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O livro
"A Anatomia do Divórcio", escrito de forma inteligente e evocativa, contém reflexões e estados de alma que exprimem, por meio de um olhar fecundo do autor, uma lógica relacional entre imagens postas em papel com um invólucro contemporâneo, diáfano e as vicissitudes do passado, esperanças do presente e do futuro, animadas por interpretações analíticas e construtivas do microcosmo das relações conjugais e de suas crises.
Cada capítulo desenvolve tópicos que abordam o "ciclo vital da família" nos quais são discutidos atitudes e comportamento que às vezes se repetem nos capítulos seguintes. Contudo, mantém-se numa sequência sistematizada e exemplificada de questões de gênero, casamento e emprego feminino, arranjos familiares pelos compromissos e não pelo amor e dos filhos do divórcio, oportunizando uma discussão dos conhecimentos que tínhamos para iniciar um novo aprendizado mais adequado à etapa de vida em que nos encontramos.
Claramente idealizado pelo efeito sistêmico de nossas crises em relação aos institutos família e divórcio, o livro aponta o sentido de valores fundamentais concernentes à igualdade e à dignidade humana, perpassando pelas representações simbólicas sobre o medo do futuro, a posição da mulher no casamento, a luta pelo equilíbrio das contas e dos dias, o sabor da liberdade, a solidão da espera, mostrando-nos que nem sempre qualquer momento é o momento certo para se recomeçar.
Mesmo tratando-se de um obra ficcional, sua intenção explícita é a tese da defesa do núcleo familiar numa sociedade cada vez mais individualista. A tessitura que enleva a narrativa enfatiza a discussão de saber como as gerações mais novas, nesse contexto, serão capazes de produzir uma família que atenda a tantas necessidades e permita tanta liberdade sem a degradação familiar.
Um livro como este, ao buscar conhecimento para fora da academia, certamente, pode nos ajudar. Não somente por causa do seu proverbial otimismo, mesmo pautando-se na antinomia entre o sonho e a realidade que se aloja na ilusão fecunda, mas principalmente porque seu texto nos infunde sensível esperança.
O resultado se mostra muito atraente. Uma abordagem ao mesmo tempo comovente, acessível e introspectiva que pode ser cotejada como nossas próprias experiências, tarefa imensamente facilitada pelos relatos que o autor propicia em cada capítulo. Sem dúvida, somos agraciados com uma nova compreensão das mudanças e transformações que o tempo produz na rotina das relações conjugais.
Dr. Elias Lins Guimarães
Sociólogo, Dr em Educação, Pró-Reitor de Graduação na Universidade Estadual de Santa Cruz - Ilhéus - Bahia - Brasil