em seguida, matando.

Os coveiros nunca trabalharam tanto, já não usavam enxadas, picaretes e pás, não dava tempo, era necessário escavadeiras. Cova individual? Privilégio de poucos, em alguns Estados as infames e brutais covas coletivas lembravam um cenário de guerra, uma guerra sim, brutal, insana, para médicos, médicas, enfermeiros, enfermeiras, auxiliares hospitalares, motoristas de ambulância, vítimas e familiares afetados pelo vírus pandêmico.

Para a politicagem sempre em voga no Brasil, uma oportunidade única de faturar alto, alguns assistiam de camarote o desenrolar da fatídica crise, queriam ver como o cúmulo do despreparo que ocupa a presidência ia se sair e ele, não decepcionou, fez o que um sujeito mediocrizado pela vida faria em tais circunstâncias, como Pilatos no julgamento de Cristo, lavou as mãos, primeiro ignorando o perigo, depois imputando culpa, as mortes e o desemprego recorde podiam ser jogadas nas costas dos governadores loucos, inimigos seus, esquerdopatas ou traidores que espalham o terror.

Quando seu Ministro da saúde o contrariou e afirmou a gravidade, ele o desautorizou, perseguiu, destituiu, tentou um outro que defendesse a cura a partir da perigosa e improvável cloroquina, e, apesar do visual zumbizento do novo ministro, este não atestou o discurso trumpista do presidente e jogou a toalha. No momento mais crítico da saúde do país dessa geração, o governo chega a escandalosos 100 dias sem um Ministro da saúde.

Entre "é uma gripezinha, "e daí", "não sou coveiro" e "vida que segue" as mortes foram se multiplicando assustadoramente e os políticos? Alguns, de olho no próximo pleito, disputam, através do discurso, a  simpatia dos moribundos eleitores, outros, talvez por acharem que a carreira política já foi pro brejo, superfaturam tudo que diz respeito ao pseudo combate ao vírus, são milhões e milhões de reais pra garantir o futuro de políticos e empresários inescrupulosos, aqueles que sempre estão dispostos a desembolsar somas exorbitantes para eleger os seus políticos de estimação, estes que, em troca, assumirão o desprezível compromisso de abrir com sorriso nos rostos os cofres públicos, desta vez, destrancados pelo tal "orçamento de guerra".

A imprensa foi mostrando a sua cara, evidenciando suas escolhas, parte se engalfinham no curralzinho, ops! No cercadinho do palácio do planalto para ouvir as bravatas do seu tosco mestre, jornalistas de última hora, com seus blogs e canais comprados, difundem e elogiam as falas fascistas e insensíveis de seu líder, outros, tentando dar um ar de seriedade e profissionalismo à profissão, questionam o comportamento e a falta de ação específica no combate ao inimigo invisível, esses, imediatamente são rechaçados e sufocados, ou pela agressão do capitão, ou pelas ameaças e até agressões físicas dos jornalistas sem diplomas acampados em barracas, alimentados à base de pão de sal e café preto nos gramados palacianos. É, a imprensa também se polarizou, nivelou-se por baixo.

5 mil, 10 mil, 20 mil vítimas, que horror! Alguém diz: "morrerá de 30 mil a 100 mil", lá vem o pessimista, sai pra lá! Dizem os negacionistas. 30.000, "eu não disse?! Mas vai ser mais!" Corta o microfone dele! A medicina clama: usem álcool em gel, lavem as mãos, #fiqueemcasa, nada de aglomeração, o comércio não pode funcionar, as escolas também não! O vírus já está no ar! Descrentes alucinados pelo neoliberalismo, vendo os lucros descerem a ladeira, não demoram a responder: Loucos! Vão falir o país, não passará de 7.000 mortes e somente aqueles velhinhos doentes, a pandemia não passa de 3 meses!

Nunca a Ciência foi tão depreciada e hostilizada. Nada de novidade em um país de desinformados, ignorantizados e cegos para a realidade. Terra fértil e com adubos de excelente qualidade para um vírus que se alimenta de pessoas néscias, multidões de desnorteados, desorientados. As mortes que em uma semana eram centenas, na outra já eram milhares e aconteceu o pior.

Naturalizamos a morte! De repente, aquele povo chocado com as centenas de mortes no exterior e que pavorosamente assistia nos telejornais as imagens de UTIs lotadas, ambulâncias em frenesi, covas e covas sendo abertas, falta de caixões para sepultamentos, passou a menosprezar os fatos, não dar mais audiência pros canais de notícias, os portais já não estampam em seus cabeçalhos chamadas que informam o número de mortes, antes uma rotina e que hoje, 25 de agosto, continua superando a trágica marca de mil, hoje a principal notícia é o cancelamento de uma sentença do ex juiz parcial Moro, ora, vejam só!

Parece não chocar mais, o Covid-19 tornou-se uma espécie de compatriota, ele está entre nós, abrasileirou-se, faz parte do nosso dia a dia, das nossas idas e vindas aos shoppings, aos mercados, às lojas, às festinhas de aniversários, nossos encontros casuais e sociais. É, ele continua por aí, infectando, matando e milhares de nós, com a sensação de que, se me pegar, pegou, se me matar, matou, se não, tá de boa, se eu for assintomático, melhor ainda. Ah! Afinal, não é um vírus de merda que vai me fazer voltar a viver em uma comunidade nuclear, quando já me individualizei e me autossuficientizei, quem é da vida é da morte, a vacina já tem na Rússia, logo, logo, estará aqui e se eu não morrer, viverei! Kkkkkkkkkkkkk...toca a vida!

terça-feira, 18 de agosto de 2020

CONHECIMENTO PARA QUEM PRECISA, PARA ALÉM DA SALA DE AULA!

Em março de 2009 eu estava, junto com mais algumas dezenas de colegas, iniciando como membro da primeira turma do curso de Ciências Sociais na UESC. Tenho dito que, para mim,  aquela não foi uma escolha pensando em ganhar a vida como Cientista Social, ou, como era a habilitação do curso, ministrar aulas de Sociologia no Ensino Médio brasileiro, sinceramente, isso não estava na minha mente, o que me motivava sobretudo era a busca por conhecimento, acreditava e não estava errado, que respostas à diversas perguntas que povoavam minha mente sobre a vida em sociedade seriam adquiridas ali, e foi, de fato, um divisor de águas na minha existência.

Pois bem, se não era a minha preocupação ganhar a vida com o que eu estava estudando, não demorou para que eu tivesse que responder as retumbantes perguntas, tão familiares aos estudantes universitários: e depois daqui, pra onde vou? O que e como vou fazer?

A disciplina Sociologia naqueles dias, não tão distantes, era obrigatória no Ensino Médio, deveria fazer parte da grade curricular, uma conquista, fruto de intensa luta do segmento junto ao MEC e que, no Governo Lula, tornou-se realidade. A mão de obra porém, era escassa, então, eu, como habilitado, estava mais do que garantido no mercado de trabalho, assim pensava, não somente eu, mas, provavelmente, muitos dos meus colegas, daquela turma inesquecível. Não demorou para alguns de nós receberem convites, especialmente da rede privada, ainda no 5°, 6° semestre, já estávamos em escolas, ministrando aulas com a cuca fresca das aulas acadêmicas.

E foi assim, era assim, até que veio o primeiro concurso público para preenchimento de vagas de professores no Estado e, ao olhar o número de ofertadas para a disciplina Sociologia, percebemos que não seria nada fácil um lugar ao sol na profissão, eram parcas as vagas, imagine que para cidades como Itabuna e Ilhéus, apenas duas vagas foram disponibilizadas, sim, uma certa desilusão tomou conta de todos nós, ou ao menos daqueles que ainda sonhavam com uma carreira na rede pública.

A rede privada acenava com possibilidades andrógenas, que somente em um país como o nosso é possível, horas aulas de R$9,00, 10,00, 11,00, duas por semana nos 2° e 3° anos e apenas uma no 1° ano, no final do mês, contabilizavam-se e te entregavam um contra cheque de R$300,00, então você percebia que se quisesse embolsar ao menos um mísero salário mínimo, ia ter que se virar para ministrar aulas em 3, 4 escolas, assumir as megas responsabilidades exigidas, além dos deslocamentos frenéticos para estar disponível, na hora certa, nos variados endereços profissionais.

Do ponto de vista vocacional, um privilégio, estar diante de alunos e alunas diversas, poder dialogar com eles e apontar caminhos, porém, do ponto de vista estrutural, do reconhecimento profissional, uma humilhação! Nenhuma novidade para um Cientista Social que sabe o que é o Estado neoliberal, o ensino privado assim o faz com a anuência do Estado e nós, profissionais, ficamos somente com a encruzilhadista frase: é pegar ou largar!

Então, depois de passar 4 ou 5 anos experienciando o que é a educação no país, especialmente como são tratados professoras e professores, nas redes pública e privada, esses guerreiros formadores de gente mas que se desgastam e se deformam ao ponto de, em muitos casos, terminarem a carreira ignorados e ou portadores de doenças irreversíveis, eu parei, parei não pela profissão que é nobre e essencial, parei pois não me apresentaram algo que me fizesse acreditar, um fazer educação que, de fato, seja capaz de formar cidadãos e cidadãs com a excelência do que isso representa.

Mas, a vida continua, os compromissos se estabelecem e se impõem, e você precisa dar conta deles, coloquei o meu diploma de Cientista Social e de Pós graduado em Sociologia em uma pasta, guardei no fundo do guarda roupas e fui cuidar da vida, atuando em frentes diversas, muito diferentes da minha formação acadêmica, raríssimas vezes, volto lá, olho, vejo como é linda aquela declaração do Estado de que sou Sociólogo, e me pergunto: para que? Me consola a convicção de que me ajudou muito a ser o que sou hoje, mudou meu modo de pensar a vida, de ver e interpretar o mundo, mas cada vez mais indago: é suficiente? Isso não é muito egoísta de minha parte? Cumpre em mim então o pressuposto baumaniano da modernidade líquida caracterizada por um olhar individualista do mundo? Confesso que isso passou a me incomodar grandemente.

Precisava resolver isso, pensar que não dá pra existir nesse mundo sem ao menos tentar fazer a diferença, de modo positivo, na vida das pessoas, do máximo de pessoas possível, e hoje, não é difícil, há muitos caminhos para serem trilhados quando o que se quer é contribuir com o bem estar de outrem. Então, me veio a ideia de Soltar as Asas do Conhecimento Adquirido, o que eu tenho chamado de SACA, como farei isso? Utilizando o meio contemporâneo mais comum de atingir as massas, a internet e suas redes sociais, então estou formatando um canal, o OBSERVATÓRIO SUL BAIANO, uma espécie de megafone do conhecimento, como assim?

Sabe aquele problema na rua? Sabe aquela violência no bairro, na cidade? Sabe aqueles problemas de relacionamento com o esposo, com a esposa, com o filho, com a filha? Sabe aquela dificuldade de aprendizagem? Sabe aquele problema de saneamento básico? E os termos acadêmicos tão distantes das pessoas comuns? Como explicar a desigualdade social? O racismo? A violência contra a mulher? O abandono de animais e suas consequências? E a política, qual a sua razão de ser? Ela é mesmo importante, necessária? E em relação a economia, como explicar a baixa remuneração de alguns e super remuneração de outros, isso pode ser resolvido? Viram quantas interrogações? Tudo isso e muito mais formam um bolsão de sofrimento que atinge multidões e eu, gostaria de ajudar a minimizar através do conhecimento, não sozinho claro, desejo de que o OBSERVATÓRIO se torne um canal multidisciplinar onde as pessoas, indistintamente, encontrem respostas, talvez nem tanto específicas, mas que apontassem caminhos para resolução de seus problemas pontuais.

Será isso utópico? Fruto de uma neurose quarenteniana em tempos de covid-19? Talvez, eu acredito que não,  Sociólog@s, Antropólog@s, Cientistas políticos, Historiadores, Pedagog@s, Médic@s, Engenheir@s, Arquitet@s, Geólog@s, Veterinári@s, Ecomomistas, Estatístic@s, Biólog@s, Biomédic@s, Linguistas e demais áreas do conhecimento podem, se desejarem, colaborar nesse projeto, e é muito simples, como o próprio nome já diz, o OBSERVATÓRIO SUL BAIANO  quer ser o espaço online onde será publicado seu artigo, sua crítica, sua ideia, sucinto, objetivo, com linguagem simples, não rebuscado, de um problema social detectado por você na região, escreva com o objetivo de alcançar o máximo de pessoas possível. O meu papel, além de participar também dessa observação será megafonar sua fala, sua observação e sua percepção fundamentada no seu conhecimento teórico através dos canais onlines disponíveis.

Se te interessa, mande seu nome, foto, sua formação para o e-mail: maik.35@hotmail.com e considere-se, desde já, Colunista Voluntário do canal OBSERVATORIOSULBAIANO.COM e divulgue para seus contatos, vamos levar conhecimento onde o conhecimento pode e deve fazer a diferença.

Trata-se de uma iniciativa vanguardista, do tipo, pulando o muro acadêmico, penso que vai valer muito à pena, conto com você nesse empreendimento!

Repetindo o e-mail de contato: maik.35@hotmail.com


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

POR QUE BOLSONARO É O BEZERRO DE OURO DOS EVANGÉLICOS BRASILEIROS?

Já faz algum tempo que quis escrever um texto sobre a turbulenta batalha política pela presidência que recaiu sobre o Brasil, sobretudo nesse mês de setembro e que, provavelmente, tende a ficar mais crítica nos próximos dias, isso sem falar no segundo turno, com um processo ainda mais polarizado.

O que chama a atenção é a participação mais do que ativa do segmento evangélico nessa edição, não que esteja vetado ao segmento essa participação, muito pelo contrário, mas é que, na recente história da nossa democracia,
nunca foi assim tão ululante. Como explicar tamanha efetividade?

Pois bem, já é mais do que sabido, pelo menos em boa parte dos evangélicos, a sua tendência de voto. Obviamente que dizer, "boa parte", não quer dizer maioria ou minoria, pois não se sabe ao certo qual o percentual de evangélicos que votará em Bolsonaro nessas eleições.

Porém, dado a participação ativa nas redes sociais, nos debates, acusações, xingamentos, é isso mesmo, até nisso eles embarcaram, fica claro que a participação não será pequena, mas, e a razão da escolha?

Quando analisamos a figura do candidato, seu discurso, o que representa, para quem aprendeu os valores que os evangélicos defendem, fica meio que sem saber as razões, em muitos dá um nó, pois de fato, é difícil de entender, mas não impossível.

Bolsonaro representa o voto da revolta, daqueles que já não enxergam mais no discurso político, um caminho para revitalizar um país às margens do desespero, ressalta-se aqui, o problema da corrupção, plano de fundo para os demais percalços que a sociedade brasileira vive: violência, desemprego, educação de má qualidade, juros extravagantes, injustiça social, entre tantos outros flagelos que tomam conta de cada canto do país.

O povo brasileiro se mostra cansado, desiludido, crê que é necessário uma sacudida nos governantes, um "chega pra lá" em quem lá esteve ou está e, uma tentativa do que chamam de "algo novo" que possa bater de frente com a promiscuidade política e social que tomou conta da nação.

Bolsonaro e seus correligionários entenderam isso, perceberam que um discurso precisava ser construído para alcançar esses corações aflitos, afinal, em sua maioria, o eleitor brasileiro, longe de ter como característica a crítica sensível e racional, navega nas ondas da passionalidade, estão mais adaptados ao ouvir do que ao pensar, aliás esse é um problema humano, temos, em geral, preguiça de pensar, estudar, pesquisar.

Talvez, um das razões da internet virar uma vedete, o Google, a "biblioteca" mais visitada do mundo e o fake news a ferramenta de mídia mais eficaz,  afinal, pra quê ler, estudar, pesquisar, basta um "Ctrl C" e um "Ctrl V" e a questão é resolvida. Então, nesse contexto, viram com maestria, que não precisavam apresentar um projeto à nação, não tinham que se preocupar com economia, educação, emprego, justiça social. O discurso só precisava de um viés, o viés moral, um moralismo tosco, imoral e, falando em moral, quem se coloca como defensor de uma conduta pautada em preceitos moralistas como atributo humano para herdar a vida eterna? O evangélico! Ainda que sabe, a graça de Deus é a porta mais eficaz.

O evangélico (não todos, graças a Deus!) se viu representado em Bolsonaro, enxergou nele um arauto desse modo puritano de ver e interpretar o mundo. Lógico que o referido representante não é nada disso, basta uma breve pesquisa sobre sua vida pregressa pra saber que está longe da vida moral sonhada pelo povo evangélico e nem mesmo evangélicos, a despeito do que ensina a sua religião, são, em grande medida, exemplos a serem seguidos, afinal, são humanos e como humanos, falhos.

Evangélicos viram em Bolsonaro a contrafação daqueles candidatos diabólicos que defendem gays, lésbicas, que querem um estado laico, onde não somente o cristianismo tenha espaço, mas também as religiões de matrizes africanas, o espiritismo, os ateus, os sem religião, enfim, um estado de todos e para todas.

O evangélico é, antes de mais nada, defensor do lema "feliz é a nação cujo Deus é o Senhor". Mas, alguns entendem que, para isso, todos os demais precisam ser convertidos ao cristianismo e se não quiserem, que sejam banidos da face da terra, de preferência pela maldição do Senhor, se não, se possível, apedrejados como filhos do Diabo. Esquecem que, no contexto de suas crenças, o Deus que dizem seguir, também é criador de todas as criaturas, não faz distinção, que a todos ama e por todos deu a vida.

Bolsonaro então, se tornou uma espécie de fetiche dos evangélicos. O objeto político e espiritual que pensam ser capaz de transformar a nação no paraíso evangélico e eles têm a anuência de líderes que "dão a cara à tapa", cônscios de que se tudo der errado, podem jogar a culpa mais uma vez no Diabo (o que seria de determinados lideres evangélicos não fosse o Diabo?) e seus representantes e serão perdoados pelos seus seguidores, vão para a internet, mídia em geral e vociferam, conclamando à membresia à algo que já se assemelha a uma espécie de "cruzada" contra os pecadores.

Aparelham então, suas instituições religiosas com seus próprios anseios, seus desejos, seus mais obscuros desejos e conluios,e o povo, ou boa parte deles, como ovelhas indo ao matadouro, seguem seus lideres, afinal, são os "ungidos do Senhor" ordenando.

Esse egoísmo evangélico causa uma cegueira infame pois, ao centralizar sua fé para um país melhor em um fetiche, claramente antagônico ao que acredita e defende, não consegue enxergar o óbvio do que é a função básica da política: governar para todos e a todos sem distinção, como aponta Hannah Arendt,  "política baseia-se no fato da pluralidade dos homens e esta deve tutelar o convívio dos diferentes, não dos iguais".

Evangélicos nesse contexto, não enxergam o direito, o livre-arbítrio, o outro, não aceitam o diferente, não respeitam a crença ou a descrença alheia e o pior, acreditam mesmo, como cegos caminhando em direção do precipício que o fetiche antagônico que colocaram no altar de Deus, será capaz de dar a eles, a glória.

Pois é, esse tipo de evangélico, desconhece Deus e o seu amor. Bolsonaro é a prova contundente de que, boa parte do povo evangélico escolhe seus ídolos pela força do egoísmo.

É a história se repetindo. No deserto, rumo à terra prometida, o fetiche foi um bezerro de ouro construído com o que sobrou do vil metal trazido do Egito. No Brasil ele é chamado de mito, empunha uma arma e discrimina, faz apologia à violência, odeia minorias, menospreza mulheres, apoia e defende assassinos confessos, desconhece a história, menospreza o provo de África, abertamente propaga apoio incondicional a quem oprime.

Evangélicos, como dão trabalho ao Deus que dizem adorar, haja misericórdia!

sexta-feira, 25 de maio de 2018

CRISE DOS COMBUSTÍVEIS: SUA ORIGEM, SUA RAZÃO, SEUS PORQUÊS

Em relação à Greve dos Caminhoneiros, vamos colocar assim, com letras maiúsculas, pois entendo que esse não é um evento comum. Nele há muito o que ponderar.

A Petrobrás, estatal mais importante do Brasil, é aquela mesma empresa que foi tomada pela politicagem, sim, pois não é uma estatal qualquer, trata-se de uma que movimenta dezenas e mais dezenas de bilhões de dólares anualmente.

Para que tenhamos ideia mais precisa do que representa a Petrobrás economicamente, em 2010 a empresa efetuou  a maior capitalização em capital aberto da história no mundo, 72,8 bilhões de dólares, antes dela, a Nippon com 36, 8 bilhões era a detentora do recorde.

Pois bem, com tanto dinheiro circulando abertamente, sendo ela uma estatal em um país reconhecidamente corrupto em seus diversos setores, foi natural que os olhares dos gatunos vampirescos crescessem em sua direção, sem querer ofender os pequenos felinos domésticos.

A Petrobrás então foi cooptada para patrocinar e bancar grande parte do desvio de dinheiro público que não era pouco, a outra parte provinha de superfaturamentos, desvios de verbas já destinadas para obras estruturais, para a saúde, educação, segurança e por ai vai.

A ganância foi tão grande que segundo o Tribunal de Contas da União - TCU, o rombo chegou a 10% do faturamento anual da Petrobrás.

Bom você pode pensar, 10% é pouco, não quebra uma empresa que tem uma liquidez altíssima pois oferece um produto de extrema necessidade, o combustível, é, pode ser, mas, somando a esses desvios estão as más aplicações e, sendo ela uma empresa com papéis cotados nas bolsas de valores mundo à fora, viu ruir sua credibilidade e como consequência, seus títulos perderem valor de modo vertical.

Para se ter uma ideia, somente em 2014, com o impeachment, a Petrobrás no geral, chegou a contabilizar um prejuízo de 44, 3 bilhões de dólares. Para uma empresa com cotas em bolsas de valores isso é surreal.

Com tanto dinheiro saindo pelo ralo e com a credibilidade abalada, a maior empresa do Brasil se viu em situação de bancarrota, recuperar o dinheiro perdido e, principalmente, a confiança de seus investidores deveria encabeçar a sua pauta, era óbvio que o consumidor iria pagar o pato como sempre foi a dinâmica do país, mas como fazer isso sem causar revoltas na população, qual argumento usar para o aumento assombroso nos preços finais dos combustíveis?

A resposta não demorou, havia um caminho, indexar o valor dos combustíveis ao dólar, isso daria a Petrobrás, um argumento plausível à população, afinal, o preço do produto é reverberado mundialmente e, sendo assim, explica-se o aumento no país.

É óbvio que a previsão de aumento do dólar já estava sendo monitorada com as novas políticas previstas para o governo Trump, assim, cinco meses após Temer tomar o poder, em outubro de 2016, a Petrobrás anuncia sua nova composição de preços dos combustíveis tendo o dólar como um dos seus principais reguladores, adotando assim, a famosa política do livre mercado, dando vez ao que acontece com o mercado internacional, o tipo de política adorado e venerado pelos capitalistas, aqueles que nunca experimentaram e nem desejam conhecer o que é ser pobre, viver desprovido, em muitos casos, até do que é básico.

É bom lembrar que entre 2013 e 2014 o governo Dilma interveio no aumento dos combustíveis, na ocasião a então presidente da estatal, Graça Foster, foi duramente criticada pela grande mídia pois acreditavam-se que atender a um pedido presidencial poderia causar grandes prejuízos à empresa e aos seus acionistas, desses últimos, milhares são norte americanos preocupados em perder seus preciosos dólares com a desvalorização da estatal brasileira e já pressionavam a Petrobrás para mudar suas políticas de preços, no entanto, o governo do PT à época, bateu o pé em aceitar que o mercado internacional fosse parte regulatório dos seus preços de combustíveis.

Esse é um resumo da parte econômica do imbróglio, anexado a isso, está a questão política, essa talvez, a mais emblemática das questões, tendo em vista que escancara o "governo Temer" como aquele que articula suas investidas políticas, ensaia seus discursos e tem coragem para apresentar sem escrúpulos suas cartas no meio político, mas se mostra incapaz de lidar com qualquer crise, desde o desabamento de um prédio com a clara incompetência de sua assessoria por achar que seria aplaudido só por comparecer e fazer alguma promessa até a maior crise do governo, a "Crise dos combustíveis", onde se encontra perdido, lançando mão de discursos e ações estéreis e é simplesmente ignorado pela categoria que está em greve, os caminhoneiros.

Aqui mora o perigo, um governo que não se garante diante de uma greve que não vêm do povo comum, pois não é uma demanda política de ações generalizadas, ou seja, a Greve dos Caminhoneiros não é uma pauta que contempla o povo como um todo, muito embora afete a todos, a greve parte de quem não quer diretamente pagar a conta do rombo da Petrobrás, caminhoneiros independentes e empresas de transportes em geral, tanto que estão unidos, é uma greve articulada, pensada, e consciente do estrago que pode causar, politicamente e economicamente.

Nessa demanda se junta o povo comum, ou melhor, aqueles antes "classe C" e que depois dos governos populistas do PT, passaram a ser, em alguma medida, consumidores. Conseguiram financiar a casa própria com garagem ou estacionamento, tomar empréstimos bancários e com um esforço a mais, compram um carrinho 1.0 para por na garagem ou parar na porta de casa.

Esses adoram sua conquista, afinal, andar motorizado faz muita diferença, voltar a andar a pé é a última opção, mas com o litro de gasolina a R$5,00, quem aguenta? Um absurdo! Eis que ali na BR, os caminhoneiros estão parados, querem pagar menos pelo diesel, juntou-se então a fome com a vontade de comer, surge a #somostodoscaminhoneiros, mentira pura!

Querem mesmo é poder continuar a andar de carro, poder pagar menos por isso é o objetivo e se os caminhoneiros estão chamando a atenção do governo, vamos nos solidarizar, levar cafezinho, almoço, bolo de aipim, suco de acerola e maracujá, nesta época do ano, um licorzinho cai bem e apoio, muito apoio.

Tudo que as empresas queriam e o governo abominava, mas está acontecendo e se o problema saiu da esfera econômica para a esfera política, o poder então está em jogo, e quem não quer poder? A turma do "corre pro abafa" não deixaria passar a oportunidade, um governo fraco, um segmento da sociedade em revolta e o povo em perigo é a receita perfeita para que a turma do ufanismo "moral e bons costumes" diga que isso não está certo, é preciso que haja intervenção e apregoam por todo o canto que "o povo quer intervenção".

Os generais que de repente e gradativamente voltam a ser para alguns babacas, os titãs da política brasileira, ao ver uma parte desavisada da população clamarem seus nomes já colocam a barba de molho e entram com o discurso, ousam questionar uma ordem de um governo banana, afinal quem no governo ilegítimo vai bater de frente? Querem mesmo é o "deixa acontecer naturalmente".

Bom, pra terminar, por tudo isso descrito, é que essa não é uma luta daquele povo chato que veste vermelho e que são chamados de contra-hegemônicos, a diferença é que o povo chato que veste vermelho é em grande medida composto por socialistas e greve de combustíveis tendo como plano de fundo uma estatal é inconcebível no socialismo, é greve de hegemônicos, a pauta do engajamento político e social segue em outra direção, os acontecimentos de então é pra assistir de camarote!

sexta-feira, 2 de março de 2018

REFÉNS DO MEDO EM UM ESTADO MORALMENTE FALIDO


Hoje, sexta-feira, dia 02 de março de 2018, por conta de compromissos que ultrapassaram meu costumeiro horário de ir pra casa, para a refeição do meio dia, não pude levar meu filho de dois anos e meio para a escolinha. Minha esposa  ficou na incumbência desse serviço. Já faz alguns meses que comprei um carro e o trajeto tem sido feito com ele, mas dessa vez, os dois, esposa e filho, precisaram ir a pé, são poucos quarteirões, diria que o percurso não passa de 500 metros.

Era por volta de 13:30, quando dois elementos (é sempre assim) em uma moto azul, escondendo-se na covardia, quase sempre de capacete, uma vez que falta-lhes coragem para assumir sua condição amoral, puxou uma arma e "deu voz de assalto" à minha esposa e filho. Pediram o celular, mas como não estava com ela, puxaram a pequena mochila colorida da criança, abriram e bagunçaram as coisas do menino, na certa sem acreditar que o objeto "tão valioso" a porcaria de um celular que, para eles justificava tamanha insanidade, não estava com ela.

A criança, atônita, sem entender os "porquês" de tudo aquilo, como se fosse possível de entender até para nós adultos, perguntava à mãe, quem poderiam ser aqueles homens, agoniados, nervosos, com voz de comando e ameaças, o ronco de uma moto azul, que ameaçava a todo instante sair em disparada em seu ouvido, aparecia como algo que ele nunca tinha visto e ouvido, situações que o deixaram assustado, com olhos arregalados e marejados.

Não achando o celular, um deles, frustrado com o insucesso do roubo, pediu ao comparsa para deixar "ela levar o moleque pra escola", o meliante, no entanto, viu que ela estava com um brinco e deu o comando: "então me passa esses brincos ai, vai! Ligeiro!". Os bens, de pouco valor, eram apenas bijuterias simples, o prejuízo maior é a sensação de ser roubado, furtado, especialmente em seu direito de ir e vir com segurança, a sensação de que levar o seu filho para a escola em uma cidade como Itabuna é aventurar-se, arriscar a vida de si mesma ou de seu filho.

Eu saia do meu compromisso, mais ou menos no mesmo horário que estava ocorrendo o roubo, passei em frente à Igreja Santa Rita de Cássia, e ali estava uma viatura parada, cinco policiais, armados, patrulhando o nada, navegando na internet por meio de celulares, rindo das piadas que viam nas redes sociais. Respeito o trabalho da polícia, acho que, na condição de elo fraco, o cidadão precisa do braço forte do Estado, o trabalho policial, para ver garantidos os seus direitos primários, aliás essa é a função e o dever do Estado, para o qual o cidadão abriu mão do seu direito de liberdade plena e deu plenos poderes ao Estado a fim de que este, garanta o seu direito à propriedade e dentre essas propriedades está também a própria vida. Não é esta a lógica da sociedade do contrato social?

Acontece que, no Brasil, vivenciamos a realidade de um Estado falido, que já não dá conta da sua obrigação, do seu dever, que não consegue, ou por incompetência, ou por interesses espúrios, ou mesmo por falta de iniciativa, controlar o avanço da criminalidade, da violência que se apresenta de todas as maneiras possíveis, visíveis e invisíveis, perto, longe ou em suas entranhas. O cidadão e cidadã comuns, o trabalhador e a trabalhadora, pais e mães de família, se sentem aprisionados, vítimas da generalização do medo, da falta de segurança, da sensação de impunidade que cerca e toma conta das mentes de pessoas mal intencionadas, egoístas, para os quais não existem princípios como: moral, respeito, compaixão.

O povo de bem de Itabuna, como na maioria das cidades brasileiras são reféns do medo, já não consegue afirmar se voltará para casa são e salvo, ou mesmo se dentro de casa, conseguirá se safar dos tiroteios amiúdes em todos os cantos da cidade, em todos os bairros, desde as partes mais longínquas até as mais próximas do centro.

Outro dia, quando lavava o tanque de casa, encontrei uma bala calibre 38 que perfurou a tampa e só não furou o tanque por conta do volume de água. Fiquei pensando: e se fosse agora que estou aqui, ou mesmo se fosse em uma dia que eu estivesse com a família aqui?

O apelo que fica, é aquele que já é enfadonho, que já parece um apito mudo, que os responsáveis por colocar ordem na vida pública, sejam realmente capazes, primeiro de ordenar a si mesmos e depois, através de medidas adequadas e eficientes, mostrar ao cidadão que é possível confiar no Estado, afinal, a quem recorrer quando não podemos nos armar e como no "estado de natureza", agir livremente no modo "quem tiver a unha maior que suba na parede" ou mesmo como no Talião "olho por olho, dente por dente?". 

sábado, 29 de abril de 2017

POLÍTICA BRASILEIRA - A VERDADE DOS FATOS

Pessoas no meu blog, vamos situar a “brasileirada” agora, pois tem muita gente perdida nesse mar infinito de informações, na maioria das vezes partidária e destituída de uma visão global e isenta do que acontece de fato na política brasileira.

Ai fica aquela celeuma, "Volta PT x Fora Temer", "Fica Temer x Lula 2018",  "Fora PT x Viva Aécio", "detona o detonável PSDB", "A esquerda é boa x A direita é nefasta", "Vem aí o Bolsonaro", tem ainda a guerra declarada “coxinhas” x “mortadelas” e o que percebo? Raramente se vê alguém fazer uma análise fria e verdadeira dos fatos, visto que fazer isso, seria ter que admitir que o seu lado também é podre, tem culpa no cartório e como o “serumaninho” é um bicho orgulhoso do carái, prefere pagar o mico de ficar tentando vender peixe podre. Eita como tem gente nesse barco, muita gente com arcabouço e pedigree pra não entrar nessa, mas se de gaiato ou não, dependendo dos seus interesses, estão lá, fazer o que?! 

Eu prefiro observar e dar minha opinião com convicção, considerando que, com a formação que tenho, não posso errar de modo tão barato e, nesse mar de informações, nos últimos dias, vi apenas dois comentários que são para mim muito assertivos e relevantes, que vale à pena ler para pensar e que me renovaram a esperança de que tem gente vendo as coisas com mais clareza. 

Um deles, escrito pelo sociólogo Marcos Augusto de Castro Peres-UESC, que declarou: “Não se iludam, a esquerda e CIA Ltda estão longe de ser uma alternativa política melhor, são só o outro lado da mesma sujeira que se chama política!”. Concordei com ele e comentei que seria patético pensar ao contrário,  ainda que nossos sonhos, ideais e filosofia queiram uma esquerda limpa, comprometida com a ética e a boa política, infelizmente, não é o que se tem no Brasil.Parte superior do formulário

Outra declaração foi feita por Maurício Ricardo, sim, aquele famoso chargista, ele postou um vídeo que foi compartilhado por meu amigo, o matemático Jonathas Silva Pitanga. De lá, extrai o seguinte comentário: 

“Eleitos com dinheiro do “caixa 2” Dilma e seu vice, o Temer, são ilegítimos. Aécio seria ilegítimo se tivesse sido eleito. O Senado e a Câmara inteira devem no mínimo estar sob suspeição. Sobra até para o Supremo que tem juízes indicados por essa gente. Aliás, quem tá acompanhando as investigações da Lava Jato de perto, está vendo o lixo que é a justiça. Ela é lenta, ela pode ser parcial, ela pensa no próprio umbigo e faz qualquer coisa quando vão tentar mexer nos supersalários, enfim não faz justiça, as nossas instituições estão no fundo do poço”.

Por fim ele ainda arremata: "não é uma questão de esquerda e nem de direita, infelizmente nosso povo ainda não amadureceu pra isso”.

Observando assim, com um olhar isento, o Brasil precisa de uma reforma política já, precisamos repensar o modo como fazemos política no Brasil e quando digo isso, estou pensando nas inúmeras mudanças que precisamos fazer nesse sentido, como por exemplo: os governos de coalização, o financiamento de campanha, as verbas partidárias, a relação político/privado, esse último então, maior vetor da corrupção no país, entre outros.

Mas vejam, dentre os assuntos elementares que podem, de fato, promover mudanças, esse é o menos discutido, é a bandeira que menos se levanta, nem mesmo entre os intelectuais que estão ai com a bandeira vermelha levantada, e qual a razão?

Isso implicaria em mudanças substanciais no seu modus vivendi em benefício do todo, e ninguém quer isso, alías, arrisco dizer que para muitos deles, se tiver que ter essas mudanças assim tão profundas, preferem os status quo ou a volta do que sempre combateram.

Acredito que esse seria um motivo real para, como povo, sairmos às ruas e aí sim, fazer história nesse país que não pára de dar vexame.

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...