quarta-feira, 11 de maio de 2016

O DESGOVERNO EM ITABUNA

Avenida  Beira Rio em Itabuna - Gravura de Rafael Pita 
O município de Itabuna, situado na chamada Costa do Cacau, no sul da Bahia, vive um dos maiores dramas de sua história. Não somente no que concerne ao problema da falta de água ou fornecimento de água inadequada para consumo humano que não é exclusividade do município, muito embora a situação de Itabuna é absurda, mas, também, sofre pela falta de representatividade política, esse sim, o problema que pode agravar todos os problemas estruturais que já existem. 

Digo falta de representatividade política porque é possível dizer, que nunca na história dos quase 106 anos do município se viu um governo municipal tão inerte e tão incapaz de apresentar para a sociedade, ao menos, uma luz no fim do túnel. 

Neste primeiro texto, discutiremos o problema da Educação e da Segurança Pública, posteriormente poderemos discutir a questão da saúde, do poder legislativo do município que quase não existe, nem em fiscalizar, nem em apresentar projetos de melhoria da vida dos cidadãos. Não se vê, por exemplo, uma única ideia intervencionista por parte de vereadores em sua própria área eleitoral. Ou seja, é uma câmara municipal que praticamente não existe na cidade, aliás, existe no final do mês quando chegam os seus vencimentos. Ou alguém aí é capaz de dizer quem são os vereadores de Itabuna?

O município sofre com a escalada da violência, um problema que já se arrasta por anos. Sofre com problemas na educação quando os profissionais já durante alguns anos estão insatisfeitos com o tratamento dispensado à classe: atrasos repetitivos de salários; não pagamento de férias; acordos não cumpridos; isso sem falar nas condições de trabalho onde unidades escolares encontram-se em condições deploráveis. Nesse momento os professores estão de férias sem recebê-las e já ameaçam não retornar se o dinheiro não estiver na conta, justo, muito justo.

Obviamente que a questão da segurança pública não é necessariamente prerrogativa do município mas do Estado. No entanto, sem dúvida, cabe ao governante municipal trabalhar junto ao governo do Estado para apresentar uma solução para a sociedade. O que não pode é continuar como está. É assustador o número de mortes de jovens de 19-24 anos. Segundo o Ministério da Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, a cidade chegou a liderar um ranking nacional de violência contra jovens que estão nessa faixa etária, é estarrecedor. Atualmente a situação não é muito diferente, pois até o início desse mês já se registravam 60 assassinatos no município. Alguém ai se sente seguro?

Quanto à educação fundamental, a parte que é da alçada do município, a cidade sente falta de um projeto adequado e responsável para gerir este setor tão importante da vida social. A sociedade não pode continuar assistindo de modo passivo o que ocorre no âmbito da educação municipal, é preciso cobrar do poder público um projeto eficaz que contemple uma gestão escolar que faça a diferença na pré escola e no Ensino Fundamental, basilares para a continuidade da socialização dos indivíduos. Se o poder público falha nesse aspecto os prejuízos serão irreparáveis para o futuro.

É preciso que os gestores municipais se libertem do pensamento retrógrado de que se pode colocar nas mãos de pessoas neófitas, questões tão importantes como Educação e Segurança Pública. A região, por exemplo, dispõe de profissionais preparados, com conhecimentos avançados em gestão escolar e segurança (Mestres, Doutores). Possui universidades que discutem em todo o tempo a problemática da educação e que podem estar  à disposição do município para discutir e encontrar a melhor maneira de melhorar a qualidade da educação ofertada, é uma saída que possui baixo custo e com toda certeza produzirá excelentes resultados. 

O grande problema da gestão pública continua sendo a visão amadora baseada nos favorecimentos políticos, isso nunca deu certo nem nunca dará. Não se pode abrir mão do conhecimento técnico, testado, sob pena de o corpo social pagar um preço muito alto pois a conta certamente virá. Os resultados estão aí para atestar o que estamos discutindo e não precisa ser expert para saber que há falta de compromisso com a qualidade dos serviços prestados ao povo.  

domingo, 24 de abril de 2016

O que há de comum entre Racismo e Orientalismo


(ARTIGO) DEPENDÊNCIA E DOMINAÇÃO
A manutenção da hegemonia


Marivaldo Oliveira da Silva (Maik Oliveira)
Licenciado em Ciencias Cociais - UESC
Pós graduando em Sociologia - UESC

RESUMO

As discussões sobre raça, origem, hegemonia, dominação, têm ocupado a mente de estudiosos que se debruçam em entender os porquês destes fatos. Neste trabalho, apresentamos sob a ótica de dois dos mais preeminentes estudiosos sobre a problemática racial e as relações entre ocidente e oriente, a saber, Carlos Moore e Edward W. Said respectivamente, como se dão essas relações a partir de um contexto histórico. Buscar entender como os grupos hegemônicos agem para continuar dando as cartas é importante para nos situar onde nos encontramos neste universo de discursos, onde o outro prefigura uma imagem construída a partir do desejo de supremacia. O negro e o oriental representam então, esse outro, cuja inferiorização (construída) servem para fortalecer a identidade dominadora. Culminando em um processo de hegemonia que se arrasta ao longo da história.

Palavras-Chave: Orientalismo. Racismo. Sociedade   

 INTRODUÇÃO
        As obras de Carlos Moore (2007) “Racismo e sociedade: novas bases epistemológicas para compreensão do racismo na história” e de Edward Said (1990), “Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente” propõem um rompimento com a concepção equivocada ou intencional do “Outro”, que é tão difundida e massificada no ocidente. Isto porque, impregnou-se na sociedade ocidental, através da história, conceitos e ideias, que, segundo os autores acima mencionados, fogem grandemente do contexto histórico.
       Moore (2007) nos diz, que esta massificação, referente ao racismo, se dá a partir de uma lógica baseada, quase inteiramente no senso comum, de entender o racismo como algo relativamente recente, a partir da escravização do negro, a cerca de 500 anos. Este pesquisador, através de um embasamento histórico profundo, apresenta uma compreensão mais abrangente acerca do fenômeno em questão. Para o ele,  o racismo existe entre 3 e 4 mil anos e apresenta indícios claros que o mesmo surgiu há 1700 anos A.C. Se Partirmos do tempo atual, seus estudos, portanto, nos apontam para além do “marco zero” do surgimento das ideias racistas, após o surgimento da raça humana, antes de o conceito de raça ser assim compreendido, antes mesmo do negro se ver como negro pois, era o único povo a habitar o planeta, e isto nos remete a milhares de anos, passando pela saída dos humanos da África, aproximadamente 50 mil anos, chegando a lugares de climas mais frios onde, por processo de seleção natural, (cerca de 12 a 18 mil anos), surgem as raças leucodérmicas, pessoas de pele clara.
       Estas raças que não se conheciam, iniciam batalhas duradouras e violentas por recursos, uma vez que o espaço, agora ocupado, se mostrou pobres em itens importantes para a sobrevivência, é quando começam a despejar os negros em lutas desumanas. É neste momento da história que as raças se percebem distintas, basicamente não por diferenças biológicas, mas pelo que é perceptível, as diferenças fenotípicas. Segundo Moore (2007:49), é neste contexto que surge o conceito de raça.
       Já Edward Said (1990), apresenta uma percepção do “Outro” como que de forma construída, intencional. Discute as razões das ideias orientalistas, onde o ocidente observa o Oriente como uma espécie de oposição, onde o primeiro se autodefine superior a partir da imagem do segundo, tido como inferior.
        Muito embora este olhar sobre o Oriente fornecesse material para uma produção intelectual importante para a consolidação do que é e como se porta o Ocidente, o contrário não é verdadeiro, ou seja, da parte do Oriente não houve um “ocidentalismo”, uma produção intelectual que pudesse identificar nos próprios moldes, o ocidental em relação ao oriental. De modo que, segundo Said, toda essa produção intelectual, transformada em ciência, tem um objetivo bem definido: conhecer o outro para agredir, julgar e persistir na dominação e exploração. Concebe então o “Outro” não segundo “sua imagem e semelhança”, mas de o diferente, o oposto, o débil, o inferior, e completamente passível de dominação.
       Para o autor, o orientalismo adiantou-se em representar o Oriente e isto foi feito sem o consentimento dos orientais. A grande gama de conhecimento sobre o Oriente difundido no Ocidente, seus contornos, suas vocações, suas percepções religiosas e políticas, foi feito à margem do interesse daqueles que habitam àquela região do planeta. Como um grande conhecedor de literatura, Said faz uma análise profunda de variados escritores que ele chama de imaginativos, visto que a imersão desses intelectuais no mundo oriental é comprometida por pré-noções advindas de interesses políticos e econômicos da cultura hegemônica ocidental.
       O autor, portanto, apresenta o orientalismo como sendo uma perspectiva visionária do Ocidente em relação ao Oriente, sistematizada em um estudo regularizado, contendo concepções imperativas e preconceitos ideológicos que atingem a linguagem, a cultura, a religião e os modelos de organização política e social do povo oriental em comparação com os mesmos segmentos da sociedade ocidental. Nesta perspectiva, temos então, um sistema de representação intencional, que se encaixa perfeitamente nos interesses de forças políticas que mostram um Oriente enquadrado no modo de ver e interpretar o mundo do Ocidente, que foi, ao longo de séculos, massificado através da literatura, da mídia, do cinema e da política em geral na consciência ocidental.
      As obras aqui relacionadas fornecem boas bases para a interpretação e compreensão de acontecimentos contemporâneos aparentemente distintos, como as lutas dos Movimentos Negros no Brasil e o tão noticiado conflito entre palestinos e Israelitas no Oriente Médio. Distintos mas ao mesmo tempo semelhantes, visto que, em ambos os casos, é possível observar como o outro é decifrado a partir de interpretações, pré-noções e construções históricas que jogam a favor de apenas um lado. Uma realidade que vai se naturalizando ao longo do tempo e se torna a base de práticas políticas, sociais e culturais que dilaceram, ou simplesmente, ignoram o direito do outro existir com igualdade de condições e dignidade. 
      Destacamos neste trabalho uma notícia publicada no site jornaldocampus.usp.br no dia 10 de abril/2015, intitulada: “Movimento negro promove ações para discutir relações raciais na Universidade”, baseada em um vídeo publicado no canal Youtube, postado com o título: “A intolerância do “movimento negro” na USP”. Esta notícia discorre sobre a atuação do grupo “Ocupação Preta”, em uma aula de Micro Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - USP.
       Também destacamos o infindável conflito entre israelitas e palestinos que se iniciou no fim do século XIX com a ocupação da antiga Palestina, região que antes pertencia ao império Otomano. Nosso objetivo é, à luz dos escritos dos autores supracitados, entender em parte, tais acontecimentos. Em parte, pois compreendemos ser assuntos complexos e que naturalmente rende trabalhos acadêmicos também complexos, ricos em dados e explicações sobre diversas perspectivas. Mas aqui, pretendemos mostrar que esses acontecimentos têm algo em comum: como a imagem do outro foi construída e assim é mantida ao longo da história e, como esta mesma imagem construída é instrumento de perpetuação para um poder hegemônico que a todo custo inibe ações para a emancipação do outro, reprimindo, na clara intenção de manter o staus quo. 

QUANDO O RACISMO NEGA A SI MESMO: RESISTÊNCIA AOS ESFORÇOS DE MUDANÇA

       Na USP, o dia 16 de março de 2015, uma segunda-feira, foi marcado com um acontecimento que, posteriormente chamou a atenção da mídia, especialmente as mídias sociais online. Jovens negros, integrantes do grupo “Ocupação Preta”, adentraram em uma sala de aula da Faculdade de Economia daquela universidade, onde estava sendo ministradas aulas de Micro Economia e solicitou espaço para discutir ações afirmativas.
       No primeiro momento, um dos integrantes chama a atenção para o que é visível naquela sala e em tantas outras salas de aulas de universidades Brasil à fora, o fato de que a grande maioria dos que ali estavam não era de negros.
       No momento quando o representante inicia discussão sobre a proposta do Conselho Universitário, este é parcialmente interrompido pela professora que chama a atenção para a aula, que considera importante. O representante, no entanto, continua seu discurso, sugerindo que cada unidade da USP tenha a sua opinião sobre como deve ser a entrada alternativa para estudar naquela universidade. Uma luta que, segundo ele, já é travada pelos negros em torno de 20 anos, mas que é feito à portas fechadas, sem que mais pessoas diretamente interessadas tomem conhecimento.
       A proposta de levantar a discussão naquela aula é imediatamente rechaçada pela professora que convida os integrantes do movimento a continuar na sala prestando atenção ou que se retirem para que a aula tenha continuidade. A partir daí, inicia-se uma discussão entre a professora, um aluno da disciplina e outros integrantes do movimento, tendo os demais alunos como expectadores.
       Uma moça então questiona à professora: “então a sua aula é mais importante do que a questão racial?” A resposta não é ouvida, o que se ouve em seguida é um discurso pautado na meritocracia, do tipo “estuda e entra”, ou, “você estudou onde? Em escola de ensino privado?” Uma jovem negra questiona o interlocutor: “quando você for mulher e negra na periferia você me diga se é fácil entrar nesta universidade”. O estudante retruca: “ta bom, não precisa se vitimizar!” É a deixa para falas generalizadas sobre racismo, condições de igualdade, culminando com a fala acalorada de uma das integrantes, afirmando que a USP é uma universidade feita para brancos, uma “universidade branca”.
       Sem discutir se foi certo ou errado os jovens negros interromperem uma aula na USP para levantar seus questionamentos, este episódio nos remete a condição de observação do "outro" como encontramos em Moore (2007, p.33), quando o autor discute a tese de Jean Baechler fazendo referência ao “Outro Total” como alguém que “é de pele negra, de cabelos crespos, de feições “toscas” e habita, simbólica e concretamente, um continente distante, escuro e ameaçador”. Neste caso específico, o “Outro Total” é aquele cujas fronteiras são sociais, ele é diferente e distante do ponto de vista da convivência social e das oportunidades que lhe são conferidas ou a falta delas.
       Uma das perguntas dos integrantes do movimento ao aluno que dizia: “eu só quero ter aula de Micro Economia”, foi: “você quer saber como é ser negro?” Ele responde que não quer saber, que só queria ter a aula dele. Aparentemente, não interessava ao referido aluno saber o que é e como é “ser negro”, aliás, a pergunta está carregada de significados, nela está inserido todo um contexto histórico, que remete a compreensões distorcidas da realidade do negro, que desemboca em questões culturais, religiosas, políticas, que segundo Moore nem é tão recente como foi e tem sido propagado, mas, trata-se de uma construção que se inicia a partir do momento em que os povos se percebem diferentes, Moore (2007, p. 49) afirma que:

 “A pretensa “superioridade” genética que certas raças ostentariam sobre as outras, não passa de ser uma construção da consciência que, por razões ainda indeterminadas, originou-se em certas populações e em épocas que, logicamente, tiveram de ser posteriores ao período em que efetivamente acontecera a diferenciação racial dentro de uma humanidade até então consistentemente melanodérmica”.

       No episódio da USP, ao minimizar naquele momento a necessidade dos jovens negros em discutir a problemática da falta de oportunidades no que tange ao acesso naquela universidade, a professora se reveste do discurso imediatista, do tipo: “tudo bem, mas nesta aula não, preciso dar aula, mas vocês podem marcar outro horário”. Esta posição da discente foi interpretada como sendo uma desconsideração, ou mesmo uma manobra para que a discussão não aconteça. Foi para os jovens negros militantes ali presentes, um exemplo prático da falta de oportunidade e da diferenciação de raças que acontece ao longo da história. Ou seja, estampa-se diante deles um descaso que leva ao questionamento: “então a sua aula é mais importante que a questão racial?”
       Em uma das falas do estudante que questiona “a invasão” à sala de aula, há a afirmação de que estudou em escola privada e que seu pai, trabalhou muito para pagar seus estudos e ele estava ali por mérito. Exatamente o discurso contraposto pelo grupo militante que, segundo o seu manifesto, percebe o vestibular da USP como um filtro social e racial. Para eles, o vestibular da USP favorece exatamente filhos e filhas de famílias abastadas que têm condições de estudar em uma escola particular onde a qualidade da educação mostra-se superior a de escolas públicas e que, geralmente, é nestas últimas que se encontra a grande maioria de jovens negros e pardos oriundos de famílias que vivem em condições materiais inferiores às da população branca.
       A reportagem ainda informa que, segundo dados do IBGE (2010) o rendimento médio da população branca é de pouco mais de R$1.500,00, enquanto que da população negra, chega aproximadamente a metade disto, cerca de R$830,00. Neste ponto, é possível perceber o que Moore (2007) denomina de “sistema de poder total”, um sistema que não se restringe a uma ou outra esfera das relações humanas, mas efetivamente em todas aquelas esferas que são a base da construção da sociedade, vejamos:

Sistema de poder total, cujas formas de dominação e de opressão conseguem abranger todas as esferas estruturantes da vida social, o racismo goza de uma extraordinária transversalidade. Concretamente, o racismo implica a seguinte situação: a supremacia total de um segmento humano que se autodefine como raça sobre outro segmento humano. Essa supremacia se expressa por meio de uma hegemonia irrestrita tanto no plano material (poder econômico e político) quanto no plano psicocultural (sentimento de superioridade). (MOORE, 2007, p. 225)

      No bojo destas esferas estruturantes estão: a economia, a educação e a política que, como bem sinalizado pelo autor, estão sob o poder de um segmento social hegemônico. É para manter este status quo, que tal segmento dinamiza as relações sociais e que se articula de tal modo que dificulta uma mudança de realidade. Neste sentido, até mesmo o racismo é visto como algo que inexiste, esta negação se dá a partir do momento em que suas práticas são naturalizadas, dando a enganosa ideia de que não há racismo, pois as coisas são como são e devem continuar assim. Moore (2007, p. 256) diz que:
“As ideologias racistas são abrangentes na medida em que o racismo também é abrangente; na vida cotidiana, ele não aparece mais como um corpo estrangeiro, identificável, chegando a ser fácil negar a sua existência. No seu ponto mais alto de sucesso evolutivo, o racismo, como forma de consciência grupal, não aparece mais como racismo e, até mesmo, se nega como tal. É essa característica de poder se “negar a si mesmo” que lhe confere tal plasticidade e resistência aos esforços de mudança”.

      Observando bem a discussão na USP, podemos ver claramente essa negação da existência racista na fala de um dos alunos da disciplina Micro economia quando diz: “na escola que estudei (particular) também tinha negros, ou, tem “um cursinho de redação aqui na USP para vocês” ou “marquem uma reunião em outro lugar e quem quiser cola lá”. Ou seja, “de que racismo vocês estão falando?”
       Conclui-se então que a luta pela emancipação do "outro", neste caso, do indivíduo negro em uma sociedade baseada na supremacia racial encontra seu algoz, segundo Moore, no Pacto Social constituído por ideologias racistas, que viabiliza a dominação e exploração do outro em uma sociedade multirracial.

A CONSTRUÇÃO DO OUTRO: ORIENTAL PARA OCIDENTAL VER E CRER 
   
      Este olhar sobre o "outro diferente” tem caracterizado as relações humanas ao longo de um grande espaço de tempo. Segundo Moore (2007), não se trata de um caso isolado, ou de uma única origem, o racismo surgiu em lugares distintos e sem conexões diretas. 

Há também outro modo de relação de supremacia de um povo sobre o outro que, como acontece entre leucodérmicos e melanodérmicos (brancos e negros), se baseia na falsa ideia de supremacia de uma raça sobre outra. A diferença é que, esta hegemonia se dá a partir da construção do "outro"por meio de um estudo intencional, permeado de afirmações imperativas, de uma perspectiva unilateral e preconceitos ideológicos, tudo isto para um fim específico, conhecer para dominar e explorar.

       Referimos-nos ao orientalismo, abordado por Edward Said, intelectual que se esmerou em entender as relações entre o Ocidente e o Oriente e identificou como o orientalismo, através de representações da vida oriental, construiu consensos que acabam por legitimar todas as investidas - danosas como são - dos americanos no Oriente Médio. É bom salientar, no entanto, que as investidas de cunho exploratório se dão a partir de uma relação, que segundo Said, fundamenta-se em uma hegemonia complexa que não é apenas algo do acaso, mas planejado, pensado para ser o que exatamente é, vejamos:
O orientalismo, portanto, não é urna fantasia avoada da Europa sobre o Oriente, mas um corpo criado de teoria e prática em que houve por muitas gerações considerável investimento material. O investimento continuado fez do orientalismo, como sistema de conhecimento sobre o Oriente; uma tela aceitável para filtrar o Oriente para a consciência ocidental, assim como esse mesmo investimento multiplicou – na verdade, tornou realmente produtivas – as declarações que proliferaram a partir do Oriente para a cultura geral. (SAID, 1990, p. 18)

       Esta construção do Oriente pelo Ocidente é um esforço continuado, ininterrupto, que não se presta ao trabalho de rever ideias, conceitos, interpretações, mas massifica-se, repetindo suas práticas e suas concepções, como um ciclo de ações onde o "outro" é sempre pormenorizado, passível de dominação e de exploração, cujos dominadores possuem as mesmas características, os mesmos intentos e estão no topo da preeminência política, econômica e social.
       Said (1990) aponta para um longo período de dominação, aliás, o que é mais temido do orientalismo, segundo o autor, é a sua durabilidade, a continuidade de um processo de colonização que vai além da exploração econômica, mas da construção de uma imagem do outro deplorável e desumana que se perpetua e se fixa nas mentes ocidentais geração após geração. Said (idem, p. 14) nos diz que o orientalismo fora criado para fortalecer a própria identidade cultural europeia ao comparar-se com os “inferiores” orientais, ou seja, “o orientalismo é um discurso – a cultura européia ganhou em força e identidade comparando-se com o oriente como uma espécie de identidade substituta, subterrânea, clandestina”. Neste sentido, o outro deve seguir-se como inferiorizado, desprovido de qualquer atributo nobre para que o dominador continue a proclamar e acreditar na sua superioridade.
      A partir deste olhar, podemos analisar a parceria entre Israel e Estados Unidos. Israel então como um departamento ocidental incrustado no Oriente, com um álibi altamente convincente, ou seja, a sua segurança e manutenção do seu Estado localizado em uma área como gostam de propagar “altamente vulnerável e explosiva”, por fazer fronteiras com “países árabes bárbaros” que não se sensibilizam com a população civil, que não se importam com a morte de crianças inocentes e que não conseguem entender o real sentido da “shalom”, situação que os aliados (Israel e EUA) estão a todo o momento propondo. São os “perturbadores de Israel” que devem ser contidos, dominados, colocados em seu devido lugar, ou seja,
(...) se o árabe ocupa bastante a atenção, é como um valor negativo. Ele é visto como um perturbador da vida de Israel e do Ocidente, ou, em outra perspectiva da mesma coisa, como um obstáculo superável à criação de Israel em 1948. Qualquer história que esse árabe tenha é parte da história que lhe é dada (ou retirada: a diferença é pequena) pela tradição orientalista. (SAID, 1997, p. 290

       Vejamos então, como isto acontece na atualidade. Em março de 2015, foram (antecipadamente) realizadas as eleições em Israel. O primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, contrariando as pesquisas, surpreendeu e conseguiu se manter no cargo, apesar de, claramente, não receber apoio dos governistas americanos, os democratas.
       O que chama a atenção neste episódio é que, antes da eleição, no dia 3 de março, Netanyahu se dirigiu ao congresso americano, naquele momento, composto quase que inteiramente por republicanos, e chamou a atenção dos políticos para os riscos da aproximação com o Irã e do acordo proposto pelo presidente Barack Obama com o país árabe, com respeito ao enriquecimento de urânio e seu programa de energia atômica. Claro que por detrás dessa visita de Netanyahu estava também a tentativa de nivelar as políticas israelitas e americanas, especialmente com o povo palestino. Políticas estas que recebem críticas constantes do governo americano que, inclusive, sinalizou a diminuição do apoio a Israel, por entender que suas investidas dificultam ainda mais o tão debatido processo de paz na região.
       O presidente norte americano já se mostrou a favor de que, todas as tratativas de negociações de paz na região aconteçam de modo igualitário politicamente, ou seja, que seja reconhecido o Estado Palestino e que os dois Estados negociem suas ações em igualdade de condições. Apesar disto, Netanyahu declarou, horas antes das eleições, que “Os que querem a criação de um Estado palestino e uma retirada [israelense] dos territórios [os assentamentos] abrem o caminho para os ataques de extremistas islamitas contra o Estado de Israel”. Este posicionamento do líder judeu agradou os oposicionistas do governo Obama, foi aplaudido pelos republicanos que acusam seu governo de fraqueza nas relações internacionais.
       Dentre estas “fraquezas internacionais” estão a reaproximação com Cuba, a própria possibilidade de reabertura de negociações com o Irã, travadas desde 1979, as investidas para que seja reconhecido o Estado Palestino como forma viável de estabelecimento da paz naquela região.
       O mundo inteiro acompanha esse posicionamento de Barack Obama com certa estranheza, por se tratar do presidente da maior nação imperialista da terra. O que não é de estranhar é o posicionamento dos seus opositores, que vêem nestas iniciativas uma ameaça à hegemonia americana. Uma hegemonia que segundo Said (1997, p.19) “confere durabilidade e força ao orientalismo”.   Este episódio demonstra com clareza, como a possibilidade de perda desta hegemonia assombra as nações dominadoras. De modo que, a ascensão do outro, o reconhecimento dos seus direitos, o respeito às diferenças que, de alguma maneira contribuiria para diminuir a desigualdade, não interessa aos grupos hegemônicos.
      Sendo assim, para que esta mudança de realidade seja contida, faz-se necessário a insistência na demonização do Outro, na contínua promessa de pacificação (Israel e Palestina) sem a concretização de fato, ou mesmo investidas armadas injustificáveis no único objetivo de conter qualquer tentativa de “virada de mesa”, ou seja:
Um quarto dogma é que o Oriente, no fundo, ou é algo a ser temido (o Perigo Amarelo, as hordas mongóis, os domínios pardos) ou a ser controlado (por meio da pacificação, pesquisa e desenvolvimento, ou ocupação pura e simples sempre que possível). SAID, 1990, p. 305

      Assim, construindo um pensamento aparentemente irrefutável sobre o Outro, segue a ideia de completa dependência de um poder hegemônico para a continuação da sua própria existência como povo e pior do que isso, a perpetuação de um domínio que como já foi dito, ultrapassa a barreira da exploração econômica e reduz um povo tido como “diferente” à condição de inferior.

 CONCLUSÃO

       A manutenção deste status quo, é a grande sacada do orientalismo. Isso explica, por exemplo, a aparente dificuldade de se rever os conceitos construídos, as concepções demonizadas e estereotipadas sobre o Oriente que continuam dando as cartas nas diversas áreas da vida social, desde a política, a economia, a religião, a cultura. Não há aspecto das relações humanas que não estejam impregnadas de preconceitos construídos a partir de uma lógica: a construção do Outro a partir de uma ideia de supremacia. A ideia de que, é a partir de como vejo e interpreto o outro que construo a minha própria imagem.
       A partir da leitura de Moore e Said, concluímos que, tanto negros como orientais serviram de parâmetros para esta construção de superioridade de um povo sobre o outro, considerando negros e orientais como “diferentes”, passíveis de dominação e exploração. Destes foram desconsiderados seu mundo, sua cultura, sua interpretação da vida, seus valores éticos e morais, todas estas coisas perdem valor diante da “superior cultura” de uma determinada “raça”, de uma determinada nação.
       A mudança desse sistema de dominação encravado nas mentes do dominador e também de boa parte dos dominados, consiste em um desafio sem precedentes. Todas as tentativas para a construção de um mundo mais justo e igualitário parecem perder força quando para isso é necessário que o outro lado ceda uma mísera parte dos seus privilégios, mesmo do seu tempo, para ouvir quão diferente são as gentes, no que diz respeito à educação, a condições de vida, economia, acesso à saúde entre outros direitos basilares que, como é sabido, é mais para uns e menos para outros.
       Vimos isto no caso da tentativa de diálogo dos jovens negros na Universidade de São Paulo-USP. Vinte anos tentando dialogar, vinte anos tentando ser ouvidos, e a única maneira de ser notado é subvertendo a ordem. Como condená-los? Como acusá-los de desordeiros? Está ali, em suas mentes, bem vivas, todas as injustiças a eles praticadas, todas as limitações a eles impostas, todo os desrespeitos à sua cultura, à suas vidas. Parem de nos matar! Foi com esta frase que uma das militantes do grupo “Ocupação Preta” começou sua fala naquele dia na sala de aula da USP. Esta é uma verdade desconcertante quando observamos os registros de morte no Brasil. Lá está a maioria negra. É o mesmo que as famílias árabes proclamam cada vez que uma bomba assassina cai em suas casas na calada da noite, matando suas crianças, seus idosos, destruindo seu futuro. Tudo isto em nome de que? De uma hegemonia, de um controle que, para uma maioria de privilegiados deve continuar.
       Fica então a triste constatação de que, segundo os ditames de determinados segmentos humanos, o Outro deve ser controlado para sempre, a sua liberdade total representaria um perigo para as suas pretensões. Representaria a igualdade de poder, de direitos, de realização pessoal. Igualdade na ocupação de funções nos espaços sociais. Uma realidade que os setores hegemônicos farão de tudo para impedir que aconteça. Assim como foi no passado, também é assim no presente. Esperamos que as nossas lutas e processos de conscientização, especialmente a partir de conhecimentos e pesquisas produzam um futuro favorável a todos os humanos, sem distinção.

REFERÊNCIAS

EDITORIAL EL PAÍS.  Duplo Oportunismo: Netanyahu e os republicanos utilizam a negociação com o Irã com fins eleitorais. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/03/opinion/1425410826_071407.html> Acessado em 03/mai/2015


Jornal do Campus. Movimento negro promove ações para discutir relações raciais na Universidade.Disponível em <http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2015/04/movimento-negro-promove-acoes-para-discutir-relacoes-raciais-na-universidade/>Acessado em: 02/mai/2015


MOORE, Carlos. Racismo e Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza, 2007


SAID, Edward W. Orientalismo: O oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990

sábado, 16 de maio de 2015

Ranking da Violência aos jovens na Bahia - 2015

Publicado esta semana o IVJ (Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência). Trata-se do mais completo e respeitado levantamento de dados sobre a violência no Brasil. É um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido do Ministério da Justiça e da Unesco. O estudo aponta que existe no Brasil 37 cidades de alta vulnerabilidade para os jovens.

Dentre as variáveis estudadas estão: homicídio, acidentes de trânsito, frequência à escola, situação de emprego, indicadores de pobreza e de desigualdade.

Das 37 cidades brasileiras, 11 estão na Bahia, sendo 5 do Sul e do Extremo sul do Estado. Pela ordem, são elas: Eunápolis, Teixeira de Freitas,Ilhéus, Porto Seguro e Itabuna

Surpreende-nos, de modo positivo, o fato de que Itabuna já não mais lidera o ranking, hoje ocupado por Eunápolis, ficando atrás de Ilhéus e Porto Seguro.

A cidade mais populosa do Sul da Bahia, com mais de 220 mil habitantes,  durante alguns anos foi apontada como uma das mais violentas do Brasil para os jovens. Hoje, levando em conta todas as outras variáveis, não apenas a questão do homicídio, Itabuna melhora seus indicadores. O que não deve é claro, ser motivo de relaxamento para o poder público. Preocupa a situação das outras cidades.

A publicação torna-se importante para, com base nos números, o poder público crie condições para melhorar a situação dos nossos jovens dentro dos aspectos mensurados. Nossos juvenis e jovens não podem, de maneira alguma, continuar tão vulneráveis, consequência da péssima atuação do Estado em prover segurança, saúde, educação e condições de desenvolvimento social, aliás, ações que são OBRIGAÇÃO, do mesmo.

Veja o Ranking na Bahia

1. Simões Filho
2. Eunápolis
3. Teixeira de Freitas
4. Lauro de Freitas
5. Camaçari
6. Salvador
7. Barreiras
8. Feira de Santana
9. Ilhéus
10. Porto Seguro
11. Itabuna

Fonte:http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/as-cidades-brasileiras-onde-os-jovens-n%C3%A3o-t%C3%AAm-vez/ss-BBjEPDr?ocid=mailsignoutmd#image=38

sábado, 28 de março de 2015

A METÁFORA DA CAIXA DE BOMBOM - CLARION

É isso gente, é assim que penso, é assim que vivo e Clarion acertou em cheio. Isto serve para petistas, tucanos, evangélicos, ateus, feministas, machistas e todos os côncavos e convexos das relações sociais. Tenho direito sim de montar meu próprio ideário. Entenderam?!

sábado, 7 de março de 2015

Mercado de trabalho para os sociólogos e a Sociologia no Ensino Médio

Por Ronaldo Baltar *



Caminhos da profissão do sociólogo e do professor de Sociologia


O mercado de trabalho para os sociólogos e para professores de Sociologia é distinto, mas compartilha problemas similares no Brasil. O primeiro problema está na participação, em grande quantidade, de profissionais formados em outras áreas nas vagas ofertadas para os formados em Sociologia ou Ciências Sociais. O segundo problema está na origem da formação acadêmica, que não qualifica os profissionais para atuarem no mercado de trabalho.
No Brasil, em grande parte das Instituições de Ensino Superior, a formação começa na entrada do estudante em um curso de Ciências Sociais ou de Sociologia. Os cursos de Ciências Sociais abrigam também a formação em Antropologia e Ciência Política. Cada universidade difere sobre o caminho a ser seguido por seus estudantes até chegarem ao mercado de trabalho. Mas passarão por uma primeira escolha: a licenciatura ou o bacharelado.
Enquanto os licenciados buscam o mercado de trabalho de professores do ensino médio, os bacharéis encontrar-se-ão em um mercado de trabalho mais difuso: o dos profissionais da "Ciência e Intelectuais", segundo definição da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Um número menor seguirá a formação acadêmica na pós-graduação stricto sensu.
  

O professor universitário pós-graduado visa, em grande parte, o mercado de trabalho mais restrito das universidades públicas e algumas confessionais, isto é, religiosas, com perfil similar. 

No entanto, a maior parte da carga horária, da estrutura disciplinar e dos incentivos aos alunos dos cursos de Sociologia, ainda que não explicitamente, está voltada para a formação do próprio professor universitário. Nesses casos, ainda permanece um desinteresse com o ensino médio e um desconhecimento em relação às atividades profissionais do sociólogo. Acredita-se que, formando o acadêmico de nível superior - o "pesquisador" -, forma-se também o sociólogo ou o professor de ensino médio, o que não é verdade necessariamente.


O mercado de trabalho para o sociólogo
A profissão de sociólogo está estabelecida na Lei n º 6.888, de 10 de dezembro de 1980. São atividades do sociólogo o planejamento e a execução de pesquisas socioeconômicas, culturais e organizacionais, o levantamento sistemático de dados para subsidiar diagnósticos e a análise de programas em várias áreas (educação, trabalho, promoção social e outros). Também são atividades do sociólogo a assessoria e a prestação de consultorias a empresas, órgãos da administração pública direta ou indireta, entidades e associações. Embora existam esforços para a regulação da profissão, principalmente por parte da Federação Nacional dos Sociólogos (FNS) e alguns sindicatos estaduais, ainda não há uma delimitação efetiva para o campo de trabalho profissional do sociólogo. O empenho da FNS para a criação do Conselho Nacional de Sociologia é um passo importante para a regulação e fortalecimento da profissão.


As ofertas de emprego para sociólogo, dentro desse perfil profissional definido, são frequentes, mas não têm crescido nos últimos anos. As vagas são ofertadas principalmente por órgãos governamentais, empresas de consultoria e pesquisa, e organizações não-governamentais. Um exemplo pode ser ilustrado com o anúncio para contratação de sociólogo: Analista Socioambiental, vaga ofertada por uma empresa de Minas Gerais, com salário entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00, para elaboração de relatórios socioeconômicos de projetos, levantamento e análise de dados e pesquisa de campo. 

Um campo de trabalho não previsto inicialmente na definição do profissional, que também tem crescido, é o de Editor de Textos de Sociologia. Uma oferta de emprego, no estado de São Paulo, por exemplo, oferecia salário entre R$ 6.000,00 e R$ 7.000,00, para edição e produção editorial em obra didática de Ensino Médio referente à disciplina de Sociologia. Como normalmente acontece em outras profissões, essas são vagas que exigem experiência de trabalho comprovada. 

De maneira geral, a caracterização do mercado de trabalho do sociólogo é difícil. São poucos os que, mesmo contratados para ao exercício específico da profissão, registram-se como sociólogos. Entre os que estão registrados, nem todos exercem as funções específicas definidas para o sociólogo. 

De qualquer modo, tomando como parâmetro apenas os contratados como sociólogo (CBO 251120), segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (CAGED/MTE), entre janeiro e maio de 2013, foram contratados 30 profissionais em todo o Brasil, com média salarial de R$ 3.295,00. Entre julho e dezembro de 2012, foram 46 contratações em todo o país, com média salarial de R$ 2.849,00. 

Se acrescentarmos os contratados como Pesquisador de Ciências Sociais e Humanas (CBO 203505), no Brasil, ocorreram 66 contratações nos primeiros meses de 2013, com salário médio de R$3.297,00. Entre julho e dezembro de 2012, um total de 106 contratos de trabalho foram assinados em todo o país, com média salarial de R$ 2.187,00. Somando tudo, entre julho de 2012 e maio de 2013, foram 248 contratações com média salarial de R$2.907,00. Como comparação, entre janeiro e maio de 2013, foram contratados, em todo o país, 475 economistas (CBO 251205), com média salarial de R$ 4.494,00, segundo os dados do CAGED/MTE.

Deve-se ter em consideração também que o número de formados em Ciências Sociais/Sociologia é bem menor do que o número de formados em Economia e de outras disciplinas similares. Os dados disponíveis não permitem precisar a relação entre vagas ofertadas e pessoal formado em Sociologia. Mas, como referência, de acordo com os dados do Censo Populacional de 2010, do IBGE, do total de pessoas que concluíram o ensino superior no Brasil, mais de 37% tinham o diploma de Gerenciamento e Administração de Empresas. Outros 31% eram diplomados em Ciências da Educação, seguidos de 25% de bacharéis de Direito. Os formados em Economia ocupam o décimo lugar, com aproximadamente 6% do total. Os diplomados em Sociologia (Sociologia e Estudos Culturais) representavam em torno 0,2% da população com nível superior no Brasil.
O mercado de trabalho para o sociólogo não é favorável aos iniciantes na carreira. De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho (RAIS/MTE) de 2010, o perfil do profissional contratado tem, em média, acima de 40 anos de idade e mais de 10 anos no emprego. O despreparo com que os jovens sociólogos saem das universidades, em relação ao exercício da profissão, e a falta de estágios efetivamente vinculados ao trabalho profissional do sociólogo são fatores que agravam o problema.
O mercado de trabalho do professor de Sociologia no Ensino Médio
A categoria profissional dos professores é bem mais organizada e com perfil de trabalho claramente delimitado. O licenciado em sociologia enquadra-se nesse campo profissional. Do ponto de vista salarial, há uma diferença entre escolas públicas e privadas. Para a rede pública, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu, em 2013, um piso salarial de R$ 1.567,00. Vários estados não cumprem o piso estabelecido pelo MEC, motivo de mobilização constante da categoria em todo o Brasil.
Segundo dados do CAGED/MTE, o salário médio para contratação de professor de Sociologia no ensino médio fora da rede pública era de R$ 900,00 em maio de 2013. Como comparação, no mesmo período, professores de Sociologia no ensino superior da rede privada foram contratados, em média, por R$ 1.139,00.
O ensino de Sociologia e de Filosofia foi banido da educação básica pelo regime militar, por meio do Decreto Lei n. 869 de 1968. Essas disciplinas foram substituídas por Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação Moral e Cívica. Com o fim da ditadura, em algumas poucas universidades, docentes de Sociologia empreenderam uma trabalhosa campanha pela retomada do ensino de Sociologia no ensino básico. Desafiando o descrédito, fortaleceram cursos de licenciatura, criaram laboratórios de ensino, projetos e linhas de pesquisa vinculadas à prática docente de Sociologia.
Em maio de 2008, o Congresso Nacional votou a alteração na Lei 9.394 de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), tornando novamente obrigatório o ensino de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio. Ainda, em 2008, a Secretaria de Educação Básica Presencial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) fez um levantamento sobre a necessidade de docentes para o ensino no Brasil, constatando que seriam necessários 107.680 professores de Sociologia para fazer cumprir a nova lei. Naquele ano, havia em todo o país 20.339 professores de Sociologia em exercício. O mercado de trabalho para professores de Sociologia no Ensino Médio demandaria 87 mil novas vagas no país.
Assim como ocorre com os bacharéis em Sociologia, o campo de atuação no ensino também é marcado pela presença de outros profissionais no lugar dos licenciados em Ciências Sociais/Sociologia. No mesmo estudo da CAPES de 2008, verificou-se que apenas 2.499 (pouco mais de 12%) dos 20.339 professores de Sociologia eram, de fato, formados em Sociologia ou Ciências Sociais.
Entre 2003 e 2008, a CAPES constatou que foram formados aproximadamente 14 mil licenciados em Ciências Sociais/Sociologia no Brasil. Nesse ritmo, se não houvesse nenhum aumento do número de turmas, seriam necessários mais de 30 anos para cobrir o déficit de docentes em 2008, sem contar os 18 mil docentes de outras áreas que ministravam turmas de Sociologia.
Tabela 1. Docentes que ministram disciplina de Sociologia no Ensino Médio

Disciplina de Sociologia
Professores
%
Formados em Ciências Sociais - Licenciatura?
Não
49.041
89,7%
Sim
5.613
10,3%
Fonte: INEP, Microdados do Censo Escolar – Docentes, 2012. Elaboração própria



Em 2012, analisando-se os microdados do Censo Escolar produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), havia 54.654 professores ministrando turmas de Sociologia no ensino básico. Os licenciados na área eram 10,3% do total. O número de docentes de Sociologia mais do que dobrou entre 2008 e 2012, mas a participação dos licenciados em Ciências Sociais/Sociologia reduziu-se. 

As dez universidades que formaram o maior número entre os 5.613 professores de Sociologia licenciados na área foram as seguintes: Universidade Federal do Pará, PUC-Minas Gerais, Universidade Estadual de Vale do Acarau, Universidade Federal Fluminense, Universidade Estadual de Londrina, Universidade do Oeste Paulista, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru, Faculdade de Filosofia de Passos, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade de Santa Cruz do Sul.


Tabela 2. Turmas de Sociologia por docentes formados em Ciências Sociais - Licenciatura por Categoria, 2012
Categoria
Turmas de Sociologia
Docentes com Licenciatura em Ciências Sociais
Docentes formados em outros cursos
Turmas
%
Turmas
%
Categorias de Escola Privada
Escola Pública
48.311
20,0%
193.192
80,0%
Particular
4.530
15,8%
24.171
84,2%
Comunitária
33
10,4%
284
89,6%
Confessional
79
14,7%
457
85,3%
Filantrópica
733
13,7%
4.613
86,3%
Fonte: INEP. Microdados Censo Escolar - Docentes, 2012. . Elaboração própria.

Os dez estados que oferecem o maior número de turmas de Sociologia, com professores formados na área, são Rio de Janeiro, Pará, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina e Distrito Federal.
Comparando-se o número de turmas ofertadas em todas as escolas, observa-se que os professores formados em Sociologia ministraram turmas de outras matérias. Segundo os dados do Censo Escolar de 2012, ainda havia mais turmas ofertadas de Estudos Sociais do que de Sociologia.
A defasagem entre o número de turmas da disciplina de Sociologia ofertadas por professores formados na área e não formados na área é maior nas escolas particulares. De maneira geral, sendo, curiosamente, as escolas comunitárias e filantrópicas as que menos contratam professores formados em Sociologia para ministrar a disciplina.
O mercado de trabalho para os sociólogos e professores de Sociologia
Há um potencial grande para a carreira de sociólogo no Brasil, tanto para o bacharel, quanto para o licenciado. Há um ritmo constante de oferta de vagas para pesquisadores com perfil profissional na área, não apenas no setor público, mas também em empresas e organizações não-governamentais. O mercado de trabalho potencial para os licenciados é muito maior do que o número de formados anualmente nas universidades.
Mas ainda há problemas sérios a serem enfrentados. Há o problema de ocupação do campo de trabalho, majoritariamente exercido por profissionais de outras áreas. Há o problema salarial, principalmente para o exercício da docência na rede privada de ensino.
Há também o problema da formação. Em grande parte das universidades, os cursos de Ciências Sociais e Sociologia precisam reestruturar-se para ofertar uma formação direta tanto para o sociólogo profissional, quanto para o professor de Sociologia. São necessárias disciplinas voltadas para o perfil da profissão, como pesquisa não-acadêmica, análise de dados, planejamento, organização de projetos sociais entre outros tópicos. Para o bacharel, o estágio profissional deve ser estruturado e acompanhado de perto por profissionais da área, para que se possa apresentar uma alternativa às barreiras para a entrada do jovem sociólogo no mercado profissional. Mais do que isso, é necessário encarar a formação do sociólogo e do professor de Sociologia no Ensino Médio em pé de igualdade com a formação do professor universitário, muito mais incentivada e valorizada pelo sistema acadêmico de avaliações.


* Ronaldo Baltar é professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: baltar@uel.br

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A Saúde pública em Itabuna. Uma vergonha que ninguém aguenta mais!

O que dizer de um sistema de saúde que já faz muito tempo envergonha e mata o cidadão? 

O que dizer da infeliz constatação de que dinheiro público e instalações públicas vem sendo utilizados em benefício de uma minoria, enquanto o povo sofre com um atendimento de saúde de péssima qualidade? 

O que dizer de pessoas que se colocam como gestores da saúde pública mas que se apropria do que é público, enriquecendo de modo ilícito e fazendo dos aparelhos da saúde municipal seu modo de garantir riquezas. 

É a saúde de Itabuna, que um dia já foi referência na região, hoje é uma calamidade que estranhamente ninguém toma providência; calam-se os gestores, os políticos, o Ministério Público e o povo sofre, agoniza e morre. 

Será que ninguém percebe que há algo errado? Será que ninguém se dá conta de que, o modelo de gestão que vem sendo utilizado é nocivo e que as pessoas que ocupam a função precisam ser banidos do posto? 

Isso precisa ter um fim! 

Neste 8 de Julho, o médico Cristiano Conrado, que trabalha no SAMU, resolveu transformar tudo isso em imagem, veja o que ocorre a anos em Itabuna e a petulância e truculência dos Ettinger, que segundo o médico, o agrediu verbalmente e fisicamente, em uma clara demonstração de sentimento de impunidade, de que podem agir de modo ilegítimo e ficarão impunes. 

Pergunta-se: Até quando o povo itabunense vai continuar passivo diante desta vergonha?! 

Assista o vídeo e tire suas conclusões?

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A ELIMINAÇÃO DO BRASIL E O QUE ESTÁ POR DETRÁS DISSO SEGUNDO ROMÁRIO

Impossível ler uma carta como essa e ficar sem nenhum movimento. O deputado Romário mostra mais uma vez que é um dos principais políticos do Brasil. Escolheu suas bandeiras e trava uma luta sem precedentes em prol de seus ideais. Ousa enfrentar uma instituição que se apropriou de uma paixão nacional, da bandeira, do hino, da alegria e sentimento de um povo, para enriquecimento, ostentação de poder. Nunca antes alguém ousou questionar ou pedir explicações das ações da CBF, Romário foi o único e esse baixinho, que foi um dos melhores jogadores do mundo, está se mostrando um político digno de ser imitado e deve ser reeleito, sem dúvida alguma, para representar o fio de esperança que ainda podemos ter nesse segmento da sociedade - a parte política.

Compartilho aqui a Carta que Romário escreveu sobre a eliminação do Brasil e tudo o que está por detrás disso.

Leia na íntegra a carta publicada por Romário:
Galera,
passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!

Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.

Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.

Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.

Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.

Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!

O meu sentimento é de revolta.

Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol.

Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados, sr. Henrique Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor momento para se instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E agora, presidente, está na hora?

Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo. A arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da assessoria de imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção, como fez o Rodrigo Paiva contra um jogador do Chile Pinilla. Paiva pegou quatro jogos de suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este ato foi muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?

Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!

A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.

E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.

E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias e mais anistia destes débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses vexatórios para salvar os clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem apenas 10% de suas dívidas e investissem 90% restante em formação de atletas. Parece até deboche. Uma soma de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não se sabe ao certo. Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e apresentou uma proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal, parcelamento de dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com obrigações claras para clubes e CBF.

Em resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira de Futebol e o Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial - obrigava a CBF a contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de produtos e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro nos âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria sobre patrocínio, venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da seleção brasileira, vendas de apresentação em amistosos ou torneios para terceiros, bilheterias das partidas amistosas e royalties sobre produtos licenciados. O valor seria destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e jovens de todo o Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à CBF, punição à entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a fiscalização do TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas decisões.

Mas este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados alemães fizeram os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance de moralizar nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da Bancada da CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para algo que amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme Campos (PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente Cândido (PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).

Essa partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no Plenário da Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso futebol?

O futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante, infelizmente, não foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no Maracanã, um templo do futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1 bilhão. Acha que foi porque não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado qualquer outro jogo lá. A resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que escolhe onde o Brasil vai jogar, mas, obviamente, poderia ter tido interferência do Ministério do Esporte e da presidência da República, mas nenhum destes se manifestou. Quem levou com essas escolhas?

Para fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafú, capitão de seleção do pentacampeonato. Cafú foi expulso do vestiário enquanto cumprimentava os jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não honramos a nossa história.

Dilma tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto será o retrato do valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles levarão a taça e nós ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum legado material, porque imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa dificuldade, somos um povo feliz.

Essa será a taça da vergonha.

Romário de Souza Faria - Deputado Federal

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...