sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira


Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcionários com posições importantes em gigantes como Google, Facebook, Pinterest entre outras. Ao sugerir que os indivíduos se desconectem das redes sociais, o fazem assumindo que criaram um veneno social para o qual não há um antídoto e admitem ainda que, somente um milagre para reverter os efeitos nefastos desse veneno e o milagre se chama: engajamento coletivo.

No filme/documentário "O dilema das redes", os especialistas apontam para um mundo presente e futuro completamente dominado pelo que o mercado online deseja, onde a verdade dos fatos ou a mentira tem pouca relevância, na verdade, a falsidade e o engano dão o tom das relações sociais fundamentadas em mecanismos online, tendo em vista que, para uma maioria de desinformados, a verdade não tem graça alguma.

O domínio se dá a partir da interação de cada indivíduo nas redes sociais, o que lê, o que escreve, o que busca, o que vê, o que compra. Baseia-se nos interesses de cada um e então acontece o processo de manipulação, onde você não se pertence, sua liberdade é tirada sorrateiramente e você faz exatamente o que a Inteligência Artificial alí aplicada deseja, com o objetivo de ofertar aos anunciantes de produtos e serviços, certezas de bons negócios.

Quem capitaneia o documentário é Tristan Harris, ex funcionário do Google e um dos nomes mais respeitados da valorizada tecnologia persuasiva. Harris, percebeu, enquanto desenvolvia as ferramentas de persuasão, o quanto as redes sociais são viciantes e como elas conseguem manipular milhares de pessoas e o pior, o quanto esse domínio é perigoso para o tecido social. Assim, tentou, dentro da indústria online, encontrar caminhos para diminuir tal poder, sem sucesso, hoje milita em uma causa que ele assume, é quase impossível e é exatamente de olho nesse "quase" que ele deposita sua esperança.

Desde a eleição de Donald Trump, o mundo viu surgir de modo assustador a capacidade de manipulação das redes sociais. O Brasil experimentou de modo avassalador com a eleição de Bolsonaro. Os engenheiros do Vale do Silício admitem que essas duas eleições e outras mundo à fora, sofreram forte influência dos bilhões de algoritmos desenvolvidos e em pleno vigor nas redes sociais e funciona assim: alguém prepara um discurso mentiroso ou não, e solicita aos administradores das redes, indivíduos que, de alguma maneira, o mais próximo possível, se identifiquem com o discurso, prontamente este banquete é servido, a partir daí, esses milhares de indivíduos são mapeados, rastreados e persuadidos a espalhar aos seus contatos e até militar na defesa da ideia e para isso, não há regras, não há controle do que é compartilhado, se falso ou verdadeiro, importa que a mensagem seja difundida e aceita.

Foi assim com a "ideia terraplanista", foi assim com a ideia do "pizzagate", foi assim na eleição de Trump e ninguém duvida que foi assim na eleição de Bolsonaro aqui no Brasil. Há que se pensar também e com muito temor, no quanto que esse modo de persuasão tem sido brutal com as novas gerações, vítimas fáceis de um sistema que ignora o bem estar das pessoas, a segurança, a liberdade e o desenvolvimento pleno do ser humano.

Estamos vivendo um tempo onde podemos afirmar que a pessoa não possui um celular, mas o celular possui uma pessoa. Não nos enganamos quanto à alienação online que tem destruído vidas, enfraquecido as já fragilizadas democracias, dilacerado relacionamentos, carreiras, projetos.

Quando analisamos os fatos, a ideia de radicalismo para a ordem "Desligue suas redes sociais", cai por terra, uma vez que a obediência a tal ordem é na verdade um prenúncio de libertação. Alguém poderá dizer que há benefícios com as redes, sim, inegavelmente há, aproxima pessoas encurtando distâncias, dá voz aos esquecidos, serviços essenciais são divulgados, mas e os efeitos colaterais? Isso não foi mensurado. Claro que não dá pra pensar em maldade dos criadores, o modelo de capitalização em vigência no mundo é que está equivocado, não pensa nas consequências, somente que fins, o lucro, justificam os processos.

Pois bem, e o que nos resta? A crítica, ela pode equilibrar a batalha. Pergunte sempre se precisa ver aquilo, ler aquilo. Analise a fonte se de fato tem embasamento, valorize a vida, a beleza, a harmonia, o por do sol, o verde das matas, o sorriso de seu filho ou de sua filha, a conversa face a face, desconecte-se um pouco a cada dia, entenda qual é o estritamente necessário e torne-o básico, não o primordial. Há coisas incríveis pra fazer, não entregue seu tempo às mídias sociais, não seja o produto delas para o qual, os variados tipos de empresas e políticos estão dispostos a pagar milhares de dólares. 

Recomendo que veja o filme/documentário "O dilema das redes". Observe como tudo funciona e, se não te surpreender, te dará a certeza de que há vida longe das telas. 


O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...