sábado, 29 de outubro de 2011

Organizações Protestantes e Responsabilidade Social nas cidades de Itabuna e Ilhéus no Sul da Bahia

Um dos maiores teóricos da Sociologia, Maximillian Weber, ou simplesmente Max Weber, analisou que a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros. Importante salientar que para este teórico só existe ação social, quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais. Assim Weber estabeleceu quatro tipos conceituais de ação social, estas podem explicar a realidade social, apenas isso, mas de fato não são a realidade social, são elas:
1– ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado (as saudações, pedir benção aos pais, festas tradicionais, etc);
2 – ação afetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais (aqui cabem as relações de amizade, de parentesco, etc.);
3 – ação racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade (exemplo: as crenças religiosas, a submissão aos seus dogmas por acreditar em suas promessas de um futuro melhor, etc.);
4 – ação racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.(o político quando pensa em se candidatar, seus objetivos, como e quando espera chegar ao poder, os meios que utiliza para alcançar este objetivo, assim também com os empreendedores comerciais, etc..);
Ao contrário do que pensava outro grande teórico da Sociologia, Emile Durkheim, que acreditava que as regras sociais são exteriores ao indivíduo, ou seja, quando cada um de nós nascemos, a sociedade já existia e portanto as regras já estavam lá, cabendo então aos indivíduos a adequação a cada uma delas. Weber entendia que as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais, ou seja, tomamos parte de tudo que acontece na sociedade a partir das comunicações que fazemos por meios de nossas ações. Podemos mudar algo que está posto, por exemplo, a partir da associação e unificação de ações que fazemos com grupos que querem mudança, isto pode ser visto nas eleições, nos movimentos sociais, na observação detalhada de seguimentos da sociedade, analisando seus fins e discutindo mudanças na maneira como agem, na formação de opinião sobre determinado assunto. Por isso diz-se que Weber é o teórico da moda, pois seus pensamentos caem como luva no mundo moderno.
A partir deste contexto, durante esse ano de 2011, desenvolvemos um trabalho de pesquisa, nas cidades de Itabuna e Ilhéus, denominado: "Organizações protestantes e responsabilidade social". É na verdade um estudo de caso sobre a prática das igrejas protestantes nestas duas importantes cidades do sul da Bahia. A inquietação era a seguinte:
Sendo a sociedade organizada, o principal meio de existência das organizações protestantes, uma vez que sem ela, as mesmas não existiriam, e que também é pelas doações de dízimos e ofertas de parte dessa sociedade que elas se mantém e se desenvolvem a ponto de se tornarem organizações multinacionais, qual a contrapartida ofertada à sociedade por meio de envolvimento nas causas sociais, que sabemos não são poucas? Será que existe um trabalho social desenvolvido pelas igrejas protestantes em nossas cidades que possa por exemplo, se equivaler aos quase 22 milhões de reais arrecadados anualmente por estas instituições em nossas duas cidades? Foi em busca destas respotas que saímos ao campo, sob a orientação do respeitado professor de Sociologia da UESC, Elias Lins Guimarães. O trabalho foi apresentado no XI Congresso Luso Afrobrasileiro de Ciências Sociais, que aconteceu em Salvador no início do mês de agosto, com participação de todos os países de língua portuguesa. O resumo do trabalho, encontra-se no link abaixo, que são os anais do congresso. O trabalho completo e oficial, está à disposição para quem desejar. É só entrar em contato com este blog através de comentários a esta postagem, deixando seu contato, boa leitura a todos.
http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1308356299_ARQUIVO_CONLABtextofinal.pdf

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aula 4 - CBI - Sociologia: os movimentos antiglobalização

Divulgação do Fórum Social
 de Porto Alegre em 2010
Até agora vimos as consequências da globalização para o mundo, essas consequências, as negativas, não ficariam sem serem protestadas, assim, o início do século XXI foi palco para um conjunto de manifestações que possuem várias reivindicações.

A coisa interessante nisto, é que mesmo as manifestações são globais. Vale a máxima, para problemas globais, soluções globais.

Os alvos principais são as reuniões do G-8, da OMC, de fóruns para discussão internacional do capitalismo onde são reunidos representantes de governos.

Em contrapartida a sociedade organizada, alguns setores populares também se unem contra os efeitos da globalização como é o caso do Fórum Social Mundial que já se reuniu 4 vezes em Porto Alegre e uma vez em Mumbai na Índia.

Basicamente lutam contra uma globalização desumana e contra o Estado neoliberal privatizador, que vai colocando todas as empresas governamentais, que inicialmente pertence ao povo nas mãos do setor privado, ou seja, nas mãos dos capitalistas.

Os temas das discussões no Fórum Mundial vão desde a polêmica dos transgênicos (milho, soja, etc), do aquecimento global, dos direitos dos povos pobres, contra a fome no mundo, pelos direitos dos pequenos agricultores, contra a dívida externa dos países pobres, então é um conjunto de manifestações e reivindicações contra a globalização do capital.

Segue agora algumas siglas que lemos e ouvimos quase sempre em jornais, revistas, telejornais. Faz bem saber o que significa cada uma delas:

FMI - Fundo Monetário Internacional - inicialmente com a finalidade de coordenar as relações financeiras entre os países, acabou nas mãos da hegemonia americana quando os EUA passou a liderar o mundo capitalista no pós-guerra.

BM - Banco Mundial - mesma finalidade do FMI.

G-8 - Cúpula dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia - tem a finalidade de discutir questões relativas à globalização.

OMC - Organização Mundial do Comércio - tratam de questões relativas ao comércio entre os grandes grupos empresariais em todo o mundo.

MERCOSUL - Mercado Comum do Sul - união de cinco países sulamericanos (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela).

NAFTA - Tratato de Livre Comércio das Américas - iniciado em 1988, reúne: Canadá, EUA e México.

ALCA - Área de Livre Comércio das Américas - proposta dos EUA de um novo acordo comercial entre as américas do Norte, do Sul e Central. Ainda sem acordo pois a América Latina resiste à sua implementação.

FSM - Fórum Social Mundial - espaço organizado de discussões dos setores populares apoiados por sindicatos, ongs, governos populares, associações profissionais e que discutem propostas diferente das feitas pelo G8.

Ainda essa semana, no complemento da aula 4, uma postagem sobre Ideologia. Porque agimos desta ou daquela maneira? Porque nos vestimos desse ou daquele modo? Qual a função da mídia? 

Referência: PICANÇO, Kátia apud Sociologia/vários autores. Curitiba: SEED,2006.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Aula 3 - CBI - Sociologia - A organização do trabalho

Linha de produção da Volkswagen - uma ideia fordista
Dois personagens da indústria mundial influenciaram a organização do trabalho nos anos pós guerra, estes foram: Henry Ford e Frederick Taylor.

O primeiro era dono da fábrica americana que leva seu nome e o segundo, engenheiro da fábrica Midvale Steel Company. Eles foram responsáveis por estabelecerem medidas para controlar os trabalhadores no cotidiano da fábrica.

O fordismo, como ficou conhecido a proposta de Henry Ford, baseava-se na premissa de que "(...) para consumo em massa, uma produção em massa (...)". A ideia era evitar o desperdício de tempo do operário (maximizar o tempo) na execução das tarefas e para isso o trabalho deveria ser repartido em várias funções e o trabalhador executaria apenas uma dessas funções.

Aí surgiu a linha de montagem, que consistia em uma esteira rolante, na qual os objetos vão sendo produzidos na medida em que os trabalhadores executam suas funções específicas, um ao lado do outro. Algo importante proposto por Ford para que não houvesse interrupção na produção foi a padronização das peças, ou seja, a produção em série. Como os modelos de carros iguais que temos hoje.

Frederick Taylor por sua vez, trouxe a proposta conhecida como taylorismo e baseava-se nas seguintes questões:

1. Separação entre quem planeja a atividade de produção de um objeto e quem de fato vai executá-la.

2. Processo de seleção de operários adequados para o trabalho e que não tenha perfil rebelde, que não sejam questionadores das regras do trabalho a ser executado.

3. Controle sobre o tempo e sobre o movimento que o trabalhador leva para executar uma atividade. Este controle deve ser exercido pela chefia através de um cronômetro.

E foi no pós guerra, ou seja, depois da Segunda Guerra Mundial que este sistema de produção foi disseminado pelo mundo e até seguido por fábricas rivais da Ford como a GM (General Motors) dona da marca Chevrolet e a Chysler, fabricante de carros de luxo.

Os anos 1970 foram marcados pela crise do petróleo que atingiu seu auge em 1973,  e isto impulsionou a crise de superprodução - o grande volume de capital empregado para a produção sem o retorno esperado - o que levou às mudanças na forma de organização da produção e, principalmente, na intensificação do processo de globalização da economia e essas mudanças implicaram no reordenamento das funções cotidianas nas fábricas, na utilização de novas tecnologias.

Surge então com força total a robótica na linha de produção, as máquinas automatizadas que cada vez mais foram substituindo a mão de obra humana. E olha só, a indústria automobilística foi a primeira a passar por essas mudanças, por qual motivo?

Observem que na organização fordista como não podia ser diferente, a mudança de produção ocorreu primeiro nas fábricas de automóveis e logo depois chega a toda sociedade. A explicação é simples.

Imagine quantos produtos e serviços estão atrelados à produção de um automóvel, você já parou para pensar nisto? Borracha, plásticos, tecidos, ferro, eletricidade, madeira, rodovias, combustíveis, postos de gasolina e todos os serviços que esses produtos estão diretamente ligados, isto atinge a produção industrial como um todo, com amplitude em todas as esferas da sociedade.

Foram mudanças importantes que possibilitaram uma forma de produção mais enxuta, que obedecia o que a demanda pedia, ou seja, o que se necessitava no mercado.

Além do fordismo, do taylorismo, nos anos 1950; surgiu no Japão, mais precisamente na fábrica japonesa Toyota, o toyotismo, que diferencia do fordismo em alguns aspectos, como:

1. Enquanto o fordismo fabricava em massa, no toyotismo a produção obedecia essencialmente a demanda, na medida em que existe procura por um determinado modelo de automóvel;

2. Chega a vez do funcionário "curinga" aquele que exerce várias funções no processo produtivo;

3. Diferente do fordismo que produzia apenas um modelo de automóvel, no toyotismo vários modelos eram produzidos na mesma fábrica.

Percebe-se então, que uma das principais finalidades na utilização de máquinas, na existência de funcionários que desempenham mais de uma função é a diminuição de contratação com carteira assinada, isso aumenta o lucro dos capitalistas, mas também aumenta o desemprego, causando um grande problema social.

Nesse ponto, entra a figura do Estado para controlar, fiscalizar as ações das grandes empresas capitalistas, se este não cumpre seu dever e prioriza os interesses das companhias mercantilistas, o cidadão acaba sendo o grande prejudicado.

É preciso ter em mente que quase sempre o Estado é administrado por pessoas que representam os interesses dominantes. E os cidadãos precisam exercer o direito de denunciar aquilo que não está de acordo com seus direitos, e mais do que isso, a convicção de que tem o direito de mudar através do voto, o que esteja errado na política. Assim, entenda que o Estado não é uma entidade que está acima dos interesses do cidadão.

Falamos da importância do Estado neoliberal para os capitalistas. Mas porque é importante para os novos modelos de produção citados acima, que os países abrissem suas fronteiras, através da diminuição e até isenção de impostos?

Primeiro é preciso entender quais são as características de um Estado neoliberal: liberado de questões sociais e coletivistas pois consideram que são onerosos aos cofres públicos, fronteiras comerciais liberadas de taxas para facilitar as relações comerciais internacionais, emissão de moeda controlada, mudar leis trabalhistas, previdenciárias, impostos, propriedade intelectual e até as relações com o movimento sindical, modificações estas chamadas de Reforma do Estado.

Mas galera, prestem bastante atenção neste texto final desta lição, não podemos ficar com raiva do que é estrangeiro e começarmos a praticar atos preconceituosos contra os estrangeiros, ações conhecidas como xenofobia.

Mas é preciso olhar para a globalização e o neoliberalismo com certa criticidade. É preciso ter em mente que os trabalhadores e as populações mais carentes em todo o mundo sofrem consequências terríveis por conta de medidas como as que foram descritas acima.

Não podemos ficar, enquanto seres pensantes, à parte de tudo isso, e quando formos desafiados, emitir nossa opinião e mesmo agir em prol de medidas mais justas, mais humanas.

Não esquecendo das milhares de pessoas que vivem à margem de todo esse império construído por uma minoria e que por incrível que pareça, ainda tem a proteção de quem deveria existir apenas para implementar medidas justas que beneficiem a maioria - o Estado.

Referência: Sociologia/vários autores- Curitiba: SEED-PR, 2006.

Abraço a todos!
Bons Estudos!
Professor Maik
Sociologia

O BRUTAL E DESUMANO UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS - Por Maik Oliveira

Desligue suas redes sociais! A frase pode parecer de um rigor extremo, mas é o que sugerem importantes nomes do Vale do Silício, ex funcioná...